O gênero que brinca com a sua cabeça
[Texto por Thiago Fernandes]
Survival horror, ou jogo de terror, é um gênero do mundo dos games muito conhecido pelas suas singularidades “caóticas”, que buscam sempre colocar o jogador a mercê de seu próprio subconsciente com sistemas agonizantes, perturbadores, psicológicos, etc. Mas disso todo mundo já sabe. Além do mais, hoje em dia, é muito fácil saber como um jogo é classificado nessa modalidade. Por isso, como um grande fã desse gênero, venho destacar alguns dos fatores que acredito serem essenciais para proporcionar uma ótima gameplay para o jogador.
A começar, destaco a história. É crucial para qualquer enredo, seja ele de um filme, teatro, livro ou qualquer outra forma artística, que ela seja bem desenvolvida, cativante e com personagens e contextos bem elaborados. Esse fator, para os jogos, principalmente para os da modalidade apresentada, não seria diferente. Desde as primeiras aparições desse gênero nos consoles, os jogos de terror ganharam muito destaque pelas suas tramas bem arquitetadas, perturbadoras e com problemáticas sociais e provocativas. Tanto é que isso impregnou-se quase como uma obrigação para qualquer desenvolvedor desse gênero. Em jogos, por exemplo, como Silent Hill (2001) e The Last of Us (2013), a história é tão bem trabalhada e desenvolvida que, além do reconhecimento destes até hoje no universo geek, eles são repletos de premiações, inclusive o último, que possui o prêmio de Melhor História em 2014 e 2015 pela BAFTA Video Games Award, uma premiação britânica que acontece anualmente.
Outro fator essencial para o arquétipo de um jogo de terror é a ambientação. A escuridão e o silêncio ensurdecedor já são armas muito cruéis para o psicológico humano, visto que nossa imaginação não tem limites. Agora, imagine esses dois fatores básicos somados a uma trilha sonora arrepiante e misteriosa, barulhos inesperados e avulsos e a sensação horrível de um jumpscare a qualquer momento, ou a de que está sendo perseguido e observado. Quando realmente chegar “o momento”, você já estará completamente abalado. Existem jogos que conseguem mesclar todas essas situações com uma proeza indescritível. É o caso, por exemplo, de Layers of Fear (2016), Soma (2015) e PT (2014).
Além do mais, existem alguns games que buscam, também, trazer experiências fora da “gameplay tradicional de um jogo de terror”, tais como Alien Isolation (2014), no qual você consegue se defender do Alien, a ponto de afastá-lo sempre que você tiver com os recursos necessários para isso, porém só deixará a gameplay mais difícil porque isso deixa a criatura mais brava e ela voltara sempre mais resistente e árdua, e Perception (2017), onde a protagonista é cega e, para visualizar o local, sempre será preciso fazer barulho com a bengala para ver as formas dos objetos que estão na área, porém, tem que ser usado com moderação afim de não chamar atenção das criaturas.
Enfim, esses são dois fatores sobre os survival horrors que, para mim, os tornam games ricos, complexos e de gameplays dos tipos mais variados e instigantes. Vale destacar que a parte gráfica e todos os seus componentes também são de suma importância no desenvolvimento do jogo, pois eles são fundamentais na construção de todos os fatores, principalmente quando se diz respeito à ambientação e a qualidade técnica, responsável direta na experiência do jogador.