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Uma série de momentos inesquecíveis

Breaking Bad é considerada por muitos a melhor série de todos os tempos, e o que tem muito por lá são cenas que marcam

Breaking Bad estreou em 2008 e na época, com esse lançamento, algumas das melhores cenas, falas e personagens da televisão surgiram. Para mim, essa é uma série perfeita, pois o segundo episódio é melhor que o primeiro, o terceiro melhor que o segundo e por ai vai. Vince Gilligan escreveu a obra com uma genialidade sem igual, dando atenção aos mínimos detalhes e criando uma rede de personagens com relevância interligada e de maneira muito fluída: nem os personagens secundários, ou os que apareciam de vez em quando, pareciam peças protagonistas, com tanta importância quanto os principais.

Ao longo das temporadas os personagens evoluem, regressam, mudam, acertam, erram bastante…. e um dos grandes triunfos da série é humanizar as falhas, nos fazer questionar o que é certo e errado e, inclusive, nos fazer simpatizar e torcer pelos ‘vilões’. Walter White é gradativamente consumido pela vida de crime e cada vez mais dava lugar ao Heisenberg, enquanto Jesse vai deixando de ser apenas aquele ‘jovem drogado’, se tornando um cúmplice cada vez mais proativo; mesmo tentando sair de todo o esquema complexo, algo o fazia voltar.

Esse algo, na maioria das vezes, era Walter. E essa relação conturbada entre os dois geraram algumas pérolas cinematográficas na TV; cenas fortes que são verdadeiros estudos de personagens, como o décimo segundo episódio da segunda temporada.

Jesse conhece a mulher por quem se apaixonou e lhe apresentou um mundo desconhecido: a heroína. Apaixonado por Jane, ele resolve parar de trabalhar com Walt, desesperando o protagonista que, em resposta, invade a cada de Jesse em busca de um dinheiro que estava com el. Ao entrar no quarto e tentar acordá-lo, Jane acaba ficando de barriga para cima e começa a engasgar com o próprio vômito. Walter White decide não ajudá-la e a assiste se sufocando até a morte.

Reprodução: Breaking Bad (2008-2013)

Esse momento é confrontado de novo na série num episódio que divide o publico até hoje, o décimo episódio da terceira temporada: o famoso episódio da mosca. Em tese, esse capítulo não tem contribuição nenhuma com a história por que se trata apenas de Walter e Jesse loucos tentando matar uma mosca. Porém no final, quando o público já estava de saco cheio achando que o episódio não ia entregar mais nada, ele entrega tudo. Walter White solta uma suposta ‘confissão’, dando indícios que ele deixou sim Jane morrer, mas antes que ele pudesse dizer algo mais comprometedor, ele adormece. Nada é por acaso em Breaking Bad.

Walter nunca esteve do lado certo da história. Ele era o maior narcotraficante do mundo, um assassino cruel e ganancioso. Porém, a série sempre conseguiu construir personagens de maneira lenta, detalhista e contextualizada, incitando reflexão e não apenas absurdos pelo valor de choque. Além do caso daquelas figuras que conseguiam ser piores que os ‘anti-heróis’ protagonistas, tão desprezíveis – até para o padrão da obra de personagens problemáticos – que eram odiados coletivamente pela legião de fãs, os quais, por sua vez, torciam por um fim desagradável a altura das atrocidades que faziam. É o caso de Gustavo Frieng.

Ele teve aquela construção clássica do seriado: lenta e mostrando o porque ele se tornou aquele homem frio. Isso nos fazia simpatizar com o personagem, mas, ao mesmo tempo, ele ia contra os nossos interesses, ia contra o protagonista que nos apegávamos mais episódio a episódio.

E, se tem uma coisa que Breaking Bad sempre fez muito bem, foi matar seus personagens, preocupados com uma boa construção da história em sua totalidade e menos se perderiam um personagem ‘já pronto’ que o público gosta – algo, inclusive, em que a série foi pioneira e passou a ditar as produções para TV posteriores. Na quarta temporada a vítima da vez foi Gus.

Walt sabia que corria risco de vida e que Gus iria matar Hector primeiro, então vai conversar com mais um membro Salamanca. Hector tem ódio mortal por Gus por tudo que ele já havia sofrido e aceita o acordo com o protagonista. Gus vai até o asilo fazer o serviço, lá ele estranha o fato de Hector estar tocando repetidamente sua campainha. Quando percebeu que se tratava de uma bomba, era tarde demais.

Reprodução: Breaking Bad (2008-2013)

Na quinta temporada todos nós já sabíamos quem era o Heisenberg e do que ele era capaz. O seu lado Walter White já estava morto e para reforçar isso ele pede que digam seu nome. Nada mais simbólico da construção do personagem do que esse momento, que até os que não acompanharam a série conhecem: um verdadeiro marco na cultura pop.

Reprodução: Breaking Bad (2008-2013)

Esse foi O momento mais marcante da série. Mas outro igualável em impacto é o seu fim. O fim da série é marcado por mostrar o quão Walt estava no fundo do poço. Em um missão suicida, Walter White matou libertou Jesse matando os nazistas que o perseguiam, mas no processo e foi baleado e morreu antes que fosse preso. Seu legado ficava no mundo. Apesar de ter sofrido atentados a sua vida anteriormente, ele já não tinha mais por que fazer tudo aquilo: era hora de partir.

Reprodução: Breaking Bad (2008-2013)

Breaking Bad teve 62 episódios que protagonizaram uma das melhores coisas que o mundo da televisão já viu. Cada segundo, cada personagem, cada ângulo de câmera, era tudo muito importante. Vince Gilligan fez um universo riquíssimo, tanto que já tivemos o spin off Better Caul Saul que é tão bom quanto. Sucesso de audiência e crítica, Breaking Bad deixa um legado que dificilmente será igualado, conquistando fãs anos após o seu fim.

O ensinamento que fica é: nunca precise de um reparo em seu aspirador de pó.

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