Se apaixonar por uma bruxa pode ser fatal
The Love Witch (Anna Biller, 2016), é o filme de bruxa que precisávamos. Elaine (Samantha Robinson ) é uma viúva que busca uma nova vida no interior ao se mudar para uma casa com estilo gótico. Nessa nova casa, Elaine constrói seu recanto de bruxaria, onde faz seus rituais e porções.
O filme se parece muito, esteticamente, com os clássicos dos anos 60 e 70. Filmado completamente em filme 35 mm, os únicos elementos que remetem á contemporaneidade são celulares e alguns carros. As roupas, maquiagem, cabelo tudo remete ao século passado, e Elaine principalmente – sua aparência é como uma mistura de Priscila Presley com uma pitada de Lana Del Rey.
Às vezes trágica, às vezes empoderada e fatal, Elaine na sua busca pelo amor, desiste de tentar ser a mulher perfeita – única forma que a mesma acha que é possível ser amada. E começa a enfeitiçar os homens para que a amem, e eles amam, amam tanto que esse amor os matam. Durante o filme, existe uma rotatividade considerável de interesses românticos, e muitos flashbacks, que mostram que Elaine na verdade construiu esse pensamento após uma série de acontecimentos em sua vida envolvendo homens: o marido anterior a tratava mal, como se ela não fosse merecedora de tal amor, o pai também não foi dos melhores, e até mesmo o líder da seita em que Elaine se descobre como bruxa se mostra um homem abusador e doentio.
A jornada de Elaine atrás do amor da vida dela é bem caricata, mas é uma caricatura de uma realidade onde a busca do amor romântico acaba destruindo o amor próprio de muitas mulheres. Elaine se redescobriu na bruxaria, talvez todos devêssemos encontrar a nossa bruxaria para se redescobrir.