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A Angústia Pós-Apocalíptica de La Jetée

Conheça uma das jóias do cinema francês e um dos melhores curtas-metragens já produzidos

Lançado em 1962, dirigido e roteirizado pelo célebre Chris Marker, La Jetée é um curta-metragem de ficção científica com duração de 28 minutos. O filme conta uma história através da descrição de um cenário pós-apocalíptico em que o elemento da viagem no tempo é um ponto central para o desenrolar da trama. Esse ambiente posteriormente seria usado como inspiração para o desenvolvimento da introdução do jogo Fallout.

Em La Jetée, a disposição de imagens estáticas em preto e branco consegue criar perfeitamente o sentimento de desolação de uma sociedade que está praticamente sem perspectiva e a apreensão de depositar todas as migalhas de esperança em uma tentativa de viagem no tempo que talvez nem dê certo. É um filme que desperta muitas questões filosóficas acerca das relações entre o homem, o tempo e o amor.

É interessante também a forma como o filme aborda a viagem no tempo. A massificação em larga escala desse processo o tornou banal e simples na maioria das vezes. Mas aqui essa operação é muito tormentosa e dolorosa e acontece em uma espécie de “sonho” do viajante que lembra muito o que acontece na franquia de jogos Assassin ‘s Creed. Essa abordagem casa perfeitamente com o estilo da narrativa e com a trilha.

Além disso, é necessário pontuar como a incrível trilha sonora de Trevor Duncan equilibra todo o experimentalismo da obra ao empregar partituras “cinematográficas” mais tradicionais e assombrosas. O compositor inglês consegue transmitir toda a angústia e o desamparo de viver nesse mundo pós apocalíptico. 

La Jetée é um filme que é original em sua proposta e narrativa e funciona muito bem, mesmo com pouco orçamento e absolutamente nenhum efeito especial. Marker usa todos os elementos necessários para uma boa contação de histórias e ainda deixa a imaginação e interpretação do público fluir através da estaticidade das imagens. É uma viagem no tempo, na ficção científica e no romance e com certeza um dos melhores curtas de todos os tempos e uma obra que merece a sua atenção!

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