Recomendamos o uso de fones de ouvido para desfrutar com qualidade máxima de toda a experiência a seguir.
Espaços a céu aberto afastados da cidade, poeira no ar, chão de terra batida, música eletrônica ecoando de grandes caixas de som, tendas coloridas se movendo ao vento. Pessoas dançando concentradas de olhos fechados, sorrisos sinceros, amigos se abraçando, e palcos decorados por artesanatos materializados em formas geométricas vibrantes. Este é apenas mais um final de semana no solo sagrado dos amantes do Psytrance.
Goa Gil, um dos mestres fundadores e precursores do Psytrance, utiliza o seguinte conceito para descrever o gênero musical:
Para entender o conceito que define a essência da expressão artística do mago das batidas eletrônicas, responsável pelos alicerces originários do Psytrance, faremos uma viagem no tempo até as origens de nossa evolução, quando nossos ancestrais passavam grande parte do seu tempo ao redor de fogueiras, tentando amenizar o frio que tomava conta das noites.
Não se sabe ao certo quando, onde e como surgiu a música, mas sabemos que os nossos ancestrais tinham uma relação muito próxima com as expressões artísticas. Fato evidenciado por registros históricos de pinturas, cerâmicas, e até mesmo do primeiro instrumento musical, uma Flauta rudimentar, com mais de 45 mil anos de idade, encontrada na Eslovénia. Porém, somente registros materiais como estes são capazes de sobreviver à intensa e incontrolável ação do tempo, enquanto as riquezas culturais imateriais das civilizações antigas desapareceram como grãos de areia ao vento.
Em seu livro, Música Breve História, o maestro brasileiro Edson Frederico compartilha com o leitor uma retomada histórica às origens da música. O maestro aponta que o ritmo antecedeu o som, e o som antecedeu a música. Pois primeiro o homem primitivo aprendeu a noção de compasso, com atividades simples do dia a dia como andar, correr, e outras tarefas que envolviam movimentos repetitivos. Depois, por meio da observação, o homem aprendeu a reproduzir os sons da natureza como o som dos animais, da água, da força do vento sobre a vegetação, e de outros elementos à sua volta.
Edson estabelece que o embrião da música nasceu de experiências vocais e sensoriais. Sensorial porque a partir de sensações e emoções, o sistema muscular do corpo humano se demonstrou capaz de produzir estímulos que possibilitaram ao homem primitivo entender e aprender como utilizar sua voz como instrumento. A partir desses estímulos, a voz surgiu como um gesto para nossos ancestrais, que por meio de suas exclamações e observações, deram vida à arte musical em sua forma mais pura e singela.
A linguagem humana passou por diversas etapas durante sua evolução, desde movimentos mímicos até diferentes tipos de fonação.
Foi esta transformação e florescimento dos gestos expressivos que permitiu ao homem primitivo exteriorizar suas emoções, transformando seus gritos em melodia, e suas sensações em expressões. Após a descoberta de seu dom vocal, o humano primitivo foi também perdendo o contato diário com os animais, e então começou a perceber sutis diferenças entre os sons. Descobriu a magia por trás da entonação, a energia presente na intensidade, no volume e na força de seus gestos. Apesar de não ter conhecido a música, nesse momento o homem primitivo conheceu as notas musicais, mesmo sem saber como utilizá-las.
Depois de aprender a utilizar sua poderosa ferramenta vocal, a partir de experimentações o homem primitivo percebeu que o seu corpo era capaz de reproduzir sons de múltiplas formas. Utilizando as mãos, os braços e as pernas, ele começou a produzir música corporal rítmica. Estalando os dedos, batendo palmas, e batendo os pés no chão, ele foi aos poucos se entregando ao poder das vibrações. Experimentando seus recursos e utilizando o ambiente ao seu redor, o homem desenvolveu novas habilidades que o fizeram perceber como os sons que reproduzia eram capazes de criar novos ritmos e modificar o clima à sua volta. Então, paus, pedras e ossos também se tornaram instrumentos utilizados para fazer percussão nesse tipo rudimentar de música.
Os primitivos acreditavam que os instrumentos possuíam alma e carregavam poderes místicos. Assim, com o passar do tempo, os instrumentos de trabalho começaram a fazer parte do culto, e em seguida se tornaram instrumentos musicais. O arco de madeira que era utilizado para arar a terra, foi incorporado aos rituais como objeto sagrado, e em seguida foi transformado na Lira. O recipiente que antes servia para coletar e armazenar começou a ser utilizado em sacrifícios, até ser convertido em tambor.
Seguindo a lógica das propriedades místicas que os primitivos acreditavam que esses instrumentos possuíam, o tambor tocado nas cerimônias, era utilizado como uma arma para acalmar a ira de inimigos superiores. O canto também adquiriu poderes cabalísticos, e ficou conhecido como “canto mágico”. Este canto era entoado pelos membros da tribo em diversas situações, e era passado de geração em geração pelo Mago. O mago era aquele que através de suas habilidades conseguia decorar e ensinar para seus companheiros como cantar para diferentes situações como conflitos de guerra, para paz, e para mudanças climáticas como o raiar do sol e o cessar de tempos chuvosos. O “canto mágico” é retratado em lendas na mitologia dos persas, egípcios, e dos escandinavos, como uma poderosa arma capaz de curar, acalmar e até mesmo salvar vidas.
À medida que a linguagem humana evoluiu o homem desenvolveu a escrita, e desse período em diante começaram a surgir registros de canções das civilizações letradas. Mas como dito anteriormente, somente os registros materiais escritos dessas canções foram capazes de sobreviver à ação do tempo, enquanto as melodias e rítmos que integravam essas músicas desapareceram completamente.
Assim como a música, a dança também era parte crucial dos mais diversos tipos de rituais, tanto na cultura dos homens primitivos quanto nas civilizações mais avançadas. Na cultura escandinava, por exemplo, as tribos organizavam festas para cultuar os totens, monumentos sagrados de sua cultura. Esses rituais eram regados a danças coreografadas ao som de tambores e cantos guturais de estrofes curtas, que eram repetidos à exaustão durante vários dias.
Já na Grécia antiga, as pessoas utilizavam a música e a dança para homenagear Dionísio, deus grego do vinho, das festas, da alegria e do teatro. Segundo Homero, poeta grego considerado fundador da poesia épica, a dança foi ensinada aos mortais pelos seus deuses, para que os homens pudessem honrá-los e alegrá-los. Além de suas funções líricas e religiosas a dança também possuía funções práticas no cotidiano dos gregos. Sendo utilizada para a produção de uma catarse da sociedade, aliviando e até mesmo cessando conflitos e desentendimentos entre seus membros.
Em diferentes culturas e civilizações, a música desenvolvida a partir das experimentações, em conjunto com a dança era utilizada como um ato sagrado e simbolizava a conexão entre os mortais e suas divindades, sendo manifestada nas mais diferentes situações e cerimônias como nascimentos, casamentos, mortes, guerras e colheitas.
Mais do que uma vertente da EDM (Electronic Dance Music), popularmente conhecida como música eletrônica, o Psytrance é uma celebração de diversidade cultural. Desenvolvido a partir de experimentações rítmicas semelhantes as que deram origem a música, o gênero se tornou uma experiência sensorial de estímulos sonoros e visuais, conectando o cenário da música eletrônica com a natureza para proporcionar ao seu público celebrações únicas.
Seguindo os padrões da EDM, a vertente tem foco nas apresentações ao vivo, celebrações compartilhadas entre os amantes da música eletrônica psicodélica. Combinando múltiplas referências culturais, com diferentes texturas e atmosferas sonoras, a música que é majoritariamente instrumental, pode soar como uma experimentação sonora de infinitas interpretações e possibilidades. Um estilo musical energético e estimulante sustentado por uma pluralidade cultural encantadora, capaz de conduzir sensações e emoções memoráveis aos adeptos da música eletrônica.
