Entre as grandes parcerias que existem no mundo, o basquete e o cinema formam uma das duplas mais incríveis

Pouco tempo atrás, enquanto conversava com uma pessoa muito especial, tive o seguinte dilema: devo escrever sobre aquilo que eu gosto ou sobre o que está na moda? O famoso hype. Bom, penso que o ideal seria conseguir unir os dois, mas, na minha visão de mundo, meus melhores trabalhos sempre serão aqueles que eu me sinto 100% à vontade para dissertar sobre, e com este de agora não poderia ser diferente.

Das paixões da minha vida, esporte, música e cinema andam lado a lado, em poucos momentos consegui reunir os três em um único “corpo”. Entre essas raras situações, sem dúvidas os filmes sobre basquete estão entre as minhas favoritas. O esporte da bola laranja entrou de vez na minha vida em um dos momentos que eu mais precisava, e desde então tem sido imprescindível nos meus dias.

E tal como Kobe & Shaq, Bron & Wade e Steph & Klay, grandes duplas da história do esporte, o basquete e o cinema formam uma parceria única. Nesse Top 5 vou tentar elencar os (apenas cinco) melhores filmes sobre basquete.

5 – Amador (Ryan Koo, 2018)

Lançado em 2018 pela Netflix, Amador conta a história de Terron Forte, um garoto negro e periférico de apenas 14 anos que possui o sonho de chegar à NBA, a liga nacional de basquete dos Estados Unidos, principal competição do esporte no mundo.

A vida de Terron muda drasticamente quando o treinador Gaines cruza o seu caminho. De uma escola pública à uma particular, das roupas simples às roupas de grife, o talento do jovem parecia ter sido o fundamental para a virada de chave que a vida do garoto tanto precisava, porém tais mudanças carregavam consigo um peso. Terron não era apenas mais um simples garoto de 14 anos que só queria jogar basquete, ele havia se transformado em um produto nas mãos dos empresários que passaram a gerenciar sua carreira.

O filme retrata a realidade de muitos jovens estadunidenses, que, tendo o esporte como a única saída para uma mudança de vida, acabam sendo sujeitados a situações daquele tipo quando se envolvem com pessoas que colocam o dinheiro acima de tudo.

Amador tem um elenco cativante e entrega drama na medida certa, um clássico filme de superação que vale a pena ser assistido.

4 – O Caminho de Volta (Gavin O’Connor, 2020)

Em O Caminho de Volta¸ além de sermos apresentados à história de Jack Cunningham, somos presenteados com uma das melhores atuações da carreira de Ben Affleck. O longa, que parece seguir a fórmula clássica de filmes esportivos, se diferencia nas notas dramáticas adicionadas à história. Mais do que basquete, vemos a depressão de Jack sendo retratada em tela. O personagem de Affleck, que foi do céu ao inferno, vê no convite para treinar os garotos do seu antigo time de basquete, no qual ele era jogador na adolescência, a chance para sair do poço onde ele se encontrava.

Treinar o Bishop Heyes, e conseguir transformar aqueles garotos em uma equipe de fato, parece ser o foco principal da trama, mas a evolução da equipe se coincide com a vida pessoal de Jack, com seus problemas familiares e com o alcoolismo sendo retratados, trazendo um aspecto único à história. Com diversas mensagens subliminares e metáforas vistas em tela, O Caminho de Volta não é apenas um filme sobre basquete, a atuação de Affleck já valeria o seu tempo, mas a história de Jack Cunningham e dos atletas do Bishop Heyes fazem com que o longa tenha presença obrigatória na sua lista.

3 – Space Jam: O Jogo do Século (Joe Pytka, 1996) e Space Jam: Um Novo Legado (Malcolm D. Lee, 2021)

E é aqui que entra a pegadinha desse Top 5. Eu disse que tentaria elencar os cinco melhores filmes sobre basquete, bom, tentar não é conseguir.

