Jogos indies na linha de frente
A BGS (Brasil Game Show), chega ao seu terceiro dia de evento, talvez o mais cheio até agora segundo as impressões da nossa equipe, sendo um dia marcado por mini campeonatos promovidos por vários estandes, inclusive Indies, além da tradicional BGC, a Brasil Game Cup, que acontece todos os dias. Mais ainda, também aproveitamos para experimentar alguns jogos e conferimos o resultado da produção do Brasil Games Jam, onde alguns estudantes de programação de jogos foram desafiados pelo Banco do Brasil a produzir um game em 48 horas.
Se aventurando pela Avenida Indie da feira, nosso time se deparou com um campeonato de Gang Beasts, que é um divertido jogo de luta no qual o objetivo é jogar o adversário para fora da arena, o que acabou fechando o corredor da Avenida Indie pelo número de pessoas interessadas. Também estavam acontecendo pequenos campeonatos de CS:GO no estande da Razer e de LOL nos estandes da HyperX, destaque para as meninas campeãs da BGC de CS:GO feminino, a OpTic Brasil.
Ainda na Avenida Indie, a brasileira Behold Studios, produtora dos famosos Chroma Squad e Knights of Pen and Paper, trouxe uma prévia de Out of Space, um jogo em que o objetivo é a sobrevivência. Porém, temos que lidar com a dificuldade de limpar o lugar que já é habitado por alienígenas que te atacam enquanto você tenta organizar o espaço. O game ainda está em sua fase Pré-Alpha e, segundo os desenvolvedores, deve ser lançado em 2019 para PC, Xbox One, Playstation 4 e Nintendo Switch.
A Bloober Team compareceu mais uma vez ao evento trazendo 2 títulos: Layers of Fear e Observer, com a novidade de poderem ser jogados na plataforma do Nintendo Switch. E em conversa com a nossa equipe, o time polonês responsável pelo game explicou que o foco dos jogos não é no estilo de terror hardcore, mas sim no terror psicológico, por isso a preocupação com o ambiente e o envolvimento do jogador com a história têm sido o principais focos da empresa. Já sobre o Brasil, a galera da Bloober disse sentir um público viciado nesse gênero e que sempre recebe de braços abertos as ideias malucas da empresa – como focar o game na perspectiva de um pintor – e isso é um grande incentivo para que eles continuem retornando ano após ano no evento.
Na Brasil Game Jam tivemos a oportunidade de experimentar jogos desenvolvidos em apenas 48 horas. O objetivo era fazer um game educativo que envolvesse educação financeira, mas que ao mesmo tempo fosse lúdico. A decisão será feita inicialmente entre 10 equipes, que serão votadas pelo público até que restem apenas 5. Obviamente, não esperamos que as produções fossem perfeitas, mas encontramos propostas bem interessantes sobre as quais iremos nos aprofundar quando for escolhida a equipe campeã, então não deixe de nos acompanhar.
NG Review: Lenin the Lion
Lenin The Lion é um jogo indie brasileiro idealizado por João Bueno, que também produz toda a arte e programação. Logo, o game foi praticamente desenvolvido por apenas uma pessoa! A maior dificuldade encontrada por Bueno foi na hora de fazer a trilha sonora, o que o levou a contratar um músico para produzir faixas exclusivas para o jogo.
Com um estilo 8-bit programado a partir do software RPG Maker, Lenin The Lion tem como grande inspiração o jogo Undertale. A possibilidade de fazer escolhas ruins, neutras ou boas que impactam diretamente no rumo da história foi uma grande marca desse jogo de 2015, e também é presente no indie brasileiro.
O jogo conta a história de Lenin, um leão albino que sofre muito bullying por parte dos outros leões por causa da sua condição. E pra complicar mais ainda, Lenin sofre de problemas como ansiedade e depressão. A demo do jogo, embora muito curta, consegue mostrar bem essa vibe do jogo, permitindo o jogador fazer algumas decisões significativas.
Para aqueles que gostam de jogos focados em história e tomada de decisões, Lenin The Lion é um jogo que vale a pena ficar de olho. Já para os que preferem ação e uma jogabilidade mais enérgica, talvez não seja o game ideal, visto que o jogo não tem combate. O criador, João Bueno, tem por meta terminar o jogo até a metade de 2019 para então lançá-lo na Steam.
E é aberto os portões
Hoje ocorreu o segundo dia de BGS, e nele tivemos a abertura dos portões para o publico geral, e não mais apenas para imprensa e vip’s, com isso foi significativo o aumento de pessoas do evento fazendo honrar o nome de maior feira de jogos da America latina.
Nesse segundo dia tivemos o campeonato masculino de CS:GO da BGC, que agraciou a W7MGaming como vitoriosos na final contra a Team Wild. Tambem tivemos um aumento significativo de Digital Influencers nos mais diversos estandes, como a presença do Gaveta, que apresentou Injustice 2 pela Warner, Cid do Não Salvo, que jogou CS:GO com aqueles que passavam pelo stand da HyperX, e BRKS Edu que participou do estande da Old Spice. Alem, é claro, do estande da Twitch.tv, um dos estandes com maior circulação de pessoas por contar com a presença de diversos streamers que participavam de palestras.
Apesar do aumento do publico ainda reparamos a indiferença das pessoas quanto aos desenvolvedores indies brasileiros, que apesar de ótimas propostas de jogos, como Trajes Fatais, Adore e Kat Dealears, passam desapercebidos pelo publico geral. Em conversa com alguns youtubers, percebemos que o foco da maioria ainda é jogos Mainstreams, principalmente do gênero battleroyale. Contudo temos o streamer Felipe da Bro Games nos contou que trabalhar com jogos indies tem lhe trazido grande retorno de viewers, alem de ser um prazer conhecer novos jogos envolventes.
E o show começa….
