Conexão: filosofia e jogos: quando é que a narrativa é o mais importante?
[Texto por Larissa Abreu]
Essa primeira metade do ano 2018 foi repleta de lançamentos de jogos com gráficos extremamente bem trabalhados, como o tão esperado Spider-Man e o revolucionário Detroit: Become Human. Muitas desenvolvedoras dão muito gás para essa parte específica dos jogos, que pela maioria dos olhos dos consumidores, é considerado conceito de qualidade. Geralmente a construção da trilha sonora também entra como uma parte significativa do investimento, mas é visível que cada vez mais os jogos tendem a tentar se parecer com a nossa realidade. Muitos jogos são até comparados com produções de cinema, sabia? Às vezes dentro da empresa que desenvolve o game tem um grupo de pessoas específico só pra produzir cada pedacinho dele. Mas meu querido, chega mais, vamos sentar aqui e bater um papo cabeça. Nós da New Game viemos exatamente para colocar em discussão esse assunto: o gráfico é o conteúdo mais importante de um jogo? Qual a importância da conexão da narrativa, da trilha sonora e da qualidade gráfica?
As grandes empresas desenvolvedoras têm um quesito que dá uma vantagem aos seus criadores: eles tentam tirar do zero as suas próprias arquiteturas dos códigos dos jogos. Coisa que uma desenvolvedora indie não consegue arcar em questão de grana, por exemplo. Muita gente monta jogo em RPG Maker e faz muito sucesso. Essa ferramenta simples – e fantástica, ao meu ver – gerou vários jogos famosos, como a maravilhosa trilogia de To The Moon. Podemos usar esse jogo mesmo como exemplo no que vamos discutir ao longo desse texto. Uma desenvolvedora que não tem muito investimento pesado e nem muito patrocínio, que depende de um programa externo, usa disso para inserir uma pitada a mais na narrativa do jogo. Todo o drama e todo o envolvimento com o personagem criado em To The Moon fragiliza o jogador. A proximidade pessoal aumenta em seu segundo jogo, A Bird Story, que insere uma indagação: quais são as melhores opções nesse cenário? Poderia eu, um personagem que é uma criança na narrativa, não salvar um passarinho que está machucado na sua frente? Poderia eu não me apegar com a história que está sendo narrada? E poderia eu não me emocionar em ver esse mesmo personagem, agora idoso, sendo o protagonista do último e terceiro jogo da trilogia, Finding Paradise? É claro que essa história poderia ter sido contada de outra forma, com outras formas de jogabilidade, outras características do mundo dos jogos.
Mas o fato do gráfico não ser lá o seu principal elemento de investimento colocou um gancho para ser puxado. Inclusive em alguns casos não é acidental, o desenvolvedor realmente busca explorar de outras formas de tocar o jogador que não seja pelo conteúdo realista demais.
Outro jogo que marca muito essa linha de produção é Rakuen, que além de também ter sido desenvolvido no RPG Maker, tem uma linda e emocionante lição de moral no final. Toda a construção de cenário da mãe do personagem, toda a situação que indica que o garoto possui uma doença fortalece o contato do jogador e jogo.
Mas como tudo sempre tem sua excessão… vem Detroit: Become Human e chega que nem um tapão na nossa cara. O questionamento de certo e errado vem entrelaçado do gráfico impecável e da trilha sonora de emocionar. Em questão de inovações, também temos Life is Strange, que por mais que tenha um traço menos realista, usa da narrativa, da trilha sonora e dos ângulos alternativos para mostrar o ponto de vista do personagem.
Deixando a questão em aberto, eu pergunto para vocês, New Gamers: o que você acha que é mais importante em um jogo? A narrativa envolvente, uma grande lição de moral no final, um emaranhado de críticas sociais e uma boa quebra na clássica jornada do herói? Ou seria o gráfico e sua aproximação com a realidade? Dê sua opinião pra gente!