Space Jam, aquele lançado em 1996, provavelmente é o maior clássico quando pensamos em filmes de basquete. Se não o mais clássico, sem dúvidas o tiro mais certeiro, afinal, quais são as chances de unir o atleta mais popular do planeta aos Looney Tunes e sair algo ruim disso? E foi exatamente isso que o diretor Joe Pytka fez.

Estrelado por Michael Jordan, o maior nome do cenário esportivo mundial na década de 90 e, para muitos, o maior nome de todos os tempos na história do basquete, Space Jam: O Jogo do Século vai se diferenciar de todos os outros longas nos outros itens do Top 5, não tenha dúvidas disso. Uma história simples e clássica, que funciona perfeitamente, coloca Jordan no universo dos Looney Tunes¸ fazendo com que o atleta tenha que unir forças ao Pernalonga e companhia para salvar os Tunes de alienígenas que querem os aprisionar em um parque de diversões. A história culmina em uma partida de basquete que definirá o rumo da turma do coelho mais famoso da animação, e como o próprio título do longa já diz, aquele sem dúvidas é o jogo do século.

Agora, mais de duas décadas depois, nós novamente vemos o principal nome do basquete da atualidade unido aos Tunes para uma partida contra alienígenas, porém com nuances em relação à obra de 1996. Em Um Novo Legado, acompanhamos LeBron James na tentativa de resgatar seu filho de um universo alternativo controlado por Al G. Rhythm, vilão vivido por Don Cheadle.

Um Novo Legado entrou como um extra nessa lista por dois motivos: eu sou a maior testemunha de LeBron James nesse planeta e o basquete como conhecemos não é necessariamente o foco principal do longa, que busca deixar o entretenimento e as referências em primeiro plano, e quando falamos sobre as referências, temos que tirar o chapéu para o trabalho do diretor Malcolm D. Lee.

O novo Space Jam é o maior suco de referência que eu já vi, provavelmente todas obras que possuem seus direitos pertencentes à Warner Bros foram mencionadas de alguma forma no longa. Dos easter eggs mais sutis aos mais claros, tentar encontrar todas menções assistindo ao longa apenas uma vez é uma tarefa impossível.

Mesmo não tendo o basquete como foco principal, Um Novo Legado ainda é um filme sobre o esporte da bola laranja, uma história leve e divertida, excelente para ser assistida em uma tarde despretensiosa de domingo.

2 – Arremessando Alto (Jeremiah Zagar, 2022)

Agora, caminhando para o final deste texto, chegamos àquele que foi o meu filme favorito desse ano até então. Como eu disse no início, o basquete tem uma importância enorme na minha vida, então é natural que filmes com essa temática me marquem de uma maneira diferente, porém, Arremessando Alto é tão bom que até mesmo amigos que nem assistem basquete amaram o filme produzido e estrelado por Adam Sandler.

A produção é um presente para todos os fãs de basquete do mundo. Sandler é um grande entusiasta do esporte e por isso possui uma vasta rede de contatos dentro da NBA, dessa forma, o ator conseguiu trazer para o longa diversos atletas e nomes importantes da liga, dos mais aos menos populares, das lendas já eternizadas às estrelas em ascensão, Arremessando Alto não é apenas uma grande celebração onde atletas podem brincar de atuar, o filme dirigido por Jeremiah Zagar também possui uma história sensacional.

O longa mostra a trajetória do olheiro Stanley Sugerman, personagem vivido por Adam Sandler, que tem a função de descobrir novos talentos do basquete ao redor do mundo, porém Stanley está cansado de ficar sempre em movimento e quer se estabelecer em um trabalho fixo, podendo ficar mais próximo de sua família. Para conseguir a promoção, Sugerman precisa encontrar um jogador bom o suficiente para mudar o rumo de seu time e, ao conhecer Bo Cruz, o olheiro tem a certeza de que encontrou quem precisava.

