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Perfil | Greta Gerwig  

Uma jovem multifacetada, atenciosa aos pequenos eventos do dia a dia e apaixonada por arte desde criança. 

O filme Barbie estreia em julho nos cinemas e não se fala em outra coisa no mundo do audiovisual. Criando expectativas nos mais vários fãs da boneca, a obra chama atenção pelo mistério entorno da história de um dos brinquedos mais vendidos em todo mundo, e por contar com a presença de grandes atores como Margot Robbie (Barbie) e Ryan Gosling (Ken) em seu elenco.  

Outro fator chave, que faz dessa uma das grandes esperas de 2023 nas telinhas, é o nome que dirigiu essa produção cinematográfica: Greta Gerwig. E no perfil de hoje, vamos conhecer um pouco mais sobre a personalidade que está à frente da direção do novo queridinho de Hollywood. 

Reprodução: Internet

A personagem principal dessa matéria é Greta Celeste Gerwig, uma jovem multifacetada, atenciosa aos pequenos eventos do dia a dia e apaixonada por arte desde criança. Atriz, roteirista e diretora norte-americana, Gerwig nasceu no dia 4 de agosto do ano de 1983 e foi criada em uma família classe média baixa na cidade de Sacramento, capital do estado da California. 

Filha da enfermeira Christine Gerwig e do consultor financeiro e programador Gordon Gerwig, a californiana expressa a sua relação fraternal com seus pais e apresenta um pouco de sua infância no artigo intitulado My mother, my city, escrito em 2018 para a revista The New York Times. O artigo de Gerwig enfoca principalmente nos ensinamentos de sua mãe e a relação de ambas com a cidade de Nova Iorque. 

No texto, Greta conta como foi a sua primeira experiência indo visitar uma grande metrópole sendo uma menina criada em um local pacato. Aos dois anos, e muito nova para se lembrar da sua primeira ida à cidade que nunca dorme, a diretora descreve retratos que possuem como pano de fundo o Central Park. Fotos essas em que está ao lado de sua mãe, sua inspiração que, em suas palavras, era uma garota novaiorquina por excelência: impetuosa, inteligente e engraçada. Ao recordar das fotografias, a cinéfila repara na feição de Christine, a qual esboça o mesmo sorriso largo que, agora adulta, continua expressando. Segundo ela, a forma como a mãe agia com naturalidade diante do movimento do município cosmopolita era o que tornava aquele lugar cativante. 

Reprodução: The New York Times

Em um dos trechos do artigo, ela também revela que ao visitar a grande metrópole estadunidense pela segunda vez, aos seus cinco anos de idade, sentiu que houvesse dois universos distantes em um mesmo país. Era final dos anos 80 e Greta diz se lembrar do verão em Nova Iorque como cinzento. Na sua concepção de menina, a cidade era um local obscuro e perigoso, mas ao mesmo tempo empolgante. Para ela, era possível se sentir em casa tanto ali, naquele local agitado, quanto em Sacramento, que ela descreve como sendo um “lugar de crianças de bicicletas”, um local calmo. 

As visitas aos teatros da Broadway, a lotação de pessoas circulando pelas ruas e a forma como a mãe parecia pertencer àquele lugar que ao seu ver era território desconhecido, um mistério ainda a se desvendar, seria motor para as suas aventuras futuras. 

 Greta se muda para Nova Iorque aos 19 anos, após finalizar o ensino médio em uma escola católica só para meninas na sua cidade natal em 2002. Em seu novo lar, se forma em inglês e filosofia pela Barnad College da Universidade da Columbia. Seu plano inicial era seguir carreira de dramaturga. Logo depois de formada, porém, e após ser rejeitada em todos os programas de mestrado que havia tentado, a jovem concentra-se no teatro e muda seu rumo com base nas experiências que teve na graduação.  

Ainda enquanto estava na universidade, consegue o seu primeiro papel como atriz na produção LOL (2006), do diretor Joe Swanberg, e descobre ali sua paixão pela atuação.  É desse encontro com Swanberg que nascem as parcerias em Hanna sobe as escadas (2007), que conta com a coescrita e encenação de Gerwig, e Nights and the Weekends (2008), o qual ela codirigiu, produziu, roteirizou e atuou ao lado de Joe. 