Tecnicamente falando, o gênero se aproxima da música ritualísta por suas batidas repetitivas e melodias envolventes capazes de estimular efeitos neurológicos. Para os amantes da música eletrônica e os adeptos da música psicodélica, o Psychedelic Trance pode ser uma viagem transcendental (como já diz o próprio nome) incomparável a qualquer outro tipo de estilo e ou celebração musical.
Ao contrário de outros gêneros musicais que estamos acostumados a escutar, o Psy-Trance é consideravelmente mais rápido, contendo um número elevado de batidas por minuto (BPM) além de grooves e melodias hipnóticas.
Caso tenha curiosidade para saber o BPM das músicas que você escuta no dia a dia, clicando aqui você pode conferir o número de batidas por minuto de qualquer música.
Por meio da música, o Psytrance é capaz de conectar seu ouvinte com uma releitura das expressões musicais praticadas pelos nossos ancestrais em seus rituais e cerimônias. Por meio da dança é possível experienciar sensações e emoções ligadas a um estado alterado de consciência capaz de nos desligar de pensamentos racionais que estão constantemente no foco de nossas mentes.
Em entrevista ao documentário perdido sobre a história da TIP Records (um dos selos musicais mais antigos do gênero) Ronald Rothfield, mais conhecido como Raja Ram, um dos pais e mestres do Psy-Trance, afirma que a partir do momento em que nos conectamos com a dança, esquecemos nossos nomes, personalidades, status e empregos. Nos desapegamos momentaneamente do futuro, do passado e nos envolvemos inteiramente com o agora. Infelizmente, devido a um problema técnico que corrompeu os arquivos, restaram apenas alguns trechos desse documentário. Abaixo você pode conferir um desses trechos e sentir a magia presente na fala de um dos nomes mais importantes da história do Psytrance.
Outra peça de extrema importância no desenvolvimento das bases fundadoras do Psytrance, DJ Chicago, parceiro musical de longa data de Raja Ram, que hoje, com 62 anos é um dos DJ’s mais antigos da cena, compartilha sua visão sobre o gênero em uma entrevista ao mini documentário “Psytrance: A Way of Life”, dizendo: “A música trance vem de uma época antiga, de quando os homens da caverna dançavam ao redor de fogueiras durante a noite, enquanto faziam percussão com ossos, sob a luz da lua e das estrelas, isso é a música trance. E hoje, agora no século XXI nós continuamos fazendo o mesmo. E a ideia é que se você dança a este tipo específico de música psicodélica, de BPM’s acelerados […] por um período de tempo, você pode atingir um estado de transe. As vezes você pode atingir uma experiência transcendental capaz de te tirar do seu corpo […] “
Em outro trecho de sua fala ele diz: “É uma magia especial que não conseguimos alcançar de outra maneira. Quando você quer dançar e ficar embriagado de dança e música, o Psytrance te leva a um lugar especial que nada mais consegue. Toca o meu coração e minha alma, faz com que eu me sinta embriagado, feliz e espiritual.”
Clicando no nome do documentário acima, destacado em verde, você pode conferir relatos de alguns dos produtores mais influentes do gênero como Ajja, DJ Chicago, Raja Ram e outros, sobre a magia do Psychedelic Trance.
Para entender como essa música acelerada de batidas repetitivas e melodias hipnóticas conquistou espaço na cena da música eletrônica mundial e originou alguns dos maiores festivais de arte e cultura do mundo precisamos fazer mais uma viagem no tempo. Voltando até um dos festivais mais marcantes da história da música.
No ano de 1969 uma fazenda próxima à cidade de Bethel, situada no estado de Nova York, nos Estados Unidos recebeu aproximadamente 400 mil visitantes, e atraiu a atenção de grande parte do mundo. Com shows icônicos de Jimi Hendrix, Janis Joplin, Santana, The Who e mais uma grande lista de músicos, artistas e bandas revolucionárias, o Woodstock Music & Art Fair foi uma das maiores celebrações musicais da história.
Revolucionando todo o cenário da música psicodélica, rock n’ roll, e folk, o Woodstock ressignificou o conceito por trás dos festivais musicais, influenciando o comportamentos e o gosto musical de uma imensa geração de jovens mentes no final da década de 60 e início da década de 70. Símbolo da contracultura e do movimento Hippie, o festival é um marco sociohistórico que se tornou referência primordial para todos os festivais musicais a céu aberto realizados após 1969.
Durante “3 dias de paz e música“, jovens entusiastas da ideologia Hippie, presenciaram uma celebração de arte e cultura nunca mais vista na mesma proporção. Mantendo um forte legado mesmo depois do fim do movimento que deu vida ao festival.
Nos anos 70, quando o movimento Hippie foi aos poucos perdendo sua força, muitos jovens pertencentes a essa comunidade decidiram viajar pelo mundo em busca de aventuras, autoconhecimento, e experimentações culturais. Nessas rotas de viagens traçadas pelos jovens hippies, um país que atraía bastante atenção era a Índia. Um lugar de belas paisagens, riquezas naturais, além de tradições culturais milenares.
No território indiano, um local que se destacava por unanimidade entre esse grupo de viajantes era o estado de Goa. Diferentemente dos outros estados do país, Goa tinha já na época uma grande tolerância religiosa, uma imensa diversidade cultural, e uma grande receptividade com estrangeiros, além é claro, do baixo custo de vida e um belíssimo litoral. Por esses motivos, as praias de Anjuna, Vagator, e Calangute em Goa, viraram ponto de encontro anual desses jovens, que viajavam para a Índia todos os anos durante o inverno para fugir do frio de suas terras natais, encontrar os amigos e se divertir à beira do mar.
É de se imaginar que grande parte desses jovens participaram de Woodstock, logo estavam sedentos por qualquer celebração musical que remetesse a energia e a atmosfera vivenciada naquela fazenda no estado de Nova York. Assim, aproveitando das paisagens paradisíacas de Goa, algumas pessoas começaram a frequentar e organizar luaus e festas repletas de liberdade e muita música – e o mais importante de tudo – sem hora para acabar. Preenchendo as principais praias de Goa com cores vivas, um espírito jovem, amor e liberdade, estas festas ficaram conhecidas como Full Moon Parties.
Um desses jovens hippies que chegou até Goa, se chama Gilbert Levey. Na época com 18 anos, Gilbert partiu em uma viagem pelo mundo em busca de autoconhecimento e iluminação espiritual. Com grande interesse na prática milenar da yoga, ao viajar para a Índia decidiu se estabelecer lá. Viajou por muito tempo visitando templos antigos, acompanhando Sadhus e Babas ( ascetas andarilhos praticantes da yoga que abdicam de bens materiais e dedicam suas vidas para a busca espiritual). Após viajar por um tempo, Gilbert acabou virando discípulo de um sábio e conhecido Baba, e então recebeu sua iniciação espiritual.
Músico desde muito novo, através da iluminação espiritual, Gilbert percebeu que poderia utilizar suas habilidades musicais como um canal para transcender seu espírito e expressar sua conexão com o cosmos. Nessa época era o início das Full Moon Parties anteriormente mencionadas, onde as pessoas se reuniam ao redor de fogueiras à beira da praia e a luz do luar.
A trilha sonora era tocada por violões, flautas e instrumentos de percussão. Tocando ao redor dessas fogueiras foi onde Gilbert percebeu o poder que a música tinha de elevar a consciência das pessoas e aproximá-las do autoconhecimento e reflexão.
Aos poucos as Full Moon Parties foram evoluindo e com o passar do tempo a estrutura dessas festas foi ficando cada vez maior, com grandes caixas de som e bandas completas tocando rock, reggae e outros estilos musicais que tinham a paz, o amor e a psicodelia como seus ideais. Segundo Gilbert naquele tempo haviam aproximadamente 5 bandas de rock em Goa, e ele tocava em 3 delas, participando ativamente do cenário musical que começava a ganhar forma no litoral Indiano. A partir deste momento ele ficou conhecido como o Gil de Goa ou simplesmente Goa Gil.
