Um filme com cenas que mostram como, na verdade, é a terceira impressão que fica
Quando pensamos na vida, verdade, universo e tudo mais, a morte acaba por passar na nossa cabeça. Alguns a veem como o grande fim de tudo, um vazio, um nada, tranquilo ou não, os problemas não existem mais, não haveria nada para se lidar. Outros vem o óbito como a resposta final, finalmente alguém chegará e te dirá que o que você fez em vida foi certo ou errado, a tortura ou paz eterna te aguarda, mas independente de qual for, uma resposta foi dada.
Mas e se, ao invés do fim de problemas ou tranquilidade, a morte fosse só mais um dia atrás do outro? Um manual de instruções inútil, filas intermináveis para o pedido da mínima ajuda, colegas de casa indesejados que querem futricar nas suas coisas e sabichões que dizem ter todas as respostas, basta chamar pelo seu nome três vezes. Mas cuidado! Todo mundo te avisou que ele é encrenca. Pois bem vindo ao mundo de Beetlejuice, só não diga esse nome três vezes!
A aterrorizante comédia conta a história do casal Adam e Barbara Maitland, que após morrerem começam a assombrar sua antiga casa para espantar os Deetz, novos moradores que querem mudar todos os detalhes da casa que trazia tanto conforto aos finados. O filme traz cenas marcantes do começo ao fim, com destaque enorme aos efeitos práticos incríveis até os dias de hoje. Logo no inicio do filme, já existem cenas incríveis, desde de dedos em chamas enquanto o casal esta descobrindo a própria morte desde o verme de areia do deserto de saturno.
Mas a primeira cena que merece um destaque especial é quando os Deetz finalmente chegam a casa e começam a se apossar do lugar. Os fantasmas, sem alternativas, decidem coloca-los pra correr de medo, apenas pra descobrir que seus esforços são completamente em vão, os vivos não conseguem ver os mortos!
Outra cena marcante é quando Adam e Barbara decidem pedir ajuda no mundo dos mortos, apenas para se deparar com uma fila enorme de mortos dos mais diversos tipos. Quando questionam se era aquilo que acontecia quando se morre, o filme consegue na simplicidade ser profundo: a morte é muito pessoal, cada um morre de um jeito e segue morto de um jeito diferente. Mas ainda assim, tudo continua tão parecido que é como se ainda estivessem vivos. Não me entendam mal, os efeitos deixam claro que todos ali estão mortos, mas a ideia de que você tem que lidar com uma fila de espera gigante apenas para resolver um pequeno problema é como se fosse apenas mais um dia qualquer de alguém vivo. No fim, parece que a vida continua igual na morte e ninguém sabe muito bem o que fez o outro estar ali, apenas pensam ou fingem saber.
Mas a magia de verdade do filme acontece agora, os maitlands sem sucesso algum nas tentativas de apavoro, decidem pedir ajuda a Beetlejuice, o bioexorcista que já havia tentado entrar em contato duas vezes antes sem qualquer êxito, mas tudo bem, afinal é a terceira impressão que conta!
E que terceira impressão incrível o filme traz, notamos o perigo e o caos que o Beetlejuice é e representa. Cada segundo que o fantasma fica em tela é imprevisível e o filme alcança sua identidade final que queria abraçar desde o inicio, sendo incrivelmente teatral. O Beetlejuice acaba sendo a própria encarnação de uma escolha ruim, parece a solução mas só traz a baderna e, partindo deste ponto, já não dá mais para saber o caminho que o filme trilha com o bioexorcista a solta, o que honestamente é fantástico, até porque, ninguém espera a cena do jantar.
A cena dos Deetz e convidados sendo possuídos e forçados a performar “Banana Boat” é simplesmente fantástica, icônica e não poderia faltar neste texto. A expressão de horror dos personagens enquanto a performance acontece é um show a parte e o desenrolar da cena, ao descobrirmos que os possuídos amaram a situação, só deixa a história toda mais interessante e reforça mais que se o inesperado pode acontecer, irá acontecer , mas mesmo assim as sequências a seguir são totalmente fora da curva
Beetlejuice é completamente liberado e graças a isso os dez últimos minutos do filme se transformam num show que justifica o filme ter o nome que tem. Temos de tudo com efeitos práticos de invejar o CGI dos dias de hoje, vamos desde miniaturas até o deserto de saturno com vermes de areia (sempre icônicos), todos tentam impedir o espírito de se casar, seja por não querer o fantasma a solta ou pra salvar Lydia. É um completo caos e por isso é tão incrível.
Beetlejuice tendo o terror dividindo espaço com a comédia se torna digno de ser assistido por todos que anseiam por ver uma obra sendo imprevisível e se aproveitando disso para sutilmente te deixar pensativo dos temas abordados, se tornando um filme que marca não só os vivos, mas também os mortos.
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