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Cinedica | E.T. – O Extraterrestre

Halloween, amizade além das estrelas e uma bicicleta voadora…

Você se lembra da primeira vez que você viu essa estranha criatura de baixa estatura, vinda de outro planeta, capaz de fazer bicicletas voarem? Espera, você nunca viu? É… Vamos conversar, então.

Lançado em 1982, E.T. – O Extraterrestre se consagrou nos corações de todo o mundo contando a história de Elliott e seus irmãos, que fazem amizade com um extraterrestre, apelidado de “E.T”, que ficou preso acidentalmente em nosso planeta. O longa, dirigido e co-produzido pelo mestre Steven Spielberg, logo no lançamento se tornou um blockbuster, superando grandes produções da época como Star Wars e outros. Para você que gosta de uma aventura com personagens carismáticos ou até esquisitos, te darei alguns motivos para (re)assistir esta obra prima.

Simbolismo

O longa é uma obra rica em simbolismo, abordando vastos temas como amizade, liberdade, superação e até mesmo religião. O personagem do E.T. é, por si só, um símbolo de alteridade, representando o “estranho” e “diferente”, pois mesmo sendo uma criatura alienígena, ele também consegue ser dócil e vulnerável, o que geralmente não é esperado quando se assiste algo sobre seres de outro planeta (como por exemplo, Alien, o 8.º Passageiro). Isso cria um contraste com a desconfiança que as figuras de autoridade, como os militares e cientistas presentes no fim do 2º ato, têm em relação a ele. Além disso, a relação de amizade entre o E.T. e o menino Elliott (Henry Thomas) evoca o tema da aceitação do outro e da empatia.

A aparência física do E.T. é um contraste claro com o que esperaríamos de um herói ou protagonista de uma história. Ele é pequeno, com pele enrugada, olhos grandes e movimentos lentos. Em muitos aspectos, ele é fisicamente frágil. Essa vulnerabilidade física, no entanto, não o impede de conquistar o amor e a aceitação. O design da criatura ecoa a ideia de que o valor e a bondade não estão atrelados à aparência exterior, mas sim às ações e à essência interior.

O E.T. e Elliott compartilham uma ligação emocional profunda, que vai além da amizade. Há uma conexão quase telepática entre eles, que simboliza o crescimento emocional de Elliott. Vemos que o garoto se sente solitário, deslocado e com dificuldades de lidar com o divórcio de seus pais. O E.T., por ser uma criatura que também está perdida e longe de casa, espelha esses sentimentos de abandono e solidão. Sua jornada para voltar ao seu planeta é encarada como uma metáfora do amadurecimento emocional de Elliott, à medida que ele aprende a lidar com a separação e encontrar força em novas conexões.

Reprodução: Universal Pictures / Amblin Entertainment

Simbolismo Religioso

Como havia citado anteriormente, o simbolismo religioso está presente em várias camadas da narrativa, especialmente nos temas de sacrifício, morte, ressurreição e ascensão, que podem nos lembrar a vida de figuras espirituais e religiosas, em particular, Jesus Cristo. Esses elementos apontam que o E.T. possa ser um tipo de figura messiânica ou redentora, trazendo uma mensagem de amor, empatia e transcendência. Ele chega como um estranho que inicialmente é incompreendido e rejeitado por alguns, mas que rapidamente conquista Elliott e seus irmãos com sua gentileza. A maneira como ele interage representa uma figura que desperta o que há de melhor nas pessoas, especialmente nas crianças, que representam a pureza. Assim como figuras religiosas que ensinam sobre a empatia e a compaixão, a criatura aproxima as pessoas (e até mesmo une a família de Elliott) por meio do amor incondicional e da compreensão.

Além disso, o pôster original da obra faz uma referência visual clara à famosa pintura A Criação de Adão, de Michelangelo. Nele, vemos a mão da criatura tocando a mão de Elliott, criando um momento de conexão. Essa imagem ecoa diretamente a cena icônica da pintura, onde Deus e Adão estão prestes a tocar os dedos, simbolizando a transmissão da vida e o vínculo entre o divino e o humano.

Reprodução: Universal Pictures / Amblin Entertainment

Drew Barrymore

Uma das, se não, a personagem mais cativante do filme, perdendo apenas para a criatura, em minha opinião é Gertie. Drew Barrymore deu vida a pequena Gertie, a irmã mais nova de Elliott e Michael (Robert MacNaughton). Gertie é uma personagem adorável, cheia de curiosidade e humor, e sua inocência é uma das grandes forças emocionais de todo o filme. Vale lembrar também que é ela que ensina o E.T. algumas palavras como o nome de Elliott e a expressão “Seja bom” [a primeira alfabetizadora do cinema =)]. Uma de minhas cenas favoritas é quando ela o disfarça, vestindo-o com roupas e chapéus, o que destaca sua visão infantil e alegre da situação. É nessa cena também que a criatura recita pela primeira vez sua fala icônica “E.T., telefone, minha casa”.

Reprodução: Universal Pictures / Amblin Entertainment

Steven Spielberg

A direção de Steven Spielberg em E.T. – O Extraterrestre é considerada uma obra-prima do cinema, consolidando-o como um dos maiores diretores de sua geração (e um dos meus favoritos). Spielberg construiu a narrativa como uma fábula moderna, onde o encontro entre uma criança e um ser alienígena se transforma numa jornada sobre amizade e aceitação. Ele se inspirou em sua própria experiência de solidão durante a infância, quando seus pais se separaram, assim como o personagem de Elliott e, por isso, o filme ressoa profundamente com temas universais, o que o torna emocionalmente impactante para públicos de todas as idades.

Spielberg também trabalhou de forma habilidosa com efeitos práticos e com a trilha sonora inesquecível de John Williams. Em minha opinião, o ápice de sua direção é particularmente notável na icônica cena do voo da bicicleta, onde Elliott carrega o E.T. em um momento de liberdade e aventura. Essa cena é um dos exemplos mais icônicos de como Spielberg combinou a trilha sonora com a direção de fotografia para criar um momento inesquecível!

Reprodução: Getty Images

Bônus: Halloween

A história se desenrola na semana do Halloween, onde em uma das cenas mais lembradas, Elliott, Gertie e Michael vestem o E.T. com um lençol, como um fantasma, para que possam levá-lo para fora de casa sem despertar suspeitas. É nessa noite também que acontece a cena do voo da bicicleta, citada anteriormente.
O longa, vencedor de 4 prêmios Oscar, incluindo o de Melhores Efeitos Visuais, é ideal para quem quer assistir algo que capture o espírito de Halloween de forma leve, mágica e emocional. Embora não seja um filme de terror ou de temática sobrenatural, ele oferece uma atmosfera perfeita para a temporada, especialmente por ter uma das sequências mais memoráveis ambientada nesta data. E.T. – O Extraterrestre está disponível em streaming nos serviços do Prime Video e Telecine, além do formato de compra ou aluguel digital pelo YouTube Filmes, a partir de R$6,90.

Confira o trailer abaixo:

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