Ao falar dessas parcerias da jovem roteirista, é necessário citar também o ‘subgênero’ ao qual esses filmes pertencem: o Mumblecore. Originado nos anos 2000, o movimento é conhecido por suas produções cinematográficas independentes e de baixo orçamento, produzidas por pessoas na faixa dos vinte anos de idade.  Responsável por introduzir Greta ao audiovisual, esses filmes ficaram conhecidos por narrarem acontecimentos banais e dilemas da vida de jovens de vinte a trinta anos por meio de diálogos naturalistas, isto é, diálogos que poderiam facilmente acontecer na realidade e improvisados. Além desses, entre os anos de 2008 e 2009, a it girl do Mumblecore fez parte do elenco de filmes como: Yeast (2008), You want Miss me (2009), The House of the Devil (2009), A NY Thing (2009). 

Mais à frente, especificamente em 2010, atuou no filme Art house (2010) e, no mesmo ano, conheceu Noah Baumbach, diretor do filme O solteirão (2010) o qual ela estrelou ao lado do ator Ben Stiller (Zoolander). Em 2011, iniciou um relacionamento para além das telas com Baumbach e, a partir disso, surge uma série de trabalhos conjuntos entre os dois cineastas. Infelizmente, a parceria trouxe também comparações indesejadas entre Gerwig e o companheiro, que culminaram em vários comentários negativos e sexistas da mídia e do próprio meio que a colocavam à sombra de Noah. 

Nessa época, também participou como atriz em produções mainstream como Sexo sem Compromisso(2011) e Arthur (2011). Em entrevista à revista digital Dazed em 2013, Greta afirma que se moldar para tentar atingir algo que pareça agradar as pessoas de modo geral é uma luta perdida, no entanto, reconhece a importância de se dedicar a projetos e coisas que considera grande e torce para que as pessoas as vejam. 

Reprodução: internet

A primeira parceria produzida por Gerwig e Baumbach é Frances Ha (2012), trabalho esse que é coescrito e protagonizado pela californiana. Greta interpreta a desajeitada e inamoravél Frances Halladay, uma garota em busca do seu sonho de se tornar uma bailarina bem-sucedida. Após sair do apartamento que morava com sua melhor amiga Sophie (Mickey Sumner), Frances tem que lidar com as frustações da vida adulta e os desafios da carreira artística ao mesmo tempo. É nessa obra que nos deparamos com um dos diálogos mais sinceros sobre relações afetivas e com a genialidade da atuação realista de Gerwig que, inclusive, a rendeu uma indicação ao Globo de Ouro. 

Como atriz, Greta possui um modelo de atuação despretensiosa, modesto e bem verossímil. Quando a assistimos nas telas, somos capazes de associá-la a alguma pessoa que conhecemos ou ainda lembrarmos de situações já experenciadas por nós mesmos em alguma fase de nossas vidas. A capacidade de impor um ritmo natural aos seus diálogos ou monólogos é, de fato, um aspecto muito característico da sua intepretação. 

Além do aclamado trabalho em Frances Ha, também participou da comédia romântica Para Roma com amor (2012) e Lola versus (2012). Dois anos depois, fez parte dos longas A humilhação (2014) e Eden (2014). Em 2015, repetiu a parceria de sucesso com seu companheiro em Mistress America (2015), o qual protagonizou e foi corroterista ao lado de Noah. O filme tem como cenário a cidade tão admirada por Greta, Nova Iorque, e conta a história de duas irmãs postiças sobrevivendo a realidade agitada da cidade. Em sequência, atuou em Maggie tem um plano (2015) e, no ano seguinte, se dedicou também à comédia Weingner Dog-Uma vida de cão (2016) e aos dramas Mulheres do século 20 (2016) e Jackie(2016). 

