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CRÍTICA | Guardiões da Galáxia Vol 3

A despedida dos Guardiões marca o retorno da era de ouro da Marvel nos cinemas.

Há quase 10 anos, estreava uma nova equipe no Universo Cinematográfico da Marvel: os Guardiões da Galáxia, uma equipe formada por desajustados, incluindo uma árvore e um guaxinim. O projeto audacioso despertou a desconfiança da mídia, sendo a aposta para o primeiro fracasso da Marvel Studios. Hoje sabemos que não poderiam estar mais errados. Guardiões da Galáxia é, provavelmente, a melhor e mais completa trilogia de super-heróis.

Após os eventos de Vingadores: Guerra Infinita e Vingadores: Ultimato, os Guardiões estão vivendo em Luganenhum, uma cabeça decepada de um Celestial que flutua pelo espaço. Enquanto reconstroem a cidade e a transformam em seu QG, Luganenhum é invadido, Rocket é gravemente ferido, e os Guardiões confrontam o maior desafio de suas vidas.

A premissa de Guardiões da Galáxia Vol 3 é baseada no personagem Rocket (Bradley Cooper). Acompanhamos vários flashbacks de sua vida, desde quando ainda era apenas um guaxinim, enquanto também assistimos angustiados aos Guardiões correndo contra o tempo para salvá-lo. Não é exagero dizer que Rocket é um dos personagens mais complexos da Marvel, e ele é responsável por ter as cenas mais tristes de toda a trilogia. Após descobrirmos mais de seu passado, podemos entender melhor sua personalidade, seus defeitos e suas qualidades. A essência de Rocket é daquelas que deixam seu coração quentinho.

Não dá para falar de Rocket sem mencionar seu criador, e vilão do filme, Alto Evolucionário (Chukwudi Iwuji). É importante frisar que os vilões dos Guardiões – e até da Marvel em geral – sempre foram um ponto fraco na franquia. Esse problema finalmente foi resolvido. Alto Evolucionário é odioso, rançoso, agoniante. Ele acredita ter o propósito de tornar o mundo um lugar perfeito, e, dessa forma, ele trabalha na criação de uma espécie perfeita, que formará uma sociedade perfeita. É numa dessas experiências que Rocket é criado, e sua inteligência e raciocínio rápido logo chamam a atenção de Alto Evolucionário. A atuação de Chukwudi é visceral, e desperta tanto medo quanto ódio.

Reprodução: Guardiões da Galáxia Vol 3

Outro ponto alto do filme é Nebula (Karen Gillan), que começou a trilogia sendo apenas filha e capanga de Thanos, e agora é um dos membros mais importantes dos Guardiões. Nebula está mais madura e confortável ao redor dos Guardiões, mas sem perder sua essência. Se você gostou da participação de Nebula em Vingadores: Ultimato, com certeza vai amar suas cenas em Guardiões da Galáxia Vol 3. Gillan está gigante tanto nas cenas de comédia quanto nas cenas de drama, e consegue passar suas emoções mesmo com quilos de maquiagem em seu rosto.

Falando em Nebula, também precisamos falar de sua irmã! Gamora (Zoe Saldana) é uma grata surpresa nesse filme. Após Gamora morrer em Vingadores: Guerra Infinita, uma variante do passado passa a existir em seu lugar no universo principal (é confuso, eu sei). Um medo compartilhado entre os fãs era de como tudo isso seria conduzido, já que esse filme não é sobre ela. E, apesar dos desafios, eu sinto que todas as escolhas relacionadas à Gamora foram acertadas. A filha de Thanos é bem desenvolvida ao longo do filme, e cria sua própria relação com a equipe. Terminamos o filme querendo um pouco mais dessa Gamora alternativa.

O que torna os Guardiões da Galáxia tão únicos e especiais é sua relação familiar. Eles não são apenas uma equipe de super-heróis que só se encontra quando o mundo está em perigo. Eles são uma família, e se preocupam uns com os outros. Essa relação é ainda mais fortalecida no Vol 3, já que os Guardiões estão dispostos a fazer qualquer coisa pelo bem de quem amam.

