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Crítica: Podres de Ricos

Uma comédia romântica clichê, mas cheia de diferenciais muito importantes em sua busca pela representatividade asiática

Podres de Ricos, Crazy Rich Asians em inglês, é um filme estadunidense lançado em outubro de 2018, baseado em uma triologia de livros escritos pelo autor Kevin Kwan, e conta com um elenco quase inteiro composto por pessoas com descendência asiática, assim como o diretor e o time técnico, ainda acompanhados de um trilha sonora correspondente. O que não falta na produção é a integração do público no universo asiático com elementos realmente orientais, trazendo um importante papel revolucionário para o enredo e a mensagem transmitida pelos símbolos escolhidos, o que é muito bem feito e capaz de alcançar o coração do expectador que almeja um bom novo romance.

Antes de começar a resumir o enredo, a obra deve ser analisada pela sua cena inicial: duas mulheres asiáticas estão com seus filhos em um temporal na cidade de Londres, elas entram em um hotel e são ignoradas, tratadas como se não fossem nada, até que uma ligação é feita e são anunciadas como compradoras do estabelecimento. Essa situação mostra o descaso branco com a existência das chamadas minorias, de suas necessidades, até que algum fator de interesse esteja envolvido nisso, como se o respeito por elas e o reconhecimento  devessem ser pagos. Aprofundar-se no Oriente com o enredo é também entender que a visão ocidental das coisas acaba simplificando a complexidade de experiências vividas por pessoas do outro lado, suas culturas, seus medos e, acima de tudo, suas visões do mundo.

Rachel Chu (Constance Wu) é uma professora de economia nos Estados Unidos, sua mãe fugiu da China quando ela era bebê, após a morte de seu pai, o que fez com que suas condições de vida ao crescer não tenham sido as melhores e o seu desenvolvimento pessoal tenha sido americanizado. Seu namorado, Nick Young (Henry Golding) parece ser o cara perfeito, o que ela se vê casando e construindo uma vida juntos desde que se conheceram sendo colegas de trabalho, porém, essa visão se torna cada vez mais desafiadora ao descobrir que o homem não contou que é herdeiro de uma das maiores fortunas de Singapura. Quando o jovem convida a amada para comparecer ao casamento do primo em outro país, a mesma jamais imaginou ter que enfrentar tantas convicções familiares, preconceito e ridicularização por pessoas que deveriam entendê-la como igual.

O filme é excelente, desde o início de sua construção até a finalização de sua exibição, um projeto sem whitewashing, termo utilizado para situações em que são usados atores brancos para representar personagens de outras etnias e que é uma prática muito comum em Hollywood, uma verdadeira vergonha para uma produtora de filmes tão conceituada. Podres de Ricos mostra uma variedade de atores asiáticos incríveis, que se comprometem com o trabalho e deixam o filme ainda mais icônico, validando mais do que nunca a importância da representação de minorias, suas histórias merecem e devem ser contadas. A obra cumpre todos os objetivos colocados e vai além em suas lições, envolve o expectador em todos os momentos e ainda lhe apresenta um mundo novo de uma forma que possa ser apreciado, valorizado.

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