Após algum tempo tocando nessas festas, através de amigos Gil teve contato com um novo som underground (desconhecido na indústria da música popular) feito na europa, diferente de tudo que já havia escutada e tocado. Conhecido na época como wave music, esse som era produzido com sintetizadores e baterias eletrônicas em um ritmo consideravelmente mais rápido do que as músicas que tocavam nas praias de Goa.
Como um grande entusiasta da música, Gilbert ficou impressionado com as possibilidades que aquele novo som eletrônico oferecia na hora de misturar diferentes sons, ritmos e gêneros musicais. Logo, buscando desenvolver algo diferente do havia fazendo há anos ele decidiu compartilhar a novidade musical com o seu público.
Nessa época ele já tocava em algumas festas como DJ, então decidiu incorporar um pouco daquele novo som em suas apresentações, mas quando adicionou as músicas eletrônicas ao seu repertório sentiu resistência por parte das pessoas, principalmente dos organizadores das festas que pediam que ele voltasse a tocar as músicas que tocava anteriormente. Segundo Gil, muitas pessoas se incomodaram com essa transição entre as apresentações das bandas e as músicas eletrônicas, principalmente os nativos que chamavam aquelas músicas de sons de metralhadora. Esse momento foi um divisor de águas para ele, que acabou perdendo amizades, e o respeito daqueles que não gostaram do caminho que ele estava disposto a seguir.
Saturado daquele cenário musical que servia aos caprichos de um público saudosista que não se cansava de ouvir sempre o mesmo repertório musical, Gil decidiu iniciar uma jornada em busca do santo Graal da música. Se desfez de toda sua antiga coleção musical e começou a colecionar fitas daquele novo e excitante tipo de música eletrônica. Aproximadamente em 86, Goa Gil tocou pela primeira vez durante uma noite inteira utilizando apenas músicas eletrônicas em seu repertório.
Trocando conhecimentos sobre aquele tipo de som com um prestigiado e humilde músico francês que também frequentava Goa na época, chamado Laurent Garnier, Gil decidiu aplicar em sua música conceitos que absorveu do livro The Glass Bead Game (O Jogo das Contas de Vidro) de Hermann Hesse. Gil se empenhou em aprender a utilizar sons para construir uma narrativa musical profunda de diversas camadas. Assim, criou o conceito utilizado por ele até os dias atuais em sua expressão artística. Atualmente com 71 anos, ele descreve sua expressão musical por meio do Psytrance como:
Unindo o universo da música livre e psicodélica com o universo inovador da música eletrônica. Desde o primeiro momento, o objetivo de Gil era contar uma história por meio da música, juntando diferentes peças de um grande quebra-cabeça para montar uma narrativa que colocava o público como protagonista em uma viagem por diferentes mundos e perspectivas, rumo a um estado elevado de suas próprias consciências.
Através das habilidades musicais de Goa Gil, Laurent Garnier, Frank Madsen (Koxbox), Raja Ram, DJ Chicago e outros artistas revolucionários que aprenderam a se comunicar utilizando a música eletrônica, nascia um organismo vivo, pulsante e inovador.
A partir do momento em que o público começou a se conectar com a música eletrônica no litoral de Goa, os DJ’s e produtores musicais começaram a misturar diferentes tipos de sons, produzindo mixagens com sonoridades singulares. Enquanto isso, há mais de 6.000 km de distância do litoral indiano, na Europa a EDM (Electronic Dance Music) passava por uma efervescência de ritmos e criações que mais tarde resultaria em diferentes vertentes com marcantes características próprias.
Tanto em Goa, quanto na Alemanha, Ibiza, ou no Reino Unido, as batidas e melodias ecoavam das caixas de som, colocando todo o público para dançar até o amanhecer, porém era nos estúdios que os produtores musicais passavam incontáveis horas produzindo músicas através de uma alquimia sonora tecnológica.
Um dos países que funcionou como uma base sólida e um terreno fértil para o desenvolvimento da música eletrônica foi a Alemanha. De lá saíram alguns dos artistas que cultivaram e deram vida a algumas das vertentes mais populares da EDM, como o Techno, que floresceu através das habilidades musicais de Sven Väth (considerado o pai do Techno) e seus amigos Matthias Hoffmann e Heinz Roth, que juntos fundaram duas das maiores e mais prestigiosas gravadoras do gênero, a Eye Q Records e a HartHouse Records.
O cenário musical Europeu foi fortemente impactado pela música eletrônica no final da década de 80, e como consequência desse fenômeno a década de 90 ficou marcada como o boom das festas rave que aconteciam em locais inusitados e atraiam uma quantidade impressionante de jovens amantes das batidas eletrônicas. Foi um período tão marcante que acabou influenciando o estilo de vida de diferentes gerações e fazendo com que aquelas festas se tornassem um símbolo moderno e tecnológico da contracultura.
A seguir você confere alguns registros dessa era de ouro das festas rave na cena musical de Berlin pelas lentes do fotógrafo Zeitmaschine, que esteve presente em praticamente todas as festas do gênero nos anos 90.
Essa efervescência das festas rave, em conjunto com a popularização da EDM, fizeram com que os produtores musicais se dedicassem cada vez mais a desenvolver e produzir novos sons. Além do Techno, o cenário da música eletrônica alemã, e europeia em geral, contribuiu para o desenvolvimento de outras vertentes da EDM, como o Trance (≠ do Psytrance), e também do Goa Trance.
O alemão Jan Muller, produtor musical, integrante do projeto X-Dream, contou em entrevista à Mushroom Magazine, que as músicas eram produzidas na Europa, porém as praias de Goa ofereciam a atmosfera perfeita para dançar ao som daquelas batidas eletrônicas aceleradas. Oferecendo o cenário perfeito para música, a cultura indiana acabou influenciando fortemente na composição dos elementos sonoros que integravam o organismo pulsante que ganhou vida naquele local.
Inspirados por aquela atmosfera paradisíaca de um país com tradições culturais milenares, os produtores musicais começaram a adicionar sons tribais e originários da cultura indiana, e hebraica e de suas próprias culturas em suas composições. Além dessas referências culturais sonoras, muitas representações visuais de símbolos sagrados da cultura indiana, principalmente do hinduísmo, foram incorporados na decoração das festas.
No começo da ascensão da música eletrônica em Goa, os músicos e DJ’s que comandavam as pistas de dança, não se apegavam a uma sonoridade específica ou a padrões de alguma vertente da EDM, na hora de produzir suas mixagens. Tudo aquilo que se encaixava com a atmosfera das festas, se misturava em uma alquimia de texturas sonoras. A intenção era mesclar sons únicos, divertidos e excitantes para manter a pista de dança em constante movimento.
Nesse momento ainda não havia nenhum estilo ou gênero musical que definisse a música que ecoava dos alto falantes, porém aqueles que possuíam ouvidos mais apurados sabiam que uma revolução acabava de começar. Goa abraçou a música eletrônica e se tornou parte vital do organismo pulsante que aos poucos tomava forma.
No início da década de 90, os resultados daquela alquimia sonora de batidas eletrônicas com ritmos tribais e melodias hipnóticas começaram a aparecer na cena da música eletrônica. Deixando claro suas influências e inspirações, em 1993 sob o nome de GoaHead, uma dupla de produtores musicais produziu o EP “Free Beach”, trazendo como sua faixa principal a música “Anjuna Mix”.
Abaixo você pode escutar o EP que foi lançado pela Eye Q Records, cultuado selo musical do produtor Sven Väth.
Sven também teve participação no lançamento do primeiro álbum do projeto Koxbox, comandado pelo também alemão Frank Madsen. Frank que é um dos pioneiros do Psytrance, na época produzia em conjunto com seu parceiro Peter Candy, quando seu projeto foi descoberto por Sven que ajudou a lançar o álbum “Forever After” em 1995 pela sua gravadora HartHouse Records.