Aconteceu hoje, dia 10 de outubro, em São Paulo, no EXPO CENTER NORTE, a abertura da décima primeira edição da Brasil Game Show(BGS), maior feira de games da América Latina. Assim como nos outros anos, o evento segue com sua programação típica: expositores de jogos, expositores de equipamentos gamers, cosplayers, youtubers, streamers, sorteios, campeonatos, além da presença de grandes nomes da indústria de jogos eletrônicos.
Nesse primeiro dia, destinado exclusivamente a imprensa, ou aos que adquiriram entrada VIP, a equipe do Programa New Game, conseguiu fazer algumas entrevistas, além de jogar alguns dos maiores lançamentos do ano. E é isso que vamos tentar fazer por aqui: dar um gostinho de como é estar neste evento excepcional para a vida de qualquer gamer.
Ficou evidente o destaque para os jogos de realidade aumentada, também conhecido como VR. Astro Bot: Rescue Mission, Tetris Effect, Golem, Blood & Truth e Beat Saber, foram nossos jogos destaque nessa categoria. É interessante ver como essa modalidade tem expandindo cada vez mais seu espectro de gêneros de jogos. No Beat Saber, por exemplo, você, inclusive, consegue queimar umas calorias, sendo que, ao contrário dos outros, nele você precisa de todo seu corpo para jogar. Enquanto no Golem, você tem a perspectiva de seu personagem, de um ponto de vista muito fidedigno e que reflete a sensação de ser um gigante mesmo sentado no sofá. Nossa crítica vai para a quase escassa presença das desenvolvedoras brasileiras, nesta modalidade.Além disso, os preços, tanto do óculos, quanto dos próprios jogos, ficaram parados no tempo, e ainda não condizem com a maioria esmagadora dos brasileiros.
Outro aspecto que chamou nossa atenção, é que em meio ao momento em que os MOBA’s dominam a internet o FPS rouba a cena no evento. São inúmeros jogos, campeonatos, e a presença dos melhores jogadores, não apenas do Brasil, mas do mundo, no evento. E falando no assunto, Gears of War 4, é o nosso destaque negativo na categoria FPS, o pequeno avanço nos gráficos não contrapõe à altura o péssimo desempenho da mecânica, os grandes slow-downs que quebram a dinâmica do jogo e reduzem drasticamente o tempo de ação. Mas por outro lado grandes da categoria, como Battlefield V e Black Ops, nesses quesitos, estão anos à frente. A franquia Call of Duty percebeu que é o momento ideal para abandonar as campanhas e investir pesado no modo online. Já seu concorrente, sai na frente por ter o modo BattleRoyale aliado a uma história que ainda prende boa parte dos players.
Além dos grandes lançamentos, existe uma área especial(exclusiva-no sentido literal da palavra, já que ela exclui os desenvolvedores nacionais do centro do evento) destinada aos jogos independentes nacionais. Em um corredor, diversos desenvolvedores e equipes tentavam apresentar seus jogos, alguns feitos por grupos extremamente pequenos. Lenin The Lion, por exemplo, é produzida por uma pessoa mais um colaborador. O jogo conta a história de um leão que sofre bullying por ser albino. Aliado a isso, ele sofre problemas como ansiedade e depressão.
E os famosos, neste primeiro dia, ainda foram poucos, apenas alguns streamers e youtubers, a presença de Marcos Mion no jogo escape 60, com temáticas de lendas urbanas brasileiras, foi uma real surpresa para o público do evento, que não esperava por uma experiência tão divertida.
Fallen, nomeado em 2015, como a pessoa mais influente do e-sport brasileiro, foi a maior procura dos fãs, já que a atuação do player fora do Brasil tem lhe rendido títulos nunca esperados pelos brasileiros.
Esses foram alguns dos destaques do primeiro dia da BGS 2018. O Programa New Game pretende nessa cobertura, informar sobre todo o evento, mas com enfoque nos jogos nacionais que farão parte de nosso próximos programa na rádio. Fique ligado no instagram @programanewgame, para ficar de olho em nossos stories na BGS, e não deixe de acompanhar o site, onde iremos postar textos relacionados ao evento.
O casamento das HQs e jogos
[Texto por Marco Vieira]
Em uma época que quadrinhos são adaptados de forma tão constante para outros tipos de mídia como TV e Cinema, fica impossível não falar da relação entre as HQs e os jogos. Existem vários sites falando dos melhores jogos baseados em HQs, com títulos como The Walking Dead, Batman e Homem-Aranha, sempre encabeçando essas listas. Mas existe o outro lado da moeda, e são as HQs que foram inspiradas por games.
Talvez para os que estão mais por dentro do universo dos quadrinhos, não seja uma surpresa que um jogo como Team Fortress 2 tenha sua própria HQ. São várias que seguem essa ideia, com outros títulos surgindo de jogos como Mortal Kombat, Left 4 Dead 2, Assassin’s Creed, Tomb Raider e até Last Of Us.
Muitas dessas HQs são muito bem conceituadas, e muitos dos jogos que são adaptados dos quadrinhos, também recebem críticas muito positivas. Talvez seja o fato dos envolvidos nessas adaptações serem mais capazes, ou talvez as duas mídias tenham muita afinidade. Não vemos com tanta frequência sucesso em outras traduções de mídias, como jogos para filmes.
O diretor de criação do jogo multiplayer EVE Online, Torfi Fras Olaffson diz que os quadrinhos permitem uma maior liberdade na hora de escrever, se comparado à escrita de games. Com essa afirmação, é possível imaginar que esta seja uma das causas do casamento entre games e quadrinhos ser tão bem sucedido. São duas mídias com muita liberdade, ainda que segundo Torfi, os quadrinhos sejam mais livres, é inegável que os games também oferecem essa liberdade, especialmente se comparado a filmes, que tem que contar uma história, apresentar seus elementos, desenvolver personagens, tudo em mais ou menos 2 horas.
