O sentimento de ser estrangeiro em sua terra
Antes da chegada dos europeus ao Brasil, antes mesmo dessas terras serem delimitadas como brasileiras era tudo terra indígena e mesmo com o avanço da colonização continua sendo, porém aquele sentimento de pertencimento vai se reduzindo a pequenos espaços intocados pelo homem branco. No longa que está disponível na Netflix, vemos o personagem Justino, interpretado por Regis Myrupu que ganhou prêmio de melhor ator pelo papel, tendo que morar longe de sua aldeia em um local onde não se sente pertencido por completo. Sem a esposa e com a possibilidade da filha ir para Brasília fazer medicina essa sensação piora surgindo assim a febre como um metáfora para aquilo que se tem dificuldade em dizer.
Mesmo sendo uma realidade de fácil identificação para muitos indígenas, o longa da diretora Maya Da-Rin não cai no erro de universalizá-los como se fossem um grupo homogêneo. As vivências que a família da obra partilham em comum com outros povos são apresentadas, mas também as suas particulares como sendo pertencentes da etnia desanos. Outro acerto do filme é em como é apresentado o cotidiano e a cultura deles para o público, diferente da abordagem mais comum na televisão que vende cada aspecto cultural que destoa do padrão como sendo algo exótico e de outro mundo, aqui vemos um esforço para demonstrar o cotidiano de forma natural sem grandes enfeites.
Mas não vai ver o filme achando que só porque é nacional não terá que ler legendas! O Brasil tem muitos mais idiomas do que o português, nos momentos em que os personagens indígenas estão apenas entre eles, o idioma usado é o tukano presente entre os povos do Alto Rio Negro. A alternância entre tukano e português não traz prejuízos ao longa, muito pelo contrário, traz mais profundidade para as cenas. Se ainda está indeciso com relação a ver esse filme depois de tudo o que foi dito, confira o trailer abaixo para acabar logo de vez com as dúvidas.
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