A questão dos brasileiros “estrangeiros” no futebol

É evidente que o Brasil sempre teve grandes nomes em suas seleções de futebol, e provavelmente continuará a ter no futuro, porém outro fenômeno que nota-se na história nacional é a da presença de diversos jogadores, originalmente brasileiros, que acabam por “mudar de lado” e decidem defender outras seleções de futebol através dos diversos processos de naturalização existentes, fenômeno esse que pareceu se intensificar num passado recente. Hoje vemos uma boa quantidade de profissionais, antes brasileiros, que se naturalizaram e agora defendem seleções diversas pelo globo, desde as escolas mais modestas, como China e Japão, quanto as mais tradicionais no esporte, como Espanha e Itália. Esses casos já se tornaram comuns, vemos atualmente jogadores como Jorginho e Tolói, peças importantes do time da Itália que caso não tivessem optado pela naturalização Italiana, poderiam estar defendendo as cores tupiniquins, assim também como outros diversos jogadores através da história, a exemplo de Deco e Pepe (Portugal), Diego Costa (Espanha), Túlio Tanaka (Japão), e muitos outros.

Jorginho campeão com a Itália da Euro2020

Todo esse contexto ocorre por diversos motivos e varia-se de caso pra caso, porém para entender de maneira geral porque isso ocorre mais no Brasil, elencamos dois motivos: a saída precoce dos jogadores do país e a falta de acompanhamento e oportunidades que muitos jogadores que atuam no exterior acabam enfrentando pela seleção brasileira.

A respeito do primeiro motivo, entende-se que, muitos jogadores brasileiros acabam saindo muito cedo do Brasil, às vezes nem chegando a jogar profissionalmente nos campos nacionais, atraídos muitas vezes pelo dinheiro, pelos grandes clubes estrangeiros ou pela maior infraestrutura proporcionada na Europa, por exemplo. O fato é, diversos jogadores jovens saem do país e acabam consequentemente por se tornarem “desconhecidos”, sem conexões com os torcedores Brasileiros e o país de onde vieram, criando carreiras e laços em outros lugares, se distanciando de seu país de origem.

O segundo motivo muitas vezes está ligado com o primeiro, esses jogadores que por ventura vêm a se destacar fora do país acabam não recebendo a mesma mídia e atenção que outros, já conhecidos pelo público, obtém. Qual brasileiro conhecia Roberto Firmino, Raphinha, Allan na primeira vez que foram convocados? Garanto que a minoria do público. Isso dificulta na hora de receberem convocações e entrarem no radar daqueles que comandam a seleção, talvez não devesse ser dessa forma, mas de uma forma ou de outra acaba acontecendo, principalmente se esses comandantes não forem profissionais antenados com tudo que ocorre no mundo do futebol, coisa que já aconteceu diversas vezes.

Existem outros motivos é claro, alguns jogadores percebem que não receberão chances na seleção por não apresentarem o nível e a qualidade suficiente pra defender a “amarelinha”, e optam por defender equipes nacionais mais fracas, ou decidem jogar por outra bandeira por questões pessoais, porém o fato é, muitos jogadores brasileiros deixam a pátria para defenderem outras nações, e quem sai perdendo é o Brasil.

Esse cenário ainda existe nos dias de hoje, porém felizmente o contexto parece ter melhorado para o lado Brasileiro, graças a uma a uma comissão técnica competente na seleção, que apresenta boa conexão com a realidade do futebol mundial que se mantém ligada as ultimas tendências mundiais, como a internacionalização dos jovens e os destaques que aparecem pelo mundo afora, sempre dando chances a esses jogadores e já os garantindo como Brasileiros “para sempre”, tendo em vista que após apenas uma partida jogada pela seleção profissional nacional, o jogador não pode mais atuar por nenhuma outra. Essa competência aliada a mídia brasileira que a passos curtos começa a se internacionalizar e cobrir não só o Brasil, mas o resto do mundo também e gerar mídia de mercados internacionais e alternativos, ajudam a explicar a melhora recente do panorama brasileiro, com melhor aproveitamento dos jogadores internacionais, fortalecendo o leque de bons jogadores a disposição da seleção e evitando de fortalecer as rivais, é esperar que esse cenário continue dessa forma, os problemas já sabemos, assim como as soluções, agora é questão de aplicá-las.

Raphinha em ação pela seleção Brasileira contra o Uruguai pelas eliminatórias

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