Bo Cruz, interpretado pelo atleta Juancho Hernángomez, um jovem e humilde jogador espanhol reúne as características perfeitas para se tornar uma estrela na visão de Stanley. Depois de conseguir convencer Cruz a deixar sua família na Espanha e ir para os Estados Unidos tentar ingressar na NBA, a história do filme começa a se desenvolver.

A história de Arremessando Alto é dramática e de superação, com tudo na medida certa, das cenas de humor às cenas que te fazem arrepiar. Os diálogos são muito bons e as atuações dos personagens principais são incrivelmente boas, principalmente quando paramos para pensar que a principal função de uma boa parte do elenco é arremessar bolas em direção a uma cesta. A química entre os personagens de Hernángomez e Sandler é uma das melhores coisas que eu vi nesse ano e a cena final do longa está entre as minhas favoritas entre tudo que assisti em um passado recente.    

1 – Coach Carter: Treino para a Vida (Thomas Carter, 2005)

Clássico. Não há palavra melhor para definir Coach Carter. Após todos os merecidos elogios à Arremessando Alto, parecia impossível conseguir colocar um filme acima do longa estrelado por Adam Sandler, mas, quando converso sobre filmes de basquete, a produção protagonizada por Samuel L. Jackson em 2005, sempre será a primeira a vir na minha cabeça.

Baseado em fatos reais, Coach Carter: Treino para a Vida conta a história de Ken Carter, o novo treinador da equipe de basquete Richmond Oilers do Colégio de Richmond, na Califórnia. A princípio, a didática implantada pelo personagem de Samuel L. Jackson é vista sob olhares tortos pelos seus jogadores. Desde o início, Carter sempre deixou claro que o seu principal objetivo era fazer com que a educação e o esporte andassem lado a lado, exigindo presença e notas boas nas aulas, fazendo com que a expressão “aluno-atleta” fosse representada na ordem certa dos termos, dando prioridade para a vida acadêmica de seus estudantes.

Ao longo da sua jornada, mesmo extraindo o talento para o basquete de seus atletas e obtendo uma sequência de vitórias que estava acima dos padrões dos Oilers, Carter enfrenta obstáculos e sofre pressão de todos os lados devido à sua inflexibilidade quanto à docência de seus jogadores, porém, não cedendo e se mantendo firme ao seu método, ele consegue transmitir a sua mensagem para os seus alunos. Acreditando no potencial de seus jogadores, Ken mostra para eles que a vida pode ser muito mais do que apenas recompensas imediatas. Os debates trazidos pelo treinador vão além dos valores éticos e morais, eles também são sobre o sistema enraizado que tende a tirar as oportunidades de jovens negros e pobres. Atemporal, Coach Carter conta uma história de 1999 que, na ausência de mais pessoas como Ken Carter, se torna tão atual mesmo 23 anos depois.

Se o princípio básico do cinema é entreter, o filme do diretor Thomas Carter vai além. Ao mostrar que o basquete é mais que um jogo, Coach Carter entrega lições que perduram não apenas entre os personagens do longa, mas também entre seus telespectadores. Se o “treino para a vida” de Kenny Carter prova que vencer na quadra é a chave para vencer na vida, o treinador nos ensina tudo o que é necessário para atingirmos a tão sonhada vitória inalcançável.  

Bom, eu avisei que apenas tentaria elencar os cinco melhores filmes sobre basquete. Na minha cabeça já sabia que seria impossível, mas não queria dar esse spoiler para você. Nesse Top (quase) 5, algo ficou claro: um bom filme de basquete é tão bom quanto uma cesta da vitória no estouro do cronômetro. Além dos seis títulos citados, outros tão bons quanto ficaram de fora, como Estrada para a Glória, Três Segundos, Jogada Decisiva e Homens Brancos Não Sabem Enterrar. Espero que você dê uma chance não apenas para as obras mencionadas nesse artigo, mas também para o esporte, que a mentalidade de Kobe Bryant entre na sua vida e nunca mais saia.

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