Os Guardiões também são bem desenvolvidos individualmente. Traumas são superados, objetivos são atingidos, e novas metas e sonhos são criados. Até mesmo personagens mais cômicos e menos queridos pelo público, como o Drax, ganham espaço para mais dramaticidade e mais complexidade em sua história. Os personagens não são os mesmos de quando surgiram em 2014, e isso é lindo de acompanhar.

Além dos membros já conhecidos, também são introduzidos novos personagens: Cosmo, a cachorrinha telepata – que já havia aparecido em Guardiões da Galáxia: Especial de Festas, mas é melhor desenvolvida agora, e Adam Warlock, um herói muito esperado pelos fãs da Marvel. Por conta disso, Adam está dividindo opiniões: pode ser um ponto negativo do filme para algumas pessoas, mas, para outras, será uma ótima introdução do personagem. Eu sou do time que curti.

Reprodução: Guardiões da Galáxia

Ultimamente a Marvel Studios tem recebido duras críticas sobre os efeitos especiais. Guardiões da Galáxia sempre teve um dos melhores CGI do estúdio, e isso foi superado no novo filme. Groot está tão perfeito em suas cenas, que você simplesmente esquece que ele não existe na vida real. Sem citar Rocket, e os outros animais modificados pelo Alto Evolucionário, que são capazes de te emocionar com seus olhinhos cheios de sentimento. Os efeitos práticos também estão incríveis! Luganenhum parece um lugar real, e não um estúdio montado. Os Animen, cidadãos da Contra-Terra, foram todos maquiados, até mesmo os mais figurantes. O trabalho da equipe de arte nesse filme está espetacular.

É impossível falar de Guardiões da Galáxia sem citar a trilha sonora. Assim como nos filmes anteriores, o Awesome Mix de Peter Quill não decepciona, e encaixa perfeitamente na narrativa. A música sempre foi algo fundamental na trilogia, e o Vol 3 continua esse legado. As minhas cenas favoritas do filme foram ao som de No Sleep Till Brooklyn (Beastie Boys) e Dog Days Are Over (Florence + The Machine).

Outro fator presente ao longo dos filmes é o humor. Apesar da maioria dos filmes da Marvel ter piadas, a graça dos Guardiões é mais específica. Ele não está presente apenas numa piadinha ou outra, ele está sempre ali, em meio às interações desajeitadas da equipe. Se você curte o humor do primeiro filme, e acha que perdeu um pouco a mão no segundo, então o Vol 3 está perfeito para você! O humor está na medida certa, combinado com cenas mais pesadas e dramáticas.

Reprodução: Guardiões da Galáxia Vol 3

Estão dizendo que Guardiões da Galáxia Vol 3 é o melhor filme da Marvel desde Vingadores: Ultimato. Eu reformulo essa frase: é um filme ainda melhor. Tanto em questões técnicas – roteiro mais coeso, efeitos especiais melhores, personagens mais desenvolvidos – quanto numa questão muito básica: Guardiões da Galáxia Vol 3 mexe com seus sentimentos sem precisar se apegar em tragédias ou participações especiais. Você ri, chora, sorri, ama, odeia, chora de novo, e, no fim, sente que também é parte dessa família.

A despedida dos Guardiões também marca a saída da Marvel do diretor James Gunn, responsável pela adaptação dos Guardiões da Galáxia no cinema. A essência de Gunn sempre estará presente nesses personagens, e é possível perceber que ele colocou muito coração nesse filme. Tudo isso deixa o processo ainda mais dolorido, mas também traz novas expectativas para o futuro. Como esses personagens serão nas mãos de outra pessoa? 

Guardiões da Galáxia Vol 3 não se trata apenas de despedidas, mas também de recomeços, esperanças e novidades. Terminei a sessão em lágrimas, mas também com um sorriso de orelha a orelha. O filme termina deixando seu coração apertado, mas também com uma sensação muito boa. E, nesses momentos difíceis, lembrem-se: Nós Somos Groot. 

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