Um exemplo que vale ser observado, especialmente com as notícias da produção de uma série, é The Witcher. Iniciado como uma série de livros, foi adaptado para o mundo dos games, e depois para as HQs. Tanto o jogo como os quadrinhos ajudaram a expandir o universo de The Witcher, devido a liberdade que as mídias oferecem. Será que a série vai conseguir superar o casamento de jogos e HQs?
Crescimento exponencial do esporte eletronico
[Texto por Francisco Rodello]
O e-sports, ou esporte eletrônico, é o grande fenômeno gamer do século XXI, com
prospecções de crescimentos ,segundo uma pesquisa da NewZoo em 2017, de movimentar
no mercado cerca de 1,4 bilhões de reais. Isso deixa claro o quão grande esse mercado já
é, e como o crescimento dele foi dado como exponencial.
A modalidade contudo, sempre foi paralela ao mundo gamer, desde sempre fez
competições amadoras em micro escala lotando fliperamas. Porém, após os anos 2000 o
crescimento dessa modalidade fez um boom no esporte eletrônico mundial, abrindo a porta
para vários jogos como, Counter-strike (CS:GO), League of Legends (Lol) e dota montarem
um ramo totalmente profissional nessa área, além de um público de espectadores que
beiram os 400 milhões de espectadores, segundo uma pesquisa também da NewZoo, para
se ter uma ideia segundo a agência, em uma partida do mundial de Lol em 2016 a média
dos espectadores era de 4 milhões.
Esse mercado se tornou tão grande, que as universidades americanas, oferecem bolsas
para quem se mostra bom desempenho em e-sports. Hoje já existe uma estrutura vinda dos
próprios desenvolvedores para isso, a Riot Games , desenvolvedora do League of Legends,
criou plataformas para que as universidades ingressarem no ramo competitivo, a UNILol
como é chamada no Brasil é um programa que reúne esses time universitários para
competições.
Na Universidade Federal de Viçosa, onde a NewGame se encontra, acontecerá neste
domingo, dois campeonatos de e-sport, um de Lol e outro de CS 1.6, sediado no Fernando
Sabino durante o evento Viçosa Comic-Con. A NewGame em entrevista com os
organizadores, constatou como o cenário se comporta na cidade, e as dificuldades
encontradas para promover eventos desse tipo seria a falta de união da comunidade na
cidade, visto que apesar de ter um número alto de jogadores eles não se conhecem logo é
difícil organizar esses campeonatos.
A NewGame em entrevista com a Amanda, organizadora do campeonato de CS, disse a
nós que já tinha um campeonato do jogo na escola de inglês que leciona, e decidiram levar
para o público da cidade. O campeonato conta com duas etapas, uma classificatória que
ocorreu no último sábado, classificando 4 equipes em jogos de melhor 3. Essas 4 equipes
vão se enfrentar no domingo, 30, junto também com o campeonato de Lol que será feito
com etapa classificatória neste sábado, 29, com final também para o domingo.
Se você é de viçosa e quer ver de perto esses eventos, compareça a viçosa comic-con que
como dito ocorre neste domingo, em todo Fernando Sabino. O evento além sediar esses
campeonatos, também contará com participação da equipe NewGame e esperamos ver
todos no evento, muito obrigado e até lá.
Dia do Radio
No dia 25 de setembro é comemorado o dia do rádio, e nós não poderíamos deixar de falar um pouco sobre esse meio de transmissão em que publicamos nosso programa.
O rádio foi criado no século XIX e seu desenvolvimento é creditado a Guglielmo Marconi, físico alemão vencedor do nobel de física de 1909. Já a primeira transmissão foi feita por um padre brasileiro por volta de 1893. Roberto Landell de Moura fez a experimentação em Porto Alegre, sede de sua paróquia.
A rádio foi o primeiro recurso de comunicação sem fio, e se dá até os dias de hoje. Logicamente a influência desse meio se daria nos jogos, como meio de se ambientar o jogador e fazê-lo entrar naquele mundinho, como em Forza Horizon, uma série de jogos de corrida em que o recurso de rádio é recorrente, dentro do jogo existem algumas estações que servem para embalar as corridas que você participam, enquanto GTA te permite acessar o recurso de rádio quando você está dentro de carros para você se sentir calmo e relaxado com uma música suave ou te animar para a próxima missão com um ritmo agitado.
Nós, da New Game, temos prazer em trabalhar com um veículo que foi tão importante para a história humana e agradecemos a todos os ouvintes que fortalecem para que essa mídia se mantenha viva. Feliz dia da rádio de toda a nossa Equipe New Game.
RPG Maker – Criando seu próprio mundo do (quase) nada
[Texto por Lucas Senpai]
Com certeza muita gente, desde pequena, se interessou na criação de jogos. Por ter crescido jogando obras que foram feitas com muito esmero e dedicação de seus criadores, muitos são atiçados a se aventurar no mundo do desenvolvimento de games, e nem sempre isso é das coisas mais fáceis.
As engines mais complexas disponíveis nos dias de hoje, como a Unreal, Unity, são caras em suas versões mais elaboradas e exigem um poder de processamento enorme do computador, é extremamente difícil elaborar artes, modelos de personagens, trilha sonora e outros aspectos dos jogos que são feitos em equipe ou por artistas mais talentosos e com experiência quando a pessoa só quer experimentar com a criação de jogos. Mas é aí que entra o RPG Maker.
Um programa extremamente simples, já com artes pré-instaladas no programa: desde objetos, a cenários, elementos de cena, modelos de personagens, tudo pronto para você montar o seu próprio jogo. Montar, aliás, é uma palavra que se encaixa muito bem ao se descrever o processo criativo de um jogo no RPG Maker.