“Free Beach” e “Forever After” são apenas alguns dos primeiros registros sonoros do organismo pulsante que mais tarde passou a ser conhecido como Goa Trance. Lançadas por cultuadas gravadoras de Techno, essas e outras produções musicais que se tornaram clássicos do Goa Trance, demonstram que no momento em questão não havia uma distinção significativa entre o Techno e o que hoje conhecemos como Goa Trance e Psytrance. Naquele momento a música era produzida com um único objetivo: ser o combustível que alimenta a energia e mantém acesa a chama da pista de dança.
Mesmo a música sendo em sua grande maioria produzida na Europa, foi o movimento musical de Goa que fortificou as bases e estabeleceu as diretrizes do gênero que gradativamente se distanciou do Techno, ganhando contornos e características próprias.
Ao contrário da cena da música eletrônica na Europa, onde os eventos eram realizados em ambientes urbanos, com apresentações de DJ’s experientes na arte da mixagem tocando músicas com uma sonoridade industrial em equipamentos de última geração, os eventos realizados em Goa eram produzidos de forma despretensiosa. Seguindo com o formato das Full Moon Parties, as festas eram gratuitas, os gastos do aluguel do sistema de som eram divididos entre alguns amigos, e nem todos os DJ ‘s que se apresentavam dominavam com maestria os princípios da mixagem.
Mesmo com uma organização minimalista estas festas possuíam uma atmosfera encantadora que atraía cada vez mais pessoas. O som acelerado e melódico conduzia a pista de dança em direção a atmosferas sonoras únicas, enquanto uma dança livre e desprendida de padrões tomava conta daqueles que se entregavam ao ritmo. Através de ritmos tribais, mantras da cultura indiana, melodias hipnóticas e batidas constantes a dança acontecia naturalmente como uma meditação ativa, capaz de oferecer experiências transcendentais.
Em entrevista à Mushroom Magazine, David Potter, um dos padrinhos do Psytrance, anteriormente mencionado como DJ Chicago, explicou como o termo Goa Trance começou a ser utilizado para definir o gênero musical tocado por ele e seus companheiros precursores do estilo. Segundo Chicago, durante os anos 80 o termo utilizado para definir a música que conduzia as pistas de Goa era Techno. Chamavam assim porque era uma música produzida a partir de processos tecnológicos.
Observando a popularização da música feita por Sven Väth e seus amigos na Europa, que aproximadamente em 93 foi carinhosamente batizada de Techno, David percebeu que aquela música possuía características diferentes da música que tocava em Goa. Logo, ele e seus amigos começaram a utilizar o termo Trance para definir a música que faziam. Alguns tempo depois, o termo Trance passou a ser utilizado para definir uma música que tocava em clubes de dance music na Europa.
Percebendo novamente distinções entre aquela música que tocava nos clubes europeus e a música psicodélica de melodias hipnóticas que dava vida às festas em Goa, Chicago e outros produtores começaram a utilizar os termos Goa Trance e Psychedelic Trance para definir a música tocada por eles.
A partir desse momento, com suas bases estabelecidas, o Psychedelic Trance (Psytrance para os íntimos), traçou seu caminho em direção ao lado psicodélico da força, no cenário da música eletrônica.
As festas se tornaram ambientes com uma atmosfera mágica, a música proporcionava os estímulos sonoros que comandavam os passos de dança, enquanto as decorações fluorescentes proporcionavam uma experiência visual única. Impressionados com a beleza e a energia daquelas festas, o poder e a singularidade daquele novo som, as pessoas que frequentavam as praias de Goa nessa época, começaram a consumir e colecionar fitas, cds, e discos de vinil com aquela música, para compartilhar com os amigos, tocar em suas próprias festas ou para adicionar à sua coleção musical.
Assim como um organismo com vida própria que busca fontes de energia para se desenvolver, o Goa Trance foi estabelecendo suas bases em diferentes países do mundo, sempre em constante transformação, adaptação e aperfeiçoamento de acordo com as referências culturais de cada região. Com suas bases estabelecidas, o organismo pulsante, agora bem desenvolvido, se expandiu e evoluiu de maneira única em cada local que alcançava.
O Brasil possui uma relação muito forte com o Psytrance, além de ser a casa de um dos maiores e mais renomados festivais do gênero, o Universo Paralello, que já vai para sua 17ª edição e continua atraindo milhares de pessoas de todas as partes do mundo. O Brasil é também o lar de produtores mundialmente conceituados e admirados, que se destacam não só pelas produções de Psytrance, mas no cenário da música eletrônica como um todo, incorporando ritmos da cultura brasileira em todas as vertentes da EDM.
No Psytrance, estes produtores são responsáveis por projetos de extrema qualidade sonora como: Altruism/DJ Thata, Atropp, Burn in Noise, Diksha, Earthspace, Elowinz, Gahara, Inside Mind, Marambá, Nargun, Necropsycho, Psique, Rica Amaral, Spirit Shifter, Sychotria, Synkronic, Vegas, Whiptongue, entre muitos outros.
No decorrer dos anos, a partir de diferentes fases e gerações de produtores musicais, o Brasil fez e continua fazendo parte do desenvolvimento e da evolução do Psytrance. Como prova dessa evolução, nos últimos anos, mesmo com todas as restrições e dificuldades ocasionadas pela pandemia mundial de Covid-19, o cenário brasileiro de Psytrance continuou em forte expansão, revelando e consolidando artistas e projetos cada vez mais relevantes e de excelência.
Representando a Nova Geração do Psytrance brazuca, a Resina Records se destaca como um dos maiores selos brasileiros do gênero.
Fundado em meados de 2019 no Planalto Central Brasileiro, pelas mãos de Ciro Mendes (Cyk), Vicente Gomes (Gahara) e Victor Luciano (Aquarius Orb) o selo tem como propósito ser um canal de desenvolvimento e distribuição digital de música eletrônica psicodélica. Seu nome está diretamente conectado com o conceito por trás das músicas produzidas pelo selo.
“Resina” vem da ideia de algo gosmento, um meio viscoso reponsável pela propagação de sensações. Um material naturalmente produzido, que quando passa por interações gera múltiplos estímulos táteis, odoríferos, audíveis e palatáveis.
Demonstrando uma extraordinária qualidade sonora desde o seu primeiro lançamento, Cold Blooded EP do projeto (coletivo da gravadora) Fractal Calangos, o selo descreve sua assinatura sonora como uma música eletrônica de BPM’s acelerados que mescla elementos sonoros noturnos a elementos sombrios, transitando entre sonoridades orgânicas e digitais, desenvolvidas a partir de fortes linhas atmosféricas.
Com lançamentos musicais de altíssima qualidade, a Resina Rercords utiliza a música para proporcionar uma experiência sensorial semelhante ao conceito que deu origem ao selo: expressar a ideia de um som viscoso e grudento, com características orgânicas que fazem referência à diversidade do cerrado brasileiro, e às resinas produzidas na natureza.
Diretamente do Pulsar Festival 2022, um dos maiores festivais de Psytrance do Brasil, o Projeto Fractalia teve o privilégio de bater um papo resinado com uma das mentes criativas por trás da Resina Records.
Natural de Goiás, Vicente Gomes, mais conhecido pelo seu projeto de Psytrance “Gahara“, mudou-se para Brasília aos 7 anos de idade, onde vive até os dias de hoje. Apaixonado por produção e gravação musical desde muito jovem, ele teve seu primeiro contato com a música quando começou a tocar violão e guitarra, mas foi no universo da música eletrônica psicodélica que encontrou uma maneira de saciar sua ânsia por conhecimento técnico e artístico do mundo da música.
Atualmente Vicente se apresenta com o seu projeto solo “Gahara“, e também com o projeto coletivo Fractal Calangos, que conta com um time de peso de artistas da Resina Records. Além de produzir sons de extrema qualidade com seus projetos, ele administra a Resina Records em conjunto com seus amigos e sócios fundadores Ciro Mendes (Cyk) e Victor Luciano (Aquarius Orb).
