Sucesso da HBO tem estilo, profundidade e fidelidade histórica
Encabeçada pelo mesmo produtor responsável por Downton Abbey, Julian Fellowes, a nova série de época da HBO MAX foi um dos grandes lançamentos de janeiro do streaming, batendo recordes de audiência. A produção explora os conflitos entre a elite nova e a geracional nova-iorquina no final do século 19, e exemplifica como um produto audiovisual pode sim entregar estética e substância, sem comprometer nenhum dos setores.
A trama começa acompanhando Marian Brook, jovem recém-órfã a qual, sem nenhum tipo de herança para se sustentar, viaja para Nova Iorque em 1882 para viver com as tias e, no caminho conturbado, encontra sua nova companheira, Peggy Scott. Com essa premissa simples, a obra constrói com calma, nuance e carisma a atmosfera aristocrática da cidade. Ao mesmo tempo, faz um estudo de personagens e contextos digno de uma aula de História, marca registrada de Fellowes.
Isso porque o período retratado, cujo nome a série carrega, foi representado com fidelidade impressionante. Datado entre o final da Guerra Civil estadunidense e o começo do século 20 – aproximadamente 1870 a 1900 -, a Idade Dourada foi um momento na história dos Estados Unidos de crescimento econômico e ascensão, sem precedentes, de novos setores da indústria no país. Foi também um tempo de disparidade socioeconômica exacerbada, algo que a série retrata junto com um recorte racial representativo raro em obras audiovisuais de época, a diferenciando positivamente de outras produções do gênero.
A obra conta com muitos méritos. O design de produção, por exemplo, fez um trabalho cenográfico espetacular, capaz de criar uma verdadeira imersão na caótica Nova Iorque da década de 1880, a qual se transformava na potente metrópole que é hoje. Já o elenco, por sua vez, é composto por nomes de peso – Cynthia Nixon ( Sex and the City), Carrie Coon (Garota Exemplar), e, o destaque, Christine Baranski ( Chicago e Mamma Mia)-, os quais elevaram o texto da série e fizeram as dinâmicas dos personagens, e o roteiro em si , de fato acontecer.
Contudo, o maior acerto da produção vai para a representação da moda do período. Inspirada na Era Vitoriana britânica hegemônica entre as elites europeias, as vestimentas femininas dos Anos Dourados tem como elemento mais característico a anquinha. Trata-se do nome dado ao conjunto da estrutura de arame (crinolette) e o tecido abaixo das saias, fusão responsável pelo visual protuberante da parte de trás dos quadris. Essa e outras peças marcantes da época, como golas de renda e de seda, os famosos espartilhos – ou corsets -, chapéus chamativos com penas e os bordados opulentos, estão todas presentes durante os nove episódios.
Um aspecto importante a ser ressaltado é o timing da série. Apesar da demora do projeto, o qual foi anunciado pela primeira vez em 2012 e só lançado em 2022, o ano foi propício para a discussão que levanta. Isso porque a sociedade aristocrata retratada tem sido revisitada, com o exemplo do tema do Met Gala, cujo dress code foi ‘gilded glamour’, e a popularização da estética ‘old money’, principalmente no Tik Tok. Esse estilo é marcado por peças clássicas, atemporais, neutras, simples mas de alta qualidade dos materiais e que evocam atividades típicas da elite antiga estadunidense, como tênis, hipismo e as escolas preparatórias (prep schools).
Enfim, A Idade Dourada, que já foi renovada para segunda temporada e está em período de pré produção, carrega um paralelismo com o mundo contemporâneo, presente na representação de desigualdades sociais e adaptação a novos modos de vida gerados pelo avanço da tecnologia. Para além, muito mais do que equilibrar estilo e substância, a qualidade estética da obra é elemento fundamental para construção da profundidade e, por essa conquista singular, é uma escolha certeira para espectadores, em especial aqueles que apreciam esse encontro entre ficção e História.
Confira o trailer abaixo:
Nota:
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