Autor: Carolina Souza Louback
Período: 2018-2
Orientador: Rennan Lanna Martins Mafra
Resumo: Neste trabalho, procuramos investigar a potência política do Instagram na constituição de um mundo comum aberto às diferenças. Nesse sentido, o seu principal argumento é de que essa potência política se dá a partir de performances de gênero por meio da ação, do discurso e de suas aparições que buscam construir um mundo vivível para si junto com os outros. Dessa maneira, nosso objetivo é observar como o espaço comum se atualiza pelas/nas diferenças por meio de experiências sensíveis em comunidades de partilha que reivindicam um horizonte democrático à vida comum. Para isso, utilizamos, como referências conceituais principais, os autores Jacques Rancière, Hannah Arendt e Judith Butler. As perspectivas desses estudiosos foram fundamentais para reconhecermos o lugar da política, das diferenças e do gênero. Em relação às nossas escolhas metodológicas, nos embasamos na proposta das derivas cartográficas, inspirados nos direcionamentos de José Luiz Braga, Vera França e César Guimarães. Desse modo, pudemos realizar a nossa análise durante um período de afetação (entre 27 de setembro e 11 de outubro de 2018) no qual foi preciso incluir o pesquisador no espaço de deriva de modo a sentir e a narrar a irrupção de um mundo comum reivindicado pelas diferenças. Como principal resultado dessa investigação científica na rede social Instagram, evidencia-se que o espaço comum, em um contexto democrático, é sempre um vir-a-ser. Desse modo, ao mesmo tempo em que fomos atravessados por violências que buscam controlar o comum e renegar as diferenças, nos deparamos com performances de respiro e de liberdade. Portanto, o espaço comum é o resultado de um embate entre uma diferença que quer se tornar comum e uma ameaça velada ou explícita que busca enclausurar o comum. Ainda assim, principalmente diante da dualidade “antipetismo” e “antifascismo” que emergiu durante as performances evidenciadas no nosso período de análise, pudemos compreender a maneira com a qual, em contextos não democráticos, o comum não se desenvolve nesse jogo de tensões. Nesse caso, o comum se torna algo institucionalizado por um grupo dominante e que, por consequência, se respalda por uma verdade absoluta que resulta em violências institucionalizadas às diferenças.
Palavras-chave: Espaço comum; Estética; Diferença; Performance e Instagram.