Filmes de continuação dominaram a bilheteria mundial, enquanto filmes originais pouco fizeram sucesso com o público, diferente do que foi com os críticos.
Um reinado um tanto quanto curioso se engrandeceu em 2024: os filmes de sequência. Aqueles que retratam a continuação de uma história por meio de um novo longa, fizeram sucesso este ano. Enquanto isso, ideias originais, que até foram aclamadas pela crítica, pouco surtiram efeito no público mundial.
De acordo com dados do site Box Office Mojo, os Top 10 de filmes de 2024 com maior bilheteria em todo mundo é exclusivamente composto por obras sequenciais. Divertamente 2, que alcançou uma enorme quantia, cerca de US$ 1,698 bilhão, aparece em primeiro lugar, seguido por Deadpool & Wolverine, com US$ 1,338 bilhão e Meu Malvado Favorito 4, com US$ 968 milhões.
A lista completa ainda possui Duna: Parte 2 – US$ 714 milhões; Godzilla e Kong: O Novo Império – US$ 571 milhões; Kung Fu Panda 4 – US$ 547 milhões; Venom: A Última Dança – US$ 456 milhões; Os fantasmas se divertem 2 – US$ 451 milhões; Bad Boys: Até o Fim – US$ 404 milhões; e Reino do Planeta dos Macacos – US$ 397 milhões.
Curiosamente, ambos filmes do topo da lista pertencem ao império midiático da Disney. Para se ter uma ideia, o filme original que se encontra mais próximo do top 10 é É Assim que Acaba, mas, mesmo este, trata-se da adaptação de um livro best-seller. Logo depois, em 14º, aparece finalmente uma nova narrativa: O Robô Selvagem, da DreamWorks Animation.
Inclusive, dos 20 longas mais assistidos e com maior bilheteria, 16 são sequências. 2024 conseguiu, pela primeira vez em 50 anos, ser o ano responsável pelo sucesso de franquias e continuações. Apesar disso, segundo o site Game Radar, Wicked, da Universal, pode alcançar finalmente o top 10 e desbancar uma das sequências. O longa já arrecadou US$ 112 milhões em menos de uma semana e pretende ficar por, pelo menos, mais um mês nas grandes capitais mundiais.
Mesmo assim, o atual fenômeno, ainda curioso, reforça quanto o marketing e, acima de tudo, o sentimento de nostalgia e a qualidade estabelecida em diferentes franquias, consolidam um público estático, cuja audiência pouco diminui, mesmo que estes estejam longe de atingir a expectativa de todos.
Conforme Felipe Gugelmin, jornalista especialista ligado ao Tecmundo, os riscos de apostar em nova histórias, incluindo os custos de marketing para atrair novos públicos, serão cruciais para alterar o funcionamento de produções de cinema. Para o jornalista, diferentes críticas referentes à “falta de originalidade de Hollywood” ainda serão altamente disseminadas ao longos dos próximos anos.
Aos poucos, o próprio mercado do cinema encontra a devida resposta para seus problemas: o desenvolvimento de filmes da mesma história, de modo a não só enriquecer aquele universo, mas captar até novos públicos, independente se os “fãs de carteirinha” vão ou não gostar do novo espetáculo.
Afinal, há uma tendência humana em permanecer com os mesmos gostos, assistindo e se interessando pela mesmas manifestações artísticas. É uma forma não só de se preservar do desconfortável, mas apenas sentir o confortável. Ao longo da ascensão tecnológica, cada vez mais o comodismo pessoal tomará o lugar do sofrimento, este que, por sua vez, é detentor de boa parte da evolução humana.
E, com a consolidação destas obras e a continuidade de produção de filmes sequenciais, o público dará mais atenção aos longas que o lembrem de um momento bom ou diferente da sua vida. Posteriormente, os estúdios poderão até enfrentar o desafio de apresentar uma nova obra e cativar o pública a assisti-la.
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