A representatividade necessária que desperdiçou a última aparição de Natasha Romanoff
Atenção: há spoilers de Vingadores: Ultimato e Viúva Negra neste artigo!
Antes de mais nada, me sinto na obrigação de trazer alguns pontos da trajetória de Natasha Romanoff que precedem seu filme solo. A personagem foi definida nos últimos 10 anos por seu papel nas histórias de outros, além de ter tido uma construção inconsistente. Introduzida no filme Homem de Ferro 2, houveram diversas mudanças na espiã ao longo dos dez anos do Universo Cinematográfico da Marvel que a deixaram sem uma personalidade própria, variando de acordo com a necessidade que outros heróis tinham para ela.
Fazer com que Viúva Negra fizesse jus a uma representativa necessária foi um desafio que a diretora Cate Shortland e o roteirista Eric Pearson conseguiram contornar com certa taxa de sucesso, mas já era um projeto fadado a decepções. E não apenas porque é um longa que saiu com muitos anos de atraso – puxar um fio da história que acontece no início da Fase 3 do MCU depois que todos sabiam da sua morte no final de Vingadores: Ultimato foi um tiro no pé tanto quanto ter adiado o lançamento até depois das séries WandaVision, Falcão e o Soldado Invernal e Loki. Eles tiveram que lidar com uma personagem que não teria uma evolução relevante em seu próprio filme como outros tiveram, justamente porque seu destino já estava traçado. E com isso um grande potencial foi desperdiçado para uma personagem tão complexa e misteriosa.
Tendo colocado todos esses pontos na mesa, no entanto, é um alívio que o filme tenha destoado de outras produções do MCU. Natasha é uma personagem incompleta e com potencial desperdiçado, mas que deixou uma importante lição sobre como as mulheres devem ser tratadas em filmes de herói. A esperança é que a personagem de Florence Pugh, Yelena Belova, dê continuidade a essa linha. A interação das duas irmãs foi um dos pontos altos do filme, mostrando a personalidade da Viúva Negra que foi escondida durante todos esses anos. A missão de superação e o reencontro com a pseudo-família traz para Romanoff um lado mais humano – apesar de não ter sido a história que os fãs esperavam, ainda era uma surpresa boa.
Apesar do vilão genérico e uma solução previsível, a reta final seguiu um ritmo crescente que há muito não se vê nos filmes de ação. O humor, que em outros longas da Marvel foi usado de maneira exagerada, aqui foi bem dosado e as cenas de ação fazem jus ao gênero. Nos resta agora esperar e descobrir se a carismática e impulsiva irmã mais nova irá herdar o manto e, quem sabe, formar sua própria equipe. É o que eu gosto de imaginar.
Nota do filme:
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