Quem desenvolve pro RPG Maker não vira, necessariamente, um desenvolvedor de jogos. Isso acontece devido ao fato de que o programa não requer (ou até mesmo ensina) habilidades de programação avançada que são chave para o desenvolvimento de jogos. Tudo no RPG Maker pode ser montado por meio de ferramentas simples para o usuário. Ele monta o cenário utilizando “peças” de gráficos, usando blocos de pedra para desenhar uma estrada, a grama ao lado, a parte da frente de casas e outros elementos visuais. Por cima disso, são inseridos os modelos de personagens, que podem ser configurados para responder à interação do jogador com falas simples.
Porém ainda é possível aprender algumas técnicas de programação de jogos bem básicas com o uso dessa ferramenta. O usuário pode aprender como funcionam scripts, uma ferramenta básica que dita como os elementos do jogo interagem entre si, aprender a programar inícios e fim de cenas, fazer balanceamento dos combates caso o jogo seja um RPG, adicionar seus próprios modelos de personagens ou cenários ao jogo caso ele deseje… as opções são muitas!
Um dos principais atrativos do RPG Maker é a versatilidade. Caso o usuário deseje criar um jogo simples, feito somente com o conteúdo pré-instalado no jogo, ele pode muito bem fazer isso sem muitas dificuldades ou complicações. Porém, para o usuário mais avançado ou com mais interesse de aprender, é possível customizar completamente os elementos do jogo e fazer algo realmente seu, aproveitando de sua criatividade e capacidade de desenvolver esses elementos.
O RPG Maker pra mim foi só um brinquedo, um bem complexo que me permitiu sonhar com o desenvolvimento de jogos maiores e um futuro nessa indústria interessantíssima, mas poderia muito bem ter sido uma porta de entrada para ela, pois é um programa que dá plataforma para os mais criativos e sonhadores terem um pezinho na realidade
Conexão: filosofia e jogos: quando é que a narrativa é o mais importante?
[Texto por Larissa Abreu]
Essa primeira metade do ano 2018 foi repleta de lançamentos de jogos com gráficos extremamente bem trabalhados, como o tão esperado Spider-Man e o revolucionário Detroit: Become Human. Muitas desenvolvedoras dão muito gás para essa parte específica dos jogos, que pela maioria dos olhos dos consumidores, é considerado conceito de qualidade. Geralmente a construção da trilha sonora também entra como uma parte significativa do investimento, mas é visível que cada vez mais os jogos tendem a tentar se parecer com a nossa realidade. Muitos jogos são até comparados com produções de cinema, sabia? Às vezes dentro da empresa que desenvolve o game tem um grupo de pessoas específico só pra produzir cada pedacinho dele. Mas meu querido, chega mais, vamos sentar aqui e bater um papo cabeça. Nós da New Game viemos exatamente para colocar em discussão esse assunto: o gráfico é o conteúdo mais importante de um jogo? Qual a importância da conexão da narrativa, da trilha sonora e da qualidade gráfica?
As grandes empresas desenvolvedoras têm um quesito que dá uma vantagem aos seus criadores: eles tentam tirar do zero as suas próprias arquiteturas dos códigos dos jogos. Coisa que uma desenvolvedora indie não consegue arcar em questão de grana, por exemplo. Muita gente monta jogo em RPG Maker e faz muito sucesso. Essa ferramenta simples – e fantástica, ao meu ver – gerou vários jogos famosos, como a maravilhosa trilogia de To The Moon. Podemos usar esse jogo mesmo como exemplo no que vamos discutir ao longo desse texto. Uma desenvolvedora que não tem muito investimento pesado e nem muito patrocínio, que depende de um programa externo, usa disso para inserir uma pitada a mais na narrativa do jogo. Todo o drama e todo o envolvimento com o personagem criado em To The Moon fragiliza o jogador. A proximidade pessoal aumenta em seu segundo jogo, A Bird Story, que insere uma indagação: quais são as melhores opções nesse cenário? Poderia eu, um personagem que é uma criança na narrativa, não salvar um passarinho que está machucado na sua frente? Poderia eu não me apegar com a história que está sendo narrada? E poderia eu não me emocionar em ver esse mesmo personagem, agora idoso, sendo o protagonista do último e terceiro jogo da trilogia, Finding Paradise? É claro que essa história poderia ter sido contada de outra forma, com outras formas de jogabilidade, outras características do mundo dos jogos.
Mas o fato do gráfico não ser lá o seu principal elemento de investimento colocou um gancho para ser puxado. Inclusive em alguns casos não é acidental, o desenvolvedor realmente busca explorar de outras formas de tocar o jogador que não seja pelo conteúdo realista demais.
Outro jogo que marca muito essa linha de produção é Rakuen, que além de também ter sido desenvolvido no RPG Maker, tem uma linda e emocionante lição de moral no final. Toda a construção de cenário da mãe do personagem, toda a situação que indica que o garoto possui uma doença fortalece o contato do jogador e jogo.
Mas como tudo sempre tem sua excessão… vem Detroit: Become Human e chega que nem um tapão na nossa cara. O questionamento de certo e errado vem entrelaçado do gráfico impecável e da trilha sonora de emocionar. Em questão de inovações, também temos Life is Strange, que por mais que tenha um traço menos realista, usa da narrativa, da trilha sonora e dos ângulos alternativos para mostrar o ponto de vista do personagem.
Deixando a questão em aberto, eu pergunto para vocês, New Gamers: o que você acha que é mais importante em um jogo? A narrativa envolvente, uma grande lição de moral no final, um emaranhado de críticas sociais e uma boa quebra na clássica jornada do herói? Ou seria o gráfico e sua aproximação com a realidade? Dê sua opinião pra gente!