Na entrevista, Vicente conta como começou e se consolidou a sua relação com o Psytrance, falando sobre a sua paixão pela música psicodélica eletrônica e o seu amadurecimento artístico, que permitiu que ele canalizasse sua expressões musicais através das máquinas.
O músico também falou sobre sua jornada como DJ, Produtor Musical e fundador da Resina Records, abordando temas como influências artísticas, características sonoras de seus projetos, e o lado administrativo/burocrático de comandar um selo musical no universo do Psytrance.
Abaixo você confere a entrevista na íntegra:
Para representar as mulheres do psytrance e o time de artistas da Resina Records, o Projeto Fractalia bateu um papo emocionante com a DJ e produtora Débora Fantinelli, uma das mais talentosas criativas e influentes produtoras brasileiras de Psytrance, que contou como passou de designer de moda a designer de frequências.
Envolvida com a cena da música eletrônica no Brasil desde 2002, Débora conheceu o Psytrance em 2004, e em 2006 começou a se apresentar como DJ, acumulando inspirações e experiências no comando de múltiplas pistas de dança.
Acompanhando de perto a evolução do Psytrance no cenário nacional e internacional, Débora desenvolveu uma forte conexão com o gênero, e descobriu na música o seu propósito de vida. Determinada a expressar seu amor e criatividade através da arte, em 2012, Débora decidiu se dedicar à produção musical e deu vida ao projeto de Psytrance “Psique“.
Um projeto autoral focado em apresentações ao vivo, que é descrito como atmosférico, harmônico, dinâmico, misterioso e mágico, fiel às influências das ondas sonoras noturnas do Forest (vertente do Psytrance).
Confira a entrevista completa abaixo e conheça a mente psicodélica por trás do projeto “Psique”:
A qualidade sonora dos projetos brasileiros de Psytrance não se resume apenas a nova geração de produtores como os integrantes do time da Resina Records. Os projetos brasileiros de Psytrance exalam qualidade e excelência desde as primeiras fases de desenvolvimento da música eletrônica psicodélica, isto porque o Brasil possui uma relação de longa data com o gênero musical. Relação que começou no litoral da Bahia no início da década de 90.
Diretamente das praias de Goa para o litoral brasileiro, o Psytrance chegou até o Brasil pelas fitas DAT (Fitas de Áudio Digital tradução de “Digital Audio Tape”) da coleção do DJ Italiano Max Lanfranconi, conhecido por ser fundador do prestigiado projeto Etnica.
Foi no calor escaldante do verão de Arraial D’ajuda na Bahia, que em 1991, Max com a ajuda de alguns amigos, organizou as primeiras festas rave do Brasil. Com uma coleção admirável de fitas daquele novo som psicodélico que havia conhecido em Goa, um sistema de som alugado, paisagens paradisíacas e muito amor pela música eletrônica, Max decidiu replicar em solo brasileiro o que havia presenciado em Goa.
Lanfranconi que ficou famoso em Milão por organizar as festas “Dance All Night“, as primeiras festas oficiais da Itália a durar até o raiar do sol, produziu a primeira rave brasileira no terreno da pousada Guaiamum, sem qualquer tipo de divulgação, sem nome, sem programação e com entrada gratuita. Sempre deixando o bar sob os cuidados de algum nativo, como uma forma de manter uma política da boa vizinhança, segundo ele mesmo.
Além da música, a decoração era muito importante para Max e seus amigos, que sem muitos recursos financeiros, usavam a imaginação para criar uma atmosfera parecida com aquela que acontecia em Goa. Com tintas fluorescentes, luzes negras, tecidos com ilustrações psicodélicas e muita música, as festas iam até o raiar do sol e a música tocava sem parar.
Assim como as festas que aconteciam em Goa na época, as festas comandadas pelo DJ italiano e seus amigos não tinham nenhuma pretensão comercial, o único intuito era curtir música na companhia dos amigos e dançar até onde as pernas aguentassem.
Max que muitas vezes era o único DJ presente nessas festas com materiais (músicas) para tocar, relatou em entrevista a jornalista Cláudia Assef que chegou a tocar 13 horas seguidas nessas festas.
Com poucas pessoas, as primeiras raves do Brasil aconteceram ao som de faixas como: Goaway do projeto Power Source, Acid Shell do projeto Etnica, Electron Bender do projeto Technossomy, entre outros clássicos do Goa Trance já lançados nessa época.
Pra entrar no clima, no player abaixo você pode escutar estes e outros clássicos do Goa Trance que embalaram as festas no litoral brasileiro e em diversos lugares do mundo na década de 90.
Assim como aconteceu no litoral indiano quando Goa Gil e outros DJ’s adicionaram músicas eletrônicas ao repertório musical das Full Moon Parties, os brasileiros também estranharam aquelas musicas que os jovens estrangeiros tocavam nas festas madrugada a dentro.
Nas palavras do próprio Max, a princípio as festas não atraíram muitos brasileiros. Ele relatou ainda que muitos nativos não entendiam muito bem aquele movimento e até chamavam as festas de “macumba dos gringos”.
Três anos depois das primeiras festas em Arraial, foi a vez do pequeno distrito de Trancoso, também na Bahia, receber a “macumba dos gringos”. Em 1994 um grupo de turistas ingleses que viajava pelo Chile para acompanhar o eclipse total do sol, chegou ao Brasil aterrisando em Arraial D’ajuda e Trancoso. Com a chegada dos viajantes, Max já não era o único com os materiais necessários para manter a pista de dança a todo gás, contribuindo com novas músicas para o repertório e também com muita disposição para organizar e decorar novas festas, os viajantes ingleses invadiram as praias da região contribuindo para a expansão da música eletrônica psicodélica no solo brazuca.
Após o alvoroço criado pelos gringos no litoral baiano o Psytrance começou a firmar suas raízes no solo brasileiro. As festas que no começo da década de 90 atraíam pouco menos de 100 pessoas, sem chamar muito a atenção dos brasileiros, começaram a crescer e aos poucos foram atraindo cada vez mais público.
Entendo que o termo “rave” não era utilizado para descrever as festas que aconteciam no litoral de Goa, e sim mais utilizado para definir o cenário da músical eletrônica hardcore e underground que acontecia em várias partes da Europa, em locais fechados e até mesmo em prédios abandonados e outros lugares ilegais. O termo rave no Brasil esteve desde o começo associado ao conceito de festas que aconteciam afastadas do ambiente urbano, sempre em contato com a natureza, com longa duração e música eletrônica para dançar até o amanhecer.
O movimento iniciado por Lanfranconi em Arraial D’ajuda em 1991 ajudou a definir a estética e a dinâmica que moldou o que conhecemos hoje como “Rave” no Brasil. Sendo assim, aquelas primeiras festas realizadas no litoral baiano foram o embrião que deu origem ao organismo psicodélico e pulsante que evoluiu e se expandiu por todo o território nacional.
Além das festas organizadas por Max Lanfranconi, festas como: Daime Tribe organizada por André Meyer, Naga Naja organizada pelo inglês Steve Beach, XXXperience organizada por Rica Amaral e DJ Feio, além dos festivais FAK (Festival Alternativo do Kranti) e o renomado Universo Paralello organizado por Juarez Petrillo e Ekanta Jake também fazem parte da história do desenvolvimento do Psytrance no Brasil.
Na reportagem: De Trancoso a Atibaia: contamos a história definitiva das primeiras raves no Brasil, da jornalista Cláudia Assef você confere com detalhes a história da chegada desse movimento de contra cultura no litoral baiano que logo se espalhou por todo o Brasil, dando vida a uma das cenas mais fortes do Psytrance no cenário mundial.
Para comandar o painel de controle sonoro da nossa nave convocamos o projeto Singular Engine, conduzido por André Felipe, para nos transportar por uma atmosfera altamente energética e psicodélica. Aproveite este live set gravado exclusivamente para o projeto Fractalia.
Não se esqueça de prestigiar e acompanhar o projeto Singular Engine nas plataformas de áudio (SoundCloud e Spotify) e segui-lo nas redes sociais.
