Arquivos por mês maio 8, 2019

E a INTZ ganha… mais experiência?

[Texto por Lucas Senpai]

Bom, precisamos falar sobre a INTZ no MSI. Vamos falar um pouco sobre o formato do torneio e em seguida já vamos entrar em detalhes sobre a performance do time brasileiro durante essa fase de acesso.

O MSI

O Mid-Season Invitational, vulgo MSI, é um torneio internacional organizado e promovido pela Riot Games, empresa responsável pelo League of Legends. O campeonato é uma espécie de “pré-mundial”, reunindo os campeões do primeiro split dos campeonatos ao redor do mundo e colocando os times para jogarem entre si, valendo o título do MSI. Pode se argumentar que o campeonato é relativamente pouco importante, mas o MSI é um ótimo termômetro para os maiores times de League of Legends do mundo nessa temporada, e também serve para manter o cenário movimentado nessa época mais “morna” dos campeonatos competitivos internacionais.

Para os times de regiões “menores”, como as latinas, a vietnamita, a russa, a japonesa e outras, existe uma fase de entrada para o torneio. Os times são divididos em dois grupos, e batalham por uma vaga na fase de grupos e, posteriormente, uma vaga na fase eliminatória, que vai definir o campeão da competição.

Na fase de entrada, são sorteados dois grupos entre os oito times campeões das regiões menores. Os vencedores dos dois grupos enfrentam, por sua vez, os campeões das ligas americana e chinesa. Os vencedores desses confrontos garantem suas vagas na fase de grupos final, onde as seis equipes restantes decidem por pontos suas colocações na fase de mata-mata, onde se definem os últimos confrontos do MSI.

A performance da INTZ

Diogo “Shini” Rogê, caçador do time brasileiro

Quem acompanhou os jogos da fase de entrada, pode ver de primeira mão a eliminação bem ligeira da equipe brasileira da INTZ. Sorteada num grupo com a Mega (LTS, liga Tailandesa), a Detonation FocusMe (LJL, liga Japonesa) e a Vega Squadron (LCL, liga da Comunidade dos Estados Independentes, aproximadamente a liga “Russa”), era difícil de prever a performance do time brasileiro frente às outras equipes.

O Brasil já não é conhecido por grandes performances no stage internacional. Para motivos de comparação mais precisa, vamos analisar somente as performances dos times brasileiros no MSI nas duas últimas edições, que tinham um formato de fase de entrada similar ao presente no torneio atual.

Tanto em 2017 quanto em 2018, os times brasileiros (RED Canids e Kabum!) ficaram em segundo lugar na fase de grupos, ambas com um placar de 4-2, coincidentemente sendo ambas eliminadas pela equipe turca da SuperMassive eSports (o que gerou um meme de rancor em relação aos turcos pelos fãs do CBLOL).

Já no torneio desse ano, a INTZ amargou um 1-5, somente com uma vitória em cima da Mega, o time tailandês, discutivelmente o time mais fraco do grupo junto com a INTZ.

Desde a classificação da INTZ para o MSI, a comunidade já se mostrava dividida. Após uma vitória emocionante contra o Flamengo e-Sports na final do CBLOL, muitos duvidavam da capacidade dos intrépidos de representar o Brasil no torneio internacional, tendo em vista a campanha excepcional do Flamengo (que chegou à final com apenas uma derrota, nas mãos da Kabum). Foi repetido à exaustão que a INTZ não tinha condições de performar bem no stage internacional, que o time do Flamengo era superior e seria muito melhor contra time ao redor do mundo. Esse argumento é de uma índole um tanto quanto duvidosa, pois no formato do CBLOL o time dos intrépidos conquistou a vaga para o MSI de maneira justa e esforçada, batendo a campanha incrível do Flamengo numa melhor de cinco onde se provou o time superior na hora final de decisão do campeonato.

Independente da performance no CBLOL, o time da INTZ no MSI se mostrou irreconhecível do que vimos durante o split no CBLOL. Numa análise geral, o time vacilou muito nas tomadas de decisão, seja por problemas de comunicação, assessoramento ruim das situações encontradas na partida ou simplesmente por nervosismo.

Um dos principais membros intrépidos durante o split, Envy, apareceu muito pouco (ou quase nada) nos jogos do campeonato. Normalmente Envy tem um estilo de jogo mais agressivo, mesmo com campeões como o Ryze, que precisa de um tempo para escalar, mas nesse campeonato o papel dele foi muito relegado a um estilo de jogo defensivo. Dando mais espaço pras jogadas de Shini ou de Tay, o que poderia ter sido um trunfo para a equipe brasileira, acabou sendo um espaço privilegiado de assistir a partida. O pick de Nautilus especificamente foi bem estranho, tanto pelo estilo de Envy quanto pelo jeito em que ele jogou nessa partida em específico.

Outro ponto instável da equipe foi o jungler, Shini. Apesar de não ser o jogador mais consistente do campeonato, Shini se mostrou um excelente jungler, especialmente na reta final do CBLOL, porém esse Shini nem apareceu no Vietnã. Com chamadas duvidosas e muitos erros mecânicos, o caçador da INTZ deixou muito a desejar, especialmente em relação ao que normalmente é esperado dele.

A rota inferior da INTZ deixou muito a desejar também. Mills jogou o mesmo estilo defensivo de atirador que usou na maior parte do CBLOL, e isso não se mostrou muito bom contra as bot lanes adversárias da INTZ. RedBert jogou o máximo que pode para complementar esse estilo, com picks como Braum e Tahm Kench, que sinergizam bem com Varus e Ashe que foram os principais picks de Mills, mas acabaram não conseguindo escalar tão bem e fazer funcionar as composições da INTZ. Sem falar nas ultimates do Mills, que vão ser lembradas de um jeito negativo por um bom tempo.

Já na rota do topo, acho que podemos dizer que Tay foi o membro mais constante e presente da INTZ durante o torneio. Apesar de não ter um dos melhores AMAs, o topo dos intrépidos se mostrou muito proativo com picks agressivos, que infelizmente não sinergizaram muito bem com as composições defensivas da INTZ na maioria das partidas.

A vitória da INTZ em cima da Mega foi uma surpresa grata, e infelizmente deixou um gosto ruim na boca dos torcedores. A rota inferior de Sona e Taric funcionou muito bem com picks agressivos como Irelia, Hecarim e Skarner, e deixou a torcida imaginando se a equipe poderia ter se saído melhor nos outros confrontos se tivesse jogado com a mesma postura e garra dessa partida.

A INTZ sai com a pior campanha de um time brasileiro em campeonatos internacionais e abre algumas discussões interessantes sobre o cenário brasileiro. Estamos realmente indo para campeonatos internacionais somente para acumular experiência? Ocorre alguma evolução nos times ou a zona de conforto dos times que dominam o campeonato está impedindo os mesmos de se esforçarem mais nos confrontos contra outras regiões?

O MSI ainda está ocorrendo, e a fase de grupos vai começar no dia 10/05, com os times vencedores da fase de entrada se juntando às regiões “maiores” do League of Legends mundial. Os seis times da fase de grupo foram definidos após a vitória da Phong Vu Buffalo sobre a Vega Squadron, sendo eles:

Team Liquid (LCS)

Flash Wolves (LMS)

Phong Vú Buffalo (VCS)

G2 Esports (LEC)

Invictus Gaming (LPL)

SKT Telecom T1 (LCK)

Você pode acompanhar as partidas nos canais de streaming da Riot Games na Twitch.tv e no YouTube.