FINAL DO SEGUNDO SPLIT DO CBLOL 2018
[Texto por Lucas Senpai]
Acabou há poucas horas a final do Segundo Split de 2018 do CBLOL, o Campeonato Brasileiro de League of Legends, e meus amigos, que final foi essa.
A final, antes de começar, já tinha muito hype nas costas. Dois times subindo direto do Circuito Desafiante, a Kabum No primeiro split e o Flamengo nesse segundo. A rivalidade entre brTT e Titan, um dos mais tradicionais adc do nosso cenário contra seu “filho”, o jovem que acaba de fazer dezoito anos e já começa a colecionar títulos no cenário. O que não faltou foi história pra definir o cenário desse confronto histórico.
Com uma introdução típica das finais do CBLOL (especialmente as do segundo split, que tem um carinho especial pela senhorita Riot Games), um show de música mais parecida com as trilhas sonoras compostas para o jogo deu tapete para o rapper Emicida entrar no palco e roubar a cena com uma música sobre o jogo, dando destaque para vários jogadores e ex-jogadores, além de influências no cenário. “É só um joguinho, eles disseram”, cantou Emicida, esnobando as opiniões negativas sobre o cenário, ele que também joga League of Legends.
Os jogadores entraram entre as estrofes da canção, animando a platéia de Porto Alegre. Primeiro a Kabum, com Zantins, Ranger, Dynquedo, Titan e Riyev, do top até o suporte respectivamente. Logo após entrou o time do Flamengo, com Jisu, Shrimp, Goku, brTT e esA. O “pai” e Goku exibiam seus cabelos vermelhos para animar ainda mais a torcida rubro negra, que era visivelmente mais proeminente no estádio, com gritos constantes de “Mengo, Mengo!” durante as partidas que estavam por vir e na própria votação promovida pelo Twitter da Riot Games.
Após mais algumas matérias sobre a temporada que havia se passado e os jogadores que agora tomavam seus lugares no stage, finalmente começaram os picks e bans da primeira partida entre Kabum e Flamengo.
Partida 1
Flamengo – Urgot, Nidalee, LeBlanc, Kai’Sa e Alistar (Lado Vermelho)
Kabum – Rumble, Gragas, Zed, Jhin e Braum (Lado Azul)
A Nidalee e a LeBlanc na composição já indicavam: o Flamengo não queria enrolação. E esse primeiro jogo foi (quase) completamente controlado pela equipe rubro-negra. A Nidalee do Shrimp pressionou desde os primeiros minutos do jogo, seja na rota superior em cima do Zantins, ou na selva contra o Ranger, o coreano estava sempre proativo no jogo, garantindo vantagens tanto para seu campeão quanto para os de seus companheiros. Esse ritmo foi mantido pelo Flamengo, sendo que Jisu também pressionava e empurrava a lane para poder rodar o mapa e garantir objetivos maiores.
O maior susto para a equipe do Flamengo foi em torno dos 16 minutos de jogo, onde uma investida pela rota do meio para levar a torre da Kabum quase virou uma tragédia para a equipe do Flamengo, que perdeu quatro de seus jogadores. Porém, apesar disso, a vantagem estava mais que consolidada, e o Flamengo converteu essa pressão toda em um barão, onde converteu mais algumas kills em cima do time da Kabum que tentava contestar o objetivo. Com o bônus em mãos, os rubro-negros só tiveram o trabalho de empurrar as rotas com os minions e terminar o jogo super controlado aos 25 minutos.
FLAMENGO 1 – 0 KABUM
Partida 2
Flamengo – Vladimir, Gragas, Zoe, Ezreal e Alistar (Lado Vermelho)
Kabum – Urgot, Jarvan IV, Orianna, Vel’Koz e Tahm Kench (Lado Azul)
A Kabum deve ter tomado um susto com o primeiro jogo, porque voltou um time novo para esse segundo embate. Com picks mais agressivos para o early game como o Jarvan IV do Ranger, que fez muitas participações em jogadas desde o early game, o Vel’Koz na mão de Titan (que já jogou muito bem com ele durante a fase de pontos do campeonato), o time da Kabum perdeu toda a timidez que teve no primeiro jogo e tomou mais as rédeas da partida.
O começo da rota inferior da Kabum foi muito conturbado, com troca de abates entre os dois lados, mas apesar disso, a pressão de Ranger pelo mapa manteve o time confortável na partida. Titan e Riyev também inverteram com Zantins, após derrubarem a rota inferior com a pressão do Vel’Koz e a segurança do Tahm Kench, expandindo a influência da Kabum pelo mapa.
Após ter o arauto roubado pelo time do Flamengo, o time da Kabum perdeu um pouco o ímpeto, mas através de vários picks através do mapa, com destaque para o J4 do Ranger, que fez ótimos picks importantes em torno de objetivos e garantiu ao time da Kabum a vantagem necessária para fazer o Barão com tranquilidade (com direito a kill do Gragas do Shrimp com a ult do Titan) e destruir o Nexus da equipe do Flamengo pela rota inferior.
FLAMENGO 1 – 1 KABUM
Partida 3
Flamengo: Jarvan IV, Olaf, Orianna, Xayah e Rakan (Lado Vermelho)
Kabum: Jayce, Poppy, Azir, Lucian e Shen (Lado Azul)
Tudo igual na série, a Kabum já assusta nos picks e bans mostrando um dos grandes algozes da CNB contra a equipe do Flamengo, que foi a Poppy jungle. Porém, dentro da série, não parecia nem o mesmo campeão que afundou o navio da CNB. Ranger mostrou muita proatividade com o campeão no early game, garantindo kills para seu time e dando uma vantagem interessante para a Kabum no early para o mid game. As lutas em torno do aronguejo e objetivos menores na selva foram em favor da Kabum, até que o time do Flamengo fez um pickoff no Zantins voltando à base com seu Jayce. Disso, a equipe rubro-negra tirou vantagem para levar as torres de tier 1, o que foi dando bastante ímpeto para o Flamengo, apesar da dominância permanecer com a Kabum.