Nesse clima, iniciamos a nossa viagem final em direção aos fragmentos sonoros do Psytrance. Sendo assim, entendendo como se formou a estrutura que originou o que conhecemos hoje como Psytrance podemos então compreender melhor as peças que constituem esse movimento cultural de múltiplas camadas e contornos complexos. Nessa seção você terá acesso a alguns dos fragmentos sonoros que constituem o Psytrance e fazem dele um gênero musical multifacetado. Aprecie sem moderação!
Com a evolução e a expansão do Goa Trance, tanto as festas quanto a música passaram por diferentes fases, o amadurecimento dos artistas em conjunto com os avanços tecnológicos permitiram que o gênero desse origem a novos sons com características únicas. Seguindo os padrões de um organismo com vida própria, o Psytrance se reproduziu e consequentemente criou ramificações que evoluíram em diversas direções. Cada uma dessas ramificações originou vertentes e subvertentes que evoluíram e desenvolveram uma identidade sonora diferente da música que as originou. O termo “Goa Trance” que antes era utilizado em conjunto com Psytrance para definir todas as produções musicais do gênero, passou a ser utilizado para definir apenas uma das vertentes que o Psytrance possui.
Atualmente o Psytrance transita entre produções musicais extremamente aceleradas (ultrapassando os 240 BPM’s) de atmosferas comtemplativas com elementos tecnológicos e robotizados até produções musicais moderadamente mais lentas (130 – 140 BPM’s) que simulam sons orgânicos e constroem cenários macabros e sombrios. Mesmo sendo correto utilizar o termo “Psytrance” para definir todas as produções musicais que se encaixam nas características originárias do gênero, é bem provável que você se depare com os termos: Progressive Trance, Full On, Dark Psy, Forest, Hitech, entre outros. Estes termos são utilizados para descrever as vertentes (e algumas subvertentes) que surgiram a partir das ramificações pelas quais o gênero passou durante seu período de evolução.
Cada vertente e subvertente surgiu a partir do desenvolvimento de diferentes interpretações sobre a expressão musical originada pelo Goa Trance. Estas interpretações ganharam vida através do talento e da criatividade de experientes produtores musicais, que marcaram de forma definitiva a história do Psytrance. A partir de suas perspectivas, cada um desses produtores adaptou à sua maneira a sonoridade do Goa Trance para criar uma nova música que fosse capaz de preencher lacunas antes vazias. Isso possibilitou que pessoas com diferentes ideologias e gostos musicais pudessem se aproximar do gênero.
É importante ressaltar que o Psytrance não possui regras extremamente rígidas quanto às suas características sonoras, por isso produções de uma mesma vertente podem soar completamente diferentes. Assim como acontece com outros gêneros musicais como o Rock n’ Roll e o Rap, novos ouvintes podem ter dificuldades para identificar diferentes variações do mesmo gênero, mas é fundamental entender que todas as variações bebem da mesma fonte. Somente a partir do conhecimento e da experimentação você pode identificar qual som faz seu coração bater mais forte.
Abaixo você terá acesso às principais vertentes do Psytrance. Conheça, experimente e entenda com qual vertente você se identifica:
Com fortes influências do movimento Hippie que possuía uma relação muito próxima com o rock psicodélico dos anos 60 e 70, o Goa Trance pode ser descrito como a faísca inicial do Psytrance, que deu origem a todos os sons produzidos nos anos seguintes de sua ascensão.
Transitando entre elementos musicais orgânicos e elementos tecnológicos produzidos por sintetizadores, o Goa Trance pode ser descrito como um som extremamente melódico de batidas secas que busca levar o ouvinte a um estado hipnótico através da repetição de melodias e ritmos. Fortemente carregado em referências à cultura indiana, hebraica e também a outros elementos tribais.
OBS: É extremamente importante ressaltar que as faixas de BPM podem variar dependendo do estilo e das preferências do produtor, bem como das tendências musicais em constante evolução. Cada artista utiliza técnicas variadas de produção, além de possuir uma abordagem e uma percepção particular em relação às batidas por minuto. Portanto o número de BPM’s de uma música não pode ser utilizado para definir uma vertente ou subgênero do Psytrance.
Abaixo você tem acesso a uma playlist exclusiva de Goa Trance, aperte o play e aprecie sem moderação!
Durante a massiva expansão do Psytrance pelo mundo no final da década de 90, o DJ Eyal Yankovich fundou a gravadora israelense HOMmega Records, que revelou uma série de produtores musicais israelenses de extrema importância para o desenvolvimento do cenário musical. Em 98 a HOMmega Records lançou um álbum intitulado “Full On”, uma compilação de produções de diferentes artistas que revolucionou o cenário do Psytrance de forma definitiva, impulsionando o gênero em uma nova direção e incentivando os produtores a se manterem em constante evolução.
Mesmo possuindo características parecidas ao Goa Trance, as faixas do álbum possuem características próprias muito marcantes que influenciaram diferentes gerações de produtores a explorar novos elementos e possibilidades em suas músicas. “Full On” estabeleceu as bases de uma nova vertente que foi batizada pelo seu nome. Ao todo foram lançados 7 volumes deste álbum de compilações pela HOMmega Records que continua em atividade até os dias de hoje, sendo reconhecida como uma das gravadoras mais importantes e influentes do cenário mundial do Psytrance.
Mais acelerado que o Goa Trance, o Full On é uma vertente extremamente psicodélica, enérgica, dançante e melódica. Com graves elásticos e acentuados em linhas de baixo aceleradas, a vertente abusa de elementos sonoros tecnológicos estruturados em arranjos sincopados, com viradas explosivas que mesclam diferentes timbres e constroem narrativas através de atmosferas espaciais.
OBS: É extremamente importante ressaltar que as faixas de BPM podem variar dependendo do estilo e das preferências do produtor, bem como das tendências musicais que estão em constante evolução. Cada artista utiliza técnicas variadas de produção, além de possuir uma abordagem e uma percepção particular em relação às batidas por minuto. Portanto o número de BPM’s de uma música não pode ser utilizado para definir uma vertente ou subgênero do Psytrance.
Abaixo você tem acesso a uma playlist exclusiva de Full On, aperte o play e aprecie sem moderação!
Devido a uma grande diversidade de produções o Full On deu origem a três grandes subvertentes:
Mais próximo ao som produzido durante o desenvolvimento do Full On no começo dos anos 2000, esta variação é marcada pela mesclagem entre elementos orgânicos com atmosferas melódicas e alegres, apresentados através de toda a força e energia do Full On. O nome “Morning” (Manhã) tem relação com o período do dia em que essa vertente ocupava no line up (programação) das grandes festas e festivais de Psytrance durante sua ascenção.
OBS: É extremamente importante ressaltar que as faixas de BPM podem variar dependendo do estilo e das preferências do produtor, bem como das tendências musicais que estão em constante evolução. Cada artista utiliza técnicas variadas de produção, além de possuir uma abordagem e uma percepção particular em relação às batidas por minuto. Portanto o número de BPM’s de uma música não pode ser utilizado para definir uma vertente ou subgênero do Psytrance.
Abaixo você tem acesso a uma playlist exclusiva de Full On Morning, aperte o play e aprecie sem moderação!
Com graves elásticos e potentes esta variação se apresenta em uma estrutura consideravelmente mais moderna que o “Morning”. Com fortes elementos tecnológicos e vocais bem trabalhados em narrativas psicodélicas, muitas vezes sobre conceitos relacionados à consciência humana e viagens espaciais psicodélicas, o “Groove” carrega toda energia do Full On em uma atmosfera simultaneamente séria e descontraída.
OBS: É extremamente importante ressaltar que as faixas de BPM podem variar dependendo do estilo e das preferências do produtor, bem como das tendências musicais que estão em constante evolução. Cada artista utiliza técnicas variadas de produção, além de possuir uma abordagem e uma percepção particular em relação às batidas por minuto. Portanto o número de BPM’s de uma música não pode ser utilizado para definir uma vertente ou subgênero do Psytrance.
