Arte da transformação e todas nossas mudanças
Steven Universo é um desenho que carrega muitas camadas enquanto em sua superfície tem todas questões pra chamar atenção de alguém: magia, lutas e fusões de personagens. Ele também carrega consigo muitas narrativas e personagens espetaculares, que lidam com diversas questões próprias, e uma dessas questões se encontra em Steven, filho de um humano e uma gem, ele é esse ser entre os dois mundos, que carrega os dois sonhos e culturas, fazendo que ele tenha magia e as mudanças que os humanos sofrem, já que somos mutáveis, uma metamorfose ambulante e o desenho abraça isso.
Vivemos constantemente alterando partes nossas, seja para entrar em determinado ambiente ou ser amado por algum familiar, alguns começam desde a infância, retirando pedaços, colocando outros e perdendo sua própria identidade, não somos capazes de olhar para o espelho e aceitar aquele que enxergamos e assim matamos ele. Em Steven Universo podemos notar como é importante abraçar nossa própria loucura e originalidade, podemos nos perder, cometer erros e ter questões próprias que não gostamos, mas é quem somos, você pode crescer e mudar seu lado negativo, porém, não deveria perder o todo, arrancar tudo de si, quebrar toda sua personalidade pra adentrar em um espaço, quem você é, com tudo que te torna, cria esse ser único e que vive de forma única.
E é doloroso aceitar quem somos, amar quem somos, perdemos o equilíbrio diversas vezes, amor próprio é algo difícil de se manter, algo difícil de aceitar, mesmo que o amor dos outros esteja ao nosso redor, precisa começar dentro de si. Steven luta uma guerra entre os dois mundos, entre essas duas metades que ele é, até mesmo questionando se aquela parte é realmente ele. Mas, quando ele olha pra essas duas moedas que ele recebeu dos pais, que ele moldou em sua vida, ele enxerga apenas ele e percebe que independente de quem foi herdado, ele transformou em parte de quem ele é, criou algo original e maluco, pois todos nós somos malucos, doidos e perdidos, viver é insano, mas também é raro, muitos estão apenas sobrevivendo lutando contra sua própria vida e alma.
Steven cresce, ele se perde, ele se reencontra, e a vida segue, é assim no mundo real, vamos perder quem nós somos, questionar nossos gostos, mas devemos olhar para o espelho, nunca ignorar a trajetória que criou essa pessoa especial, e tá tudo bem em não gostar de determinados aspectos, podemos lidar com nossas problemáticas da melhor forma possível, só que não devemos sentir ódio de quem somos por causa disso. Em Steven Universo, alguns personagens são feitos de amor, fusões que seu cerne é o coração e uma relação, devemos fazer o mesmo, nos fundir com o amor que sentimos pela vida, pelas pessoas e por nós mesmos, deixar que ele transborde em tudo que somos, nas nossas manias mais insuportáveis, nos nossos filmes favoritos, lugares memoráveis ou na forma que deitamos de noite para dormir, até mesmo a coisa mais simples que fazemos nos torna únicos, ninguém faz da mesma maneira, ninguém vive da mesma forma.
E até mesmo os personagens com séculos no desenho acabam se perdendo diversas vezes, lutando pelo controle de tudo e de quem é, dos próprios pensamentos e sonhos, mas, não devemos ter o controle sempre, às vezes só precisamos soltar, pois tentar manter o controle, controlar quem somos, não é liberdade, é apenas uma prisão, você estará travando uma guerra em sua própria mente e se machucando no processo, tem momentos que só podemos aceitar tudo que está sendo entregue, tudo que nossa mente ou personalidade, com todas suas imperfeições, colocou em nossas mãos e deixar passar.
É difícil viver, mas é lindo descobrir quem você é e quem você vai ser, somos potências inimagináveis em todos os nossos aspectos, cada um de nós, é como uma pintura, única e feita apenas uma vez, pintada de forma distinta e nada conseguirá fazer outro, somos um museu infinitos de quadros, quadros que sempre recebem cores novas e estruturas. E mesmo nos piores momentos de Steven, mesmo quando ele desejava não ser quem ele era, ele notava como em sua dor, sua vida era espetacular e especial, como ser quem ele é, trouxe pessoas, memórias e situações mágicas. E o mesmo vale para nós, essa maluquice que é continuar andando, que é aceitar nossa própria incompreensão, pois nunca vamos nos compreender por inteiros, acaba trazendo todas essas memórias, tenho certeza que existem várias favoritas entre elas. A vida não faz sentido, mas se ame, aceite sua singularidade, mergulhe em quem você é, deixe sua paz e caos coexistirem em você, é impossível controlá-los. Só precisamos viver, minhas memórias favoritas aconteceram nos dias mais banais, aqueles que parecem que nada realmente aconteceu, mas são incrivelmente belas, e como o Steven, mesmo viajando o universo e lutando em batalhas, fazendo coisas que podem ser consideras importantes, seu sorriso é enorme nos dias normais, comendo sorvete com suas mães ou dançando com sua amiga, não precisamos de muito para criar uma memória especial, apenas precisa ter quem você é e outra coisa maravilhosa, como um local ou uma pessoa que você ama.
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