Então, numa chamada de Barão que se resumia ao timing do golpear dos dois caçadores, Shrimp usou seu flash pra entrar no covil do Barão e roubar o objetivo para o time do Flamengo. Nisso, o Flamengo se juntou para dar um grande engage na rota do meio em cima da Kabum. Enquanto Zantins fazia o split push no bot, e levava o inibidor, o time da Kabum conseguiu segurar o engage do Flamengo. Enquanto Zantins voltou para se juntar à luta, Titan usou o teleporte para levar o inibidor que Zantins deixou “pelado”. Isso deixou o menino Titan fora de posição, mas o mesmo conseguiu enrolar três jogadores do time do Flamengo dentro da base deles, ainda levando um abate em cima do brTT.
Essa abertura do inibidor inferior do Flamengo abriu o mapa completamente para o time, que fez o Barão tranquilamente. Abusando do buff e da composição do time, a Kabum empurrou mais uma vez para a vitória, ficando a um jogo de distância do título do segundo split do CBLOL de 2018.
FLAMENGO 1 – 2 KABUM
Partida 4
Flamengo: Rumble, Skarner, Jayce, Varus e Alistar (Lado Azul)
Kabum: Gnar, Jarvan IV, Zoe, Tristana e Shen (Lado Vermelho)
Esse jogo é um pouco mais estranho de se analisar. Não sei se por empolgação com a virada, por falta de atenção ou só muito azar, as calls da Kabum nesse jogo inteiro não funcionaram muito bem. O early game foi focado inteiramente na Tristana do Titan, com várias mortes acumuladas no time da Kabum para dar recurso para tentar adiantar o pico de poder desse campeão, que é bem forte. Porém, nesses dives, o esA jogou magistralmente com seu Alistar, segurando várias investidas do J4 do Ranger e os “provocar” do Shen do Riyev. Nisso, do outro lado do mapa, Jisu afirmava a dominância na lane sobre Zantins, solando seu Gnar com tranquilidade usando o Rumble e levando logo a primeira torre do jogo em favor do time do Flamengo. Após isso, Jisu focou no split push na bot lane, com Titan e Riyev empurrando a lane do top para liberar mais o mapa para o time da Kabum.
Ranger e Zantins tentaram incessantemente parar o split push do Jisu, porém o time do Flamengo se juntou para segurar os ganks dos dois (até com participação do Riyev pelo “Manter a União” do Shen) e foi só acumulando abates para o Rumble de Jisu e o Varus do brTT, que apesar da pressão sofrida na rota, se recuperava bem rumo ao mid game.
Nisso, Titan continua tentando fazer split push na rota superior e jogando separado do restante da Kabum, fazendo com que a vantagem acumulada por ele se tornasse irrelevante em frente à vantagem que os carregadores do Flamengo obtiam com os abates sobre o seu time. O Flamengo aproveitou o espaço deixado pela Kabum após mais uma luta péssima e fez o Barão, que foi a sentença de morte para a equipe laranja. Os rubro-negros se juntaram na rota do meio e empurraram até o nexus impiedosamente, empatando mais uma vez a série.
FLAMENGO 2 X 2 KABUM
Partida 5
Flamengo: Ornn, Sejuani, Irelia, Kai’Sa e Alistar (Lado Vermelho)
Kabum: Urgot, Kindred, Zoe, Tristana e Braum (Lado Azul)
A última partida da série já começou pegada, com um early game cheio de lutas, tanto entre os caçadores quanto aos dois jogadores na rota do meio. Goku, que finalmente escolheu sua Irelia, campeão no qual tem muita proficiência, forçou a presença de Ranger na rota do meio para que Dynquedo não morresse para os atordoamentos precisos feitos por Goku. Apesar disso, Goku conseguiu o first blood em cima de Ranger, numa jogada um tanto quanto duvidosa pelo caçador da selva da Kabum. Enquanto isso, a rota inferior era um campo de batalha também, com trocas de dano intensas para os dois lados, porém nunca o suficiente para abater os jogadores. Isso só mudou quando Goku desceu com Shrimp, dando um belo dive e garantindo mais dois abates para a equipe do Flamengo.
Mas no top, Zantins não queria nem saber. Impondo a sua vantagem com seu Urgot, aproveitou a vantagem de farm e de pressão para levar a torre do top com a ajuda de Ranger e Dynquedo e garantir esse bônus de ouro para a equipe da Kabum, em contraponto ao dragão da montanha que era abatido pelo time do Flamengo.
Com o ímpeto dos abates e do dragão realizado, o time do Flamengo pressionou a rota do meio, conseguindo mais dois abates para o Flamengo, que continuava a ganhar força dentro do jogo. Apesar disso, a Kabum aproveitou o recuo do Flamengo após tentar forçar a torre do meio pra fazer um pickoff no Alistar do esA e conquistar o arauto, que armou… e PEY, já levou a primeira torre do meio e mais metade da segunda.
Depois de muita dança por visão, um dragão da montanha para a Kabum e alguns pickoffs por ambos os times, o Flamengo conseguiu uma kill importante perto do barão, abatendo o caçador da Kabum, o que tiraria a pressão deles sobre o Barão, porém numa virada excepcional feita por Titan, Riyev e Dynquedo, o time da Kabum conseguiu abater o time do Flamengo inteiro de uma vez (com exceção do esA que ainda estava nascendo na base), empurrar os minions na rota superior e executar o Barão com tranquilidade. Porém, o uso do Barão pela Kabum foi bem questionável no começo, com o time sofrendo pickoffs na parte inferior do mapa e tendo que se organizar para não sofrer perdas maiores. Mas aí veio a surpresa.