Abaixo você tem acesso a uma playlist exclusiva de Full On Groove, aperte o play e aprecie sem moderação!
Com linhas de baixo excitantes e bem trabalhadas, esta variação explora uma extensa gama de frequências sonoras, apresentando aos ouvintes uma sonoridade singular de atmosferas densas introspectivas e ao mesmo tempo dançantes. Mesclando alguns elementos sonoros orgânicos densos com elementos tecnológicos e metálicos o Full On Night conduz os ouvintes em uma narrativa sombria, reflexiva e dançante de graves flutuantes.
OBS: É extremamente importante ressaltar que as faixas de BPM podem variar dependendo do estilo e das preferências do produtor, bem como das tendências musicais que estão em constante evolução. Cada artista utiliza técnicas variadas de produção, além de possuir uma abordagem e uma percepção particular em relação às batidas por minuto. Portanto o número de BPM’s de uma música não pode ser utilizado para definir uma vertente ou subgênero do Psytrance.
Abaixo você tem acesso a uma playlist exclusiva de Full On Groove, aperte o play e aprecie sem moderação!
Aproximadamente do meio para o final da década de 90 quando o Goa Trance atingiu o seu auge, alguns produtores e DJ ‘s começaram a perceber que mesmo após um período intenso de expansão e desenvolvimento, o gênero parecia estar estagnado. A impressão era de que o Goa Trance tinha, de alguma forma, parado de evoluir e se encontrava em uma zona de conforto perigosa.
Mesmo com os produtores aumentando o número de BPM’s e deixando as músicas mais rápidas, para algumas pessoas, estava tudo soando a mesma coisa. Além desta incômoda semelhança entre as produções, os DJ’s e produtores musicais perceberam que o principal mecanismo da estrutura musical, mais conhecido por kick and bass (responsável por marcar as batidas da música) estava sendo ofuscado por outros elementos adicionados ao som. As faixas estavam ficando cada vez mais cheias de elementos sonoros, e sem espaço para que cada elemento pudesse coexistir e se manifestar, as batidas e ritmos incorporados pelo kick and bass, que deveriam guiar os outros elementos, pareciam flutuar sem direção pela música.
Incomodados com esta situação, alguns produtores musicais suecos tomaram a iniciativa de fazer algo diferente para tirar o gênero desse estado inerte. Para isso, foram necessárias algumas mudanças nos métodos de produção. O primeiro passo foi reduzir o número de BPM’s, o que reduziu moderadamente a velocidade das faixas, e resultou em um espaçamento maior entre as batidas. Em seguida os elementos sonoros foram reduzidos ao essencial, removendo o excesso de sons que preenchiam todos os espaços de respiro das músicas. Dessa forma, os suecos Marcus Henriksson e Sebastian Mullaert, mais conhecidos pelo projeto Son Kite, criaram novas técnicas e métodos de produção que contribuíram para que as músicas voltassem a soar de maneira agradável aos ouvidos.
Incorporando os novos métodos de produção, em 1999 o projeto Son Kite lançou o compacto “This Side”, que diferentemente das produções de Goa Trance daquela época, apresenta uma estrutura minimalista e direta. Sem melodias em excesso, o compacto prioriza sua linha de percussão e utiliza poucos efeitos e elementos sonoros. A faixa “Knob Adjustment” soou tão diferente de tudo que havia sido feito até o momento que através do lançamento, Marcus e Sebastian foram capazes de impulsionar o gênero em direção à evolução novamente e se tornaram pioneiros do que hoje conhecemos como Progressive Trance.
Além da dupla, outros produtores como o sueco Tomasz Balicki (Atmos), os alemães Marcus Carp, Peter Hollenbach, Stefan Hubner (Intact Instinct), Sebastian Krueger (Tarsis e SBK), também participaram ativamente desse movimento que resultou em uma importante ramificação pela qual o Psytrance precisava passar para evoluir.
A partir deste movimento, uma novo som começou a ganhar forma sob o nome de Progressive Trance. Com batidas moderadamente mais lentas, linhas de baixo encorpadas e ritmos entrelaçados entre sintetizadores e efeitos sonoros, o Progressive Trance se apegou ao minimalismo para criar ondas sonoras elegantes, extremamente dançantes e agradáveis aos ouvidos, sem abandonar a essência melódica e psicodélica de ritmos tribais do Goa Trance.
A mudança foi tão significativa que as gravadoras especializadas em lançamentos de Progressive Trance desenvolveram uma nova identidade visual para seus lançamentos, abandonando os símbolos e referências à cultura indiana (muito usados nos lançamentos de Goa Trance) e apresentando produções visuais modernas e futuristas.
OBS: É extremamente importante ressaltar que as faixas de BPM podem variar dependendo do estilo e das preferências do produtor, bem como das tendências musicais que estão em constante evolução. Cada artista utiliza técnicas variadas de produção, além de possuir uma abordagem e uma percepção particular em relação às batidas por minuto. Portanto o número de BPM’s de uma música não pode ser utilizado para definir uma vertente ou subgênero do Psytrance.
Abaixo você tem acesso a uma playlist exclusiva de Progressive Trance, aperte o play e aprecie sem moderação!
Sem perder suas características psicodélicas, essas novas produções se apresentaram como um som amplamente diverso e multifacetado desde suas primeiras manifestações e rapidamente o Progressive Trance desenvolveu suas próprias variações.
Alguns produtores e selos musicais decidiram produzir lançamentos mais comerciais, produzindo remixes de grandes hits da música popular, mesclando efeitos sonoros e técnicas de produção do Progressive com características da House Music (vertente da EDM). Esse movimento deu início a variação mais comercial do Progressive Trance e do Psytrance como um todo.
Consideravelmente diferente do Progressive Trance, o Prog Trance apresenta muitos efeitos sonoros e comumente utiliza vocais de outras músicas ou trechos de falas de produções da cultura pop. Apesar de todo seu sucesso comercial, muitas vezes é apontada como a vertente menos psicodélica do Psytrance, devido a sua estrutura que consiste em múltiplos “breaks” e drops” (trechos onde os efeitos sonoros são utilizados ao mesmo tempo causando uma explosão sonora na música).
OBS: É extremamente importante ressaltar que as faixas de BPM podem variar dependendo do estilo e das preferências do produtor, bem como das tendências musicais que estão em constante evolução. Cada artista utiliza técnicas variadas de produção, além de possuir uma abordagem e uma percepção particular em relação às batidas por minuto. Portanto o número de BPM’s de uma música não pode ser utilizado para definir uma vertente ou subgênero do Psytrance.
Abaixo você tem acesso a uma playlist exclusiva de Prog Trance, aperte o play e aprecie sem moderação!
Enquanto alguns produtores decidiram seguir o caminho iluminados pelos holofotes, outros direcionaram suas produções ao lado negro da psicodelia eletrônica. Com arranjos minimalistas (tanto quanto os da primeira fase do Progressive Trance), ritmos emaranhados em atmosferas e elementos sonoros profundos e psicodélicos, o Dark Prog também conhecido como Prog Dark poder ser descrito como um som atmosférico, futurista e extremamente dançante que ambienta muito bem com a escuridão do anoitecer.
Um dos maiores expoentes desta variação do progressive trance é a Zenon Records, um selo musical fundado em 2003 pelo Australiano Tim Larner, mais conhecido por seu projeto Sensient. O som produzido pela Zenon Records, pode ser descrito como “profundo, inteligente e eletrônico/minimalista, com fortes amarrações de musicalidade através de um design de som futurista.”
As produções musicais do selo possuem um elevado nível de qualidade técnica, que se manifesta através de uma identidade sonora própria extraordinariamente marcante e poderosa. Devido a este alto nível de qualidade, o termo “Zenonesque” se tornou uma característica utilizada para descrever produções musicais de alta qualidade na linha sonora do Dark Prog.
