Está tudo bem não saber quem você é por inteiro, ainda não saber tudo o que você quer e tudo bem mudar toda trajetória
As pequenas coisas da vida é um lançamento do começo do ano e está disponível no Star+. A produção é baseada em um livro, mais uma das pérolas produzidas pela Reese Witherspoon.
Na narrativa, acompanhamos Clare, uma mulher prestes a completar cinquenta anos que foi convidada a se retirar da sua própria casa pelo marido, que tem uma relação complicada com o irmão e a filha, e ainda lida com todos os arrependimentos da sua juventude e a morte de sua mãe. De uma forma inusitada ela se torna Sugar, uma mulher anônima que responde e-mails de outras pessoas tentando entregar o melhor conselho possível e, nesse momento, meus caros leitores, a série se torna bela. Por sinal, ela é dividida em duas linhas do tempo. Acompanhamos a Clare no momento atual e na sua juventude (antes e depois do falecimento da mãe), notando como todas essas versões estão conectadas em algum ponto.
Assim começamos com um primeiro episódio que demonstra que até mesmo nossas piores versões, aquelas mais perdidas, merecem o amor e todas pequenas e grandes coisas da vida. Está tudo bem se sentir perdido aos vinte anos, apenas se alimente bem, diga obrigado quando receber um presente e sorria para uma criança quando ela te oferecer um balão, mesmo estando quebrado, essas pequenas coisas da vida nos sustentam.
Sinceramente, eu acabei esbarrando nessa série numa daquelas tardes que queremos assistir algo, mas não sabemos exatamente o que e acabamos pegando algo aleatório que não conhecíamos. Quee bom que eu escolhi essa série! Apesar do ar meio comédia, ela tem um roteiro muito sincero, na realidade, a maioria dos personagens me irritaram durante boa parte do enredo, mas eu também me pegava chorando pelas suas vidas, pelos seus anseios. É uma série muito sincera sobre tudo que ela quer dizer, mostra que nada vai magicamente se resolver em nossas vidas ou entregar todas as respostas, afinal, nem mesmo Clare as tem. Aos quase seus cinquenta anos ela ainda está mudando, se reencontrando, buscando seu próprio caminho, mudando-o, decidindo que não quer mais ser a pessoa que é, percebendo que não se conhece por completo, que se arrepende e ainda guarda raiva, rancor, e até mesmo ódio por si mesma.
Durante os episódios você vai ver os relatos das pessoas se conectando com a própria vida da Clare e como ela percebe que todos nós temos problemas, que coisas ruins e trágicas atingem a todos e que todos nós fizemos escolhas que gostaríamos de nunca ter feito, que todos nós, em algum ponto dessa linha, queríamos mudar tudo e não somos capazes, mas ao menos, conseguimos mudar algumas coisas, e essas coisas vão aumentando, talvez, algum dia, vamos encontrar a pessoa que queremos tanto ser.
Se prepare para rir, para chorar, para se estressar, para sentir todas essas emoções que sentimos no cotidiano enquanto acompanhamos o cotidiano da protagonista. Talvez seja esse olhar tão próximo na vida do outro que nos revela que está tudo bem em sentir tudo que sentimos, que está tudo bem não termos nos encontrado ainda, em não saber o que queremos, pra onde ir, como ir e que, às vezes, precisamos forçar um olhar para o passado, algumas repostas podem se encontrar exatamente onde tememos olhar, nas dores que ainda não cicatrizaram.
Essa é uma série que eu recomendo para todos que se sentem perdidos, que desejam mudanças ou ainda estão assustados pelas suas próprias escolhas e erros, pois é uma série que demonstra que toda essa bagunça faz parte de ser humano, faz parte de existir, afinal, só não iremos mais errar no dia em que deixarmos de viver, até lá, ame, erre, mude. Como Clare aconselha em um dos episódios (sério, veja, chorei em todos), quando sentimos que precisamos partir, quando escutamos essa voz dentro de nós, só podemos seguir, não podemos apagá-la e não precisamos questionar as razões, partir por apenas querer partir… já é o suficiente, e que amar é a única coisa que importa, é a única coisa que conseguimos fazer o suficiente, mesmo quando estamos morrendo. Essa é a mensagem que a mãe da Clare deixou para mim, espero que você encontre algumas durante a série.
Confira o trailer:
Veja Também:
Redação Analisa| Barbie e o ódio às mídias femininas
Presos no tempo finito e na mortalidade
Autor