No último minuto do buff roxo, o time da Kabum se juntou na rota superior e empurrou, sem piedade nenhuma, da torre de tier dois até o Nexus, esmagando a equipe do Flamengo e se sagrando campeã do Segundo Split do CBLOL de 2018.
Resultado final: FLAMENGO 2 – 3 KABUM
Com o título nas mãos, a Kabum garante sua vaga nos play-ins para o campeonato mundial de League of Legends, que começa no mês que vem, Outubro, na Coréia do Sul.
Jogos Nacionais: onde erramos?
[Texto por Matheus Aguiar]
Em 1972, nascia o primeiro jogo eletrônico comercial no mundo. “Pong”, que foi desenvolvido pela Atari, concedeu aos norte-americanos o pioneirismo de uma indústria, que, décadas depois, se tornaria um dos expoentes da economia alternativa contemporânea.
E apenas no início dos anos 80, uma década depois, nascia o primeiro game nacional aberto ao mercado, o “Amazônia”, desenvolvido por Renato Degiovani (conhecido por ser o primeiro projetista de jogos no Brasil). Essa lacuna temporal pode ser considerada até muito curta, já que as tecnologias em geral costumam demorar um bom tempo para chegar às terras tupiniquins. Ou seja, se nosso começo não foi tão atrasado assim, onde foi que erramos no percurso para estarmos tão distantes das atuais potências do mercado gamer? É ISSO QUE VAMOS TENTAR DESCOBRIR.
A História dos jogos eletrônicos brasileiros
Quando tudo ainda era mato por aqui, em 1991, a desenvolvedora Tectoy reprogramou o jogo da Sega, “Wonder Boy in Monster Land”(1987), modificando a história original para outra, digamos, muito mais brasileira: A turma da Mônica. E assim nasceu “Mônica no Castelo do Dragão” para Master System, que contribuiria muito para a popularização do console no país.
Posteriormente foram lançadas duas continuações do game, ambas adaptações da série Wonder Boy.
https://www.youtube.com/watch?v=RFEZzob5KGU
O primeiro jogo TOTALMENTE brasileiro que fez sucesso internacionalmente foi inspirado pela pitoresca história da suposta aparição de um extraterrestre na cidade mineira de Varginha. O game, lançado em 1998, intitulado “Incidente em Varginha”, foi desenvolvido pela brasileira Perceptum – uma das pioneiras no escasso mercado local. Aqui, o jogo vendeu apenas 2 mil cópias, enquanto no resto do mundo a repercussão foi maior, 20 mil cópias. O problema: a distribuição para as lojas nacionais era limitadíssima.
https://www.youtube.com/watch?v=KFpxTt5aoFw
Em contrapartida, “Gustavinho em o Enigma da Esfinge” (1996), vendeu mais de 60 mil cópias. E foi além, em comemoração aos seus 20 anos, o game chegou a ser relançado em 2013 para iOS, e em 2017 para Android. O destaque do jogo é que ele foi o primeiro, e talvez um dos únicos, que contara com a participação de um brasileiro famoso na interpretação de um personagem: a atriz Marisa Orth (Sai de Baixo, Toma Lá Dá Cá) foi a Cléopatra na história.
https://www.youtube.com/watch?v=gTtds_04S28
O que percebemos, é que até a década passada, a maioria esmagadora dos jogos eletrônicos brasileiros tinham o público infantil como seu grande alvo. Ou pelo menos, os títulos tinham uma indicação mais familiar. Isso se deve pois uma boa parte das desenvolvedoras serem também empresas de produtos infantis, ou estarem atreladas à uma campanha publicitária muito maior do que o próprio jogo. Nesse caso, os jogos funcionavam como espécie de extensão de algum produto ou show de tv (como no caso do Show do Milhão).
Jogos Independentes (ou nem tanto)
A história de desenvolvedores que vão na contra-mão das grandes empresas começou, relativamente, cedo no Brasil. No início dos anos 2000 já haviam muitos jogos indies fazendo fama nas rodinhas de jogatina da época, ou nas MUITAS lan houses brasileiras. É evidente que a pirataria sempre fez parte da vida da grande maioria dos gamers do país, sendo assim, o jogos independente, que geralmente são disponibilizados gratuitamente nos sites, rapidamente caíram nas graças da população.
O primeiro grande jogo a ser desenvolvido de forma experimental no Brasil foi uma surpresa muito grata, e até hoje, quase 20 anos depois, é citado como uma referência internacional no formato RTS (Estratégia em Tempo Real). Três alunos recém formados do curso de Ciências da Computação na federal do Paraná, em 2001, criaram o Outlive, que também foi um expoente nacional no formato on-line. E se não fosse o abismo financeiro que separava a Continuum (empresa que publicou o game) e a Blizzard (WoW, Hearthstone), Outlive teria concorrido de igual para igual no mercado estrangeiro ao lado do StarCraft.
https://www.youtube.com/watch?v=S2xypUqlnnA
Outra desenvolvedora independente que soube cativar os brasileiros foi a CyberGambá, que entre 2003 e 2006 produziu inúmeras releituras de vários jogos muito conhecidos por nós brasileiros (Mortal Kombat, Super Mario World), em sua maioria, introduzindo personagens da série mexicana Chaves.
Contudo, o grande destaque nessa categoria, que é pouco conhecido, é o jogo Bola de Gude (2005). Mas se quase ninguém conhece, por que ele é tão importante assim? Eu te digo. O game, desenvolvido pela Icon Game ganhou nada mais nada menos que 5 prêmios em 2006, dentre eles o de “Jogo Mais Original – 2006 Ernie Awards”, no Bytten Independent Game Reviews.
https://www.youtube.com/watch?v=h8bbbY6gX5I
No Bombapatch, reencarnamos mais uma vez o “jeitinho brasileiro”, e assim como fizeram nos anos 90 com o jogo da Mônica, um jogo estrangeiro (Winning Eleven) recebeu uma nova roupagem. A questão é que, a GeoMatrix (desenvolvedora do Bombapatch) juntou dois pontos muito simples: a paixão nacional é o futebol; os jogos de futebol no início dos anos 2000 não davam tanta atenção para o campeonato nacional. Foi a chave para o game ser muito bem recebido, e fazer parte da vida de possuidor de um Ps2.