OBS: É extremamente importante ressaltar que as faixas de BPM podem variar dependendo do estilo e das preferências do produtor, bem como das tendências musicais que estão em constante evolução. Cada artista utiliza técnicas variadas de produção, além de possuir uma abordagem e uma percepção particular em relação às batidas por minuto. Portanto o número de BPM’s de uma música não pode ser utilizado para definir uma vertente ou subgênero do Psytrance.
Abaixo você tem acesso a uma playlist exclusiva de Dark Prog só com faixas lançadas pela Zenon Records, aperte o play e aprecie sem moderação!
Durante sua evolução o Psytrance sempre incluiu em sua composição elementos de outros estilos musicais como aconteceu desde a primeira fase de produções do Goa Trance, que possuia fortes influências deixadas pelo legado do movimento Hippie que possuía uma forte relação com o rock psicodélico.
Nos anos 2000 o gênero começou a agregar influências da música industrial, do Drum n’ Bass (vertente da EDM) e também do Heavy Metal (vertente do Rock n’ Roll). Estas influências aos poucos originaram um grupo de pessoas que não se sentiam representadas pela atmosfera mística melódica do movimento hippie ainda muito presente no gênero, e isto deu origem ao Dark Psy. Sendo assim o Darkpsy surgiu como um movimento underground dentro de um cenário cultural underground desde os seus primórdios. Demonstrando que o gênero poderia transitar em diversas atmosferas diferentes da bela e colorida narrativa apresentada pelo legado Hippie, o DarkPsy surgiu como uma declaração de que os ritmos psicodélicos também residem e transitam por ambientes obscuros e sombrios que fazem parte da consciência humana.
Esta variação do Psytrance se desenvolveu a partir do conceito de que é necessário atravessar atmosferas sombrias da consciência, passando por fortes e temidos sentimentos para se alcançar uma verdadeira e transcendental experiência psicodélica.
Perceptivelmente diferente das outras vertentes do Psytrance, o Dark Psy tem a habilidade de transitar por múltiplas atmosferas e narrativas sonoras, passando por sons lentos carregados de elementos orgânicos até músicas extremamente aceleradas com elementos tecnológicos metalizados obscuros e sombrios, transitando entre ambientes vívidos e prazerosos até ambientes caóticos extremamente sombrios e assustadores.
OBS: É extremamente importante ressaltar que as faixas de BPM podem variar dependendo do estilo e das preferências do produtor, bem como das tendências musicais que estão em constante evolução. Cada artista utiliza técnicas variadas de produção, além de possuir uma abordagem e uma percepção particular em relação às batidas por minuto. Portanto o número de BPM’s de uma música não pode ser utilizado para definir uma vertente ou subgênero do Psytrance.
Abaixo você tem acesso a uma playlist exclusiva de Dark Psy, aperte o play e aprecie sem moderação!
Através desta habilidade de incorporar diferentes elementos e referências, o Dark Psy deu origem a três distintas e igualmente importantes subvertentes:
Como o próprio nome já diz, esta vertente apresenta narrativas sonoras lineares e constantes carregadas de elementos orgânicos que simulam e reproduzem sons da natureza de forma digital. Utilizando como referência barulhos e ruídos produzidos por elementos da natureza como a água, o fogo, os animais, e o crepitar das folhas e dos galhos de uma árvore, esta vertente produz uma grande e espaçosa atmosfera densa de múltiplas camadas sonoras, podendo se apresentar de forma obscura e caótica ou de forma vívida e prazerosa.
Pode ser descrita como um passeio noturno pelos ritmos psicodélicos de uma floresta que borbulha sons de diversas direções sem que seja possível identificar facilmente suas origens.
OBS: É extremamente importante ressaltar que as faixas de BPM podem variar dependendo do estilo e das preferências do produtor, bem como das tendências musicais que estão em constante evolução. Cada artista utiliza técnicas variadas de produção, além de possuir uma abordagem e uma percepção particular em relação às batidas por minuto. Portanto o número de BPM’s de uma música não pode ser utilizado para definir uma vertente ou subgênero do Psytrance.
Abaixo você tem acesso a uma playlist exclusiva de Forest, aperte o play e aprecie sem moderação!
Uma das vertentes mais aceleradas do Psytrance, O Hi tech foi capaz de impulsionar o Psytrance em direção a patamares de visibilidade que ainda não haviam sido alcançados. Através de uma linguagem sonora moderna, a vertente alcançou e conseguiu se conectar com uma nova geração de produtores musicais cheios de energia e atitude, que contribuíram muito para o desenvolvimento de todo o gênero musical.
Se renovando a cada geração de produtores, o que começou a tomar forma por volta de 2005 por meio de faixas como: “If it’s too fast you are too old” de KinDzaDza e Highcosmos que possui 152 BPM’s, foi gradualmente ficando mais rápido com o passar dos anos. Atualmente o Hi tech alcança velocidades superiores a 200 BPM’s, distribuídas em arranjos inteligentes e sofisticados apresentados através de produções musicais de extrema qualidade sonora.
Construindo narrativas e atmosferas espaciais intensas e psicodélicas por meio de ritmos energéticos carregados de melodias bem trabalhadas, a vertente utiliza muitas camadas sonoras carregadas em elementos tecnológicos e robóticos, utilizando sua velocidade para lentamente construir uma pirâmide complexa de intensidade crescente.
OBS: É extremamente importante ressaltar que as faixas de BPM podem variar dependendo do estilo e das preferências do produtor, bem como das tendências musicais que estão em constante evolução. Cada artista utiliza técnicas variadas de produção, além de possuir uma abordagem e uma percepção particular em relação às batidas por minuto. Portanto o número de BPM’s de uma música não pode ser utilizado para definir uma vertente ou subgênero do Psytrance.
Abaixo você tem acesso a uma playlist exclusiva de Hi tech, aperte o play e aprecie sem moderação!
Enquanto o Hitech se propôs a alcançar patamares de visibilidade comercial ao Psytrance, o Psycore se apresenta como uma das vertentes mais desconhecidas e excêntricas do gênero. Desenvolvendo-se através de arranjos com uma quantidade extrema de camadas sonoras, a vertente apresenta um alto valor de choque, concentrando-se exclusivamente nas profundezas das atmosferas mais obscuras e nebulosas possíveis.
Com BPM’s tão acelerados (ou superiores) quanto o Hitech, o Psycore se propõe a conduzir o ouvinte em uma viagem hipnótica mental profunda, utilizando elementos sonoros macabros para criar uma narrativa cinemática de horror de muitas camadas sonoras.
OBS: É extremamente importante ressaltar que as faixas de BPM podem variar dependendo do estilo e das preferências do produtor, bem como das tendências musicais que estão em constante evolução. Cada artista utiliza técnicas variadas de produção, além de possuir uma abordagem e uma percepção particular em relação às batidas por minuto. Portanto o número de BPM’s de uma música não pode ser utilizado para definir uma vertente ou subgênero do Psytrance.
Abaixo você tem acesso a uma playlist exclusiva de Psycore, aperte o play e aprecie sem moderação!
Além das vertentes, subvertentes e variações citadas, o Psytrance se manifesta através de estilos como o Psybient, Psydub, Psychill e também por meio de apresentações e produções musicais experimentais, que rompem as barreiras de qualquer classificação ou descrição definidora de estilo. Transitando de maneira livre e natural por todos os estilos aqui apresentados, e também por outras varições e gêneros musicais. Existem também, artistas e bandas que se apresentam ao vivo como: Sponghle e Infected Mushroom, explorando outras maneiras de produzir e de tocar Psytrance.
A variedade de estilos que o psytrance assume através das vertentes e subvertentes descritas acima, demonstra a versatilidade e fluidez do gênero. Tão fluido quanto a sua própria comunidade, por meio de uma infinidade de artistas que se expressam musicalmente de maneira singular, o Psytrance se conecta e se comunica com seu público. Se adaptando de maneira única a cada ambiente que reage aos seus estímulos sensoriais, sonoros e visuais.
Assumindo personalidades sônicas singulares, cada artista expressa sua visão de uma: