O jornalista Vladmir Herzog, membro do Partido Comunista Brasileiro (PCB), atuou politicamente no movimento contra a ditadura. Ele foi assassinado em 1975, após ser preso pelo II Exército, ao prestar depoimento sobre as ligações com o PCB. No dia 25 de outubro, o Serviço Nacional de Informações foi informado que o jornalista havia cometido suicídio na prisão. Entretanto, a foto divulgada mostrava Vladmir com os pés tocando o chão, situação que torna o enforcamento impossível. Cildo Meireles, no mesmo ano, criou uma forma de denunciar o assassinato do jornalista com a obra “Inserções em circuitos ideológicos: projeto cédula”. O artista aproveitou a circulação das notas de cruzeiro (moeda da época), carimbando-as com a pergunta “Quem matou Herzog?”.
A vereadora Marielle Franco, do Partido Socialismo e Liberdade (PSOL), atuava politicamente pelos direitos das mulheres e das minorias, enquanto mulher, negra, lésbica, mãe e nascida na favela da Maré. Ela foi assassinada à queima roupa, no dia 14 de Março de 2018. Os treze tiros direcionados ao carro que transportava Marielle não deixou dúvidas: ela foi perseguida e morta pelo que representava, por suas visões e ações políticas. Como forma de intervenções urbanas, várias artes foram feitas para denunciar seu assassinato, sem culpados até o presente momento (abril de 2018). O lambe-lambe “Quem matou Marielle?” é uma referência à obra de Cildo Meireles e reflete a semelhança entre duas pessoas que em momentos históricos-sociais diferentes foram mortas lutando por seus ideais.
O complexo de favelas da Maré, lugar onde a vereadora nasceu, é palco dos principais confrontos entre polícia e facções e entre as próprias facções locais. Em 2017, um protesto foi organizado pelo fórum “Basta de Violência! Outra Maré é Possível”, onde moradores e artistas saíram caminhando pelas principais vias da comunidade. A fotógrafa Rosilene Miliotti, registrou a intervenção feita durante o ato, onde flores artificiais foram colocadas nos buracos de imóveis baleados.
Em 1970, o artista Artur Barrio na mostra “Do corpo à terra”, lança trouxas de carne ensanguentada e ossos em um rio de Belo Horizonte. Documentada em fotografias, a ação de cunho político denunciava os assassinatos relacionadas à ditadura militar e aos grupos de extermínio. Essas artes surgiram a partir de um contexto de instabilidade, os quais nem sempre são identificados à primeira vista pela sociedade, mas que a partir das intervenções artísticas começam a ter notoriedade.