Muito entregue a tudo que se propõe a fazer, em 2017, apresentou ao mundo Lady Bird: Hora de Voar, filme dirigido de forma solo que a consolidaria como um nome de destaque na carreira de diretora cinematográfica. Lady Bird tem como trama principal a trajetória e o amadurecimento da adolescente Christine McPherson (Saiorse Ronan), prestes a se formar em um colégio católico, e sua relação com sua mãe Marion (Laurie Metcalf), uma enfermeira superatenta a todos passos da filha.  A trama possui vários traços autobiográficos e reflete muitos dilemas passados por Gerwig ainda em sua adolescência nos anos 2000.

Reprodução: Internet

Com Lady Bird, no ano de 2018, Greta entra para pequena lista de mulheres indicadas a melhor direção de filme no Oscar, sendo a quinta mulher a concorrer na categoria em todos os anos de edição do evento. O trabalho minucioso de observação das personagens, a sensibilidade na capitação dos pequenos detalhes da vida de Cristine e a intensa presença de Gerwig em todo processo de gravação contribuíram para que a californiana deixasse a sua marca na história do cinema. 

Devido ao sucesso da história de Christine, Greta é selecionada para a direção do filme Adoráveis mulheres lançado em 2019. Leitora assídua da obra de Louisa May Acott desde a adolescência, a jovem já estava cotada para a produção do roteiro da adaptação cinematográfica do clássico livro da literatura norte-americana. No entanto, antes de sua indicação ao Oscar, ainda não havia conseguido reconhecimento suficiente dos estúdios para deixá-la dirigir a produção, por ser iniciante e uma mulher teve que trabalhar em dobro para conseguir a posição que almejava, demonstrando algo que sempre esteve presente em sua carreira: a pauta feminista, evidente em suas constantes críticas à indústria do entretenimento e suas preferências majoritariamente masculinas para a ocupação de grandes cargos .

O filme dá continuidade ao traço característico das histórias que Greta escolhe contar e enfoca no protagonismo feminino, além de repetir a parceria com a atriz Saiorse Ronan e ter também como parte do elenco nomes como Merly Strep, Emma Waston, Florence Pugh, Eliza Scanlen e Timothée Chalamet . Houve uma grande preocupação por parte da diretora em como passar para as telonas o enredo das irmãs March, uma vez que a história já havia recebido várias outras adaptações para o cinema. Na versão de Gerwig, há uma inversão da ordem cronológica dos acontecimentos e vários ângulos sendo observados ao mesmo tempo, o que deu a história uma profundidade inovadora digna de fazer a cinéfila receber novamente indicações por sua produção ao Oscar e ao BAFTA – no qual recebeu prêmios respectivamente nas categorias de melhor figurino e de melhor roteiro adaptado dessas duas premiações.

O ano de 2019 foi responsável por proporcionar fortes emoções também na vida pessoal da cineasta, uma vez que foi a época em que deu luz ao seu primogênito: Harold, que nasceu no dia 3 de março. Atualmente, no ano de 2023, após revelar sua segunda gravidez ao apresentador Jimmy Fallon no talk show The Tonight Show Starring Jimmy Fallon, Greta se dedica ao lançamento do tão aguardado filme Barbie, o qual escreve desde 2020.

Como dito inicialmente, há muitos mistérios em volta da produção. Podemos supor uma história rica nos detalhes menos convencionais que alguém poderia atribuir a uma boneca. Possivelmente, a escritora trará uma desordem no mundo de medidas perfeitas da personagem principal do filme: fica aqui a aposta! Mas, o que de fato podemos aguardar da multifacetada Greta Gerwig são histórias contadas com amor, pois assim como Cristine descreve Sacramento com atenção em Lady Bird, Greta o faz em sua vida e em seus trabalhos, atentando-se às sutilezas dos pequenos momentos. 

Reprodução: internet 

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Alguma referências/ indicações:

‘Adoráveis Mulheres’: Greta Gerwig: “O feminismo de ‘Mulherzinhas’ não é excludente; todos os homens e mulheres ganham” | Cultura | EL PAÍS Brasil (elpais.com) 

Greta Gerwig: My Mother, My City – The New York Times (nytimes.com) 

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