O jogo, desde então, nunca deixou de receber pelo menos uma atualização anual. E na última versão, o game resolveu ouvir a sugestão de um tal meme nacional (ou político para os leigos), e incluiu a seleção da Ursal (União das Repúblicas Socialistas da América Latina) entre as equipes disponíveis.
https://www.youtube.com/watch?v=aQ6FYRW884s
Cenário atual
Com 66,3 milhões de gamers e uma movimentação de US$ 1,3 bilhão em 2017, o Brasil é o principal mercado de jogos da América Latina e o décimo terceiro no ranking mundial, conforme levantamento realizado pela Newzoo. E além do mercado favorável, o país tem se tornado um dos grandes destaques no esporte eletrônico.
Inúmeros são os games nacionais que tem sido destaque tanto por aqui, quanto internacionalmente. Dentre os mais jogados, temos “Knights of Pen & Paper”, “Horizon Chase”, “Until Dead”, “Lila’s Tale: Stealth”,”Chroma Squad” e “AlphaBeatCancer”. Podemos dizer que esse é o resultado do boom telefônico que ocorreu no Brasil nos últimos 5 anos. Certamente, o foco das desenvolvedoras brasileiras é, e será para as plataformas mobiles, já que o custo de produção e de aquisição são consideravelmente menores que nos consoles.
https://www.youtube.com/watch?v=x4utMXu5m6A
Contudo, o maior destaque em premiações internacionais nos últimos anos foi o game Distortions. Vencedor do “Prêmio de Melhor Jogo Brasileiro” no BIG Festival e indicado pelo Indie Prize como um dos dez melhores jogos do mundo em 2017, o game desenvolvido pela Among Giants levou nove anos para ficar pronto. A empresa, que possui apenas dois anos de existência, é uma das bravas resistentes no mercado nacional.
https://www.youtube.com/watch?v=K7SoqM4YsnA
A Among Giants, assim como a Behold Studios, a O2 Games, a Aquiris Game Studio e várias outras desenvolvedoras brasileiras entendem bem a dificuldade de se produzir um game no Brasil. Além da grande falta de investimento, a lei é um pouco confusa quando o assunto é jogos eletrônicos. Por exemplo, algumas desenvolvedoras tem conseguido investimento governamental por meio de editais da Ancine. Ora, mas essa não é uma Agência de Cinema? Pois é, a legislação brasileira, aparentemente, ainda não entende muito bem a diferença.
O que diz a lei?
A primeira legislação que passou a prescrever tudo o que tangenciava o assunto dos jogos eletrônicos no Brasil é a Lei nº 8.248/91, ou Lei de Informática. O objetivo dela é incentivar o investimento em atividades de pesquisa e desenvolvimento (P&D) em Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC). Todavia, essa lei ainda era extremamente abrangente, e a temática dos games dificilmente era abordada por ela. Partindo disso, e principalmente do boom que o mercado sofreu nos últimos anos, fez-se necessário buscar outras leis que definissem melhor o assunto. E é nesse momento que percebemos nosso atraso.
Em suma, o ponto problemático da discussão é acerca do duplo enquadramento do conceito de jogos eletrônicos por parte do Poder Público, diante de sua ambígua definição jurídica, tanto como conteúdo audiovisual, cuja definição se encontra na lei nº. 12.485 de 12 de setembro de 2011 (lei da TV Paga); e como software, consoante disposto na lei nº. 9.609 de 19 de fevereiro de 1998 (lei do software).
De fato, os games se encontram contemplados por ambas as definições, já que ele consiste numa transmissão de imagem (audiovisual), e também é um programa de computador estruturado por uma linguagem codificada (software). A questão é que, nenhuma dessas leis foi desenvolvida pensando na particularidade dos jogos eletrônicos, muito menos nas necessidade de sua indústria. Dessa forma, tanto o mercado quanto os consumidores não se veem deveras resguardados pela legislação.
Mas, nem tudo é negativo, e, podemos dizer que estamos , MUITO LENTAMENTE, mas evoluindo. Em 2017, após um abaixo-assinado com mais de 74 mil assinaturas, o Senado Federal resolveu, finalmente, discutir a redução de impostos sobre games na Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH).
A ideia se transformou numa Sugestão Legislativa de autoria do cidadão Kenji Amaral (RJ), a qual propunha reduzir os impostos sobre jogos e consoles de 71% para 9%. Ela foi aprovada pela comissão e encaminhada, em dezembro de 2017, para o Senado, onde segue em tramitação até hoje.
Segundo um estudo do Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário (IBPT), de 2015, no valor total cobrado por um console de videogame, 72,18% são impostos – foram considerados o PIS/Cofins, ICMS, IPI e Imposto de Importação. O percentual é o mesmo quando o assunto são os jogos. Como comparativo, na mesma pesquisa, o percentual tributado em roupas, foi de 34,67%.
Fica evidente que a legislação do Brasil está muito atrasada quando comparada à outros países. Mas podemos mirar um futuro mais esperançoso, já que o número de desenvolvedoras tem apresentado um bom crescimento. Segundo a Associação Brasileira dos Desenvolvedores de Jogos Digitais (Abragames), em 2008 eram apenas 43 empresas, já no ano de 2018, esse número saltou para mais de 300. Esse salto aumenta a pressão para que a lei melhore nesse aspecto, e também é um incentivo maior para as empresas no que diz respeito à concorrência.