Os bastidores do filme foram um tanto assustadores e geraram traumas permanentes no elenco durante as gravações. Mesmo após 85 anos de sua estreia, um verdadeiro clássico esconde acontecimentos bizarros.
Essa obra cinematográfica que já esteve presente em diversas casas e serviu de inspiração para milhares de crianças, na verdade, não se mostra tão alegre e inocente como parece. Somewhere over the rainbow se mostrou um lugar bem melhor que os Estados Unidos e a Terra de Oz neste período.
CONTEXTUALIZAÇÃO
Inspirado na produção da Disney, Branca de Neve e os Sete Anões, o longa-metragem O Mágico de Oz foi baseado na obra literária de Frank Baum. O filme narra a trajetória de Dorothy Gale, uma garota nascida no Kansas, que vive aventuras incríveis para retornar para casa com três figuras ilustres: um Espantalho que deseja ter um cérebro, um Homem de Lata que gostaria de possuir um coração e um Leão que precisa de coragem. Lançado em 1939, o filme alcançou sucesso global, conquistando 2 Oscars em seu ano de estreia.
HISTÓRIA
Você se recorda da história? Na trama, Dorothy, uma órfã de 11 anos, mora com seu tio e tia em uma fazenda no Kansas. Após um desentendimento com a família, ela deixa a casa acompanhada de seu cão de estimação, Totó. Ao tomar conhecimento de que sua tia não se encontrava bem, ela opta por retornar para casa, porém um ciclone leva sua casa para a Terra de Oz, onde ela mata a Bruxa Má do Leste.
Ela é instruída por Glinda a visitar o Mágico de Oz na Cidade das Esmeraldas para voltar para casa, e no caminho encontra o Espantalho, o Homem de Lata e o Leão Covarde, cada um com um desejo específico. Eles enfrentam desafios, incluindo a Bruxa Má do Oeste. O Mágico de Oz exige que derrotem a Bruxa Má do Oeste como condição para ajudá-los. Durante a jornada, descobrem qualidades em si mesmos. Ao confrontar a bruxa, revela-se que o Leão Covarde tem coragem suficiente para a derrotar.
De volta à Cidade das Esmeraldas, realçam que o Mágico é apenas um homem comum, mas ele os ajuda a perceber que já possuem as qualidades desejadas. Dorothy volta para casa batendo os calcanhares e repetindo “Não há lugar como o lar”.
A história destaca a autodescoberta, a importância da amizade e a valorização das qualidades internas. Além disso, o crítico de cinema Roger Ebert disserta que esses três personagens simbolizam os reais medos e inseguranças das crianças, e que Dorothy estava se ajudando como quando uma criança mais velha vai vencer seus medos ao se comportar de forma mais destemida frente à outras crianças.
GRAVAÇÕES
O longa obteve atenção na década de 1930 por usar Technicolor, uma tecnologia revolucionária que adicionava cores ao filme. Antes, todas as cenas eram pintadas de marrom. E, para essa inovação funcionar, era necessária a exposição elevada devido ao processo de separação dos canais de cor da gravação. Com isso, era essencial inúmeros equipamentos de luz para aumentar a luminosidade do local. Isso fazia com que a temperatura média do estúdio passasse dos 38°C. Além da alta exposição ao calor, os atores enfrentavam jornadas de filmagem de pelo menos 13 horas, o que os deixavam exaustos, devido à temperatura. Ao longo das gravações, diversos figurantes precisavam ser retirados após desmaiarem devido ao calor intenso. O elenco também relata que desenvolveram problemas de visão permanentes pelas luzes do Technicolor.
PERSONAGENS
Saindo dos bastidores das gravações, os atores principais também enfrentaram sequelas para além do set.
Totó, o cãozinho de Dorothy, era na verdade uma fêmea chamada Terry, e a acompanhava em todas as cenas, o que resultou na quebra de uma de suas patas durante as filmagens.
A Bruxa Má do Oeste foi interpretada por Margaret Hamilton, e era diariamente maquiada com uma tinta verde feita à base de cobre, um produto altamente tóxico. E, em uma cena específica, a Bruxa deveria despencar de um vão, deixando faíscas para trás, contudo, o fogo se iniciou atrás da atriz e o alçapão não se abriu de imediato. A caminho do hospital, os paramédicos utilizaram álcool para retirar a maquiagem de sua pele, causando mais agonia a Margaret. O acidente resultou em queimaduras de terceiro grau nas mãos, segundo grau no rosto da atriz, o que a deixou seis meses internada. Ao retornar ao estúdio, a mesma cena estava agendada para acontecer e ela se recusou a participar. Portanto, Betty Danko foi promovida a seu posto e também não terminou bem, uma explosão a lançou da vassoura e ela precisou permanecer 11 dias hospitalizada por causa das queimaduras. Desse modo, sem a cena descrita no roteiro, o cineasta substituiu por uma bruxa que escreve uma mensagem no céu para Dorothy, usando a fumaça que saia de sua vassoura.
O Espantalho, aquele que ansiava um cérebro, precisava mesmo era de dois, um para si e outro para os figurinistas. Ray Bolger, o ator que deu vida ao personagem, enfrentou desafios com sua fantasia. A máscara composta por látex e plástico era aplicada em seu rosto, vedando seus poros e impedindo a evaporação de suor para o controle da temperatura.
O Homem de Lata, interpretado por Buddy Ebsen, teve que ser afastado por conta da intoxicação por inalação de pó de alumínio presente em sua maquiagem, o que gerou insuficiência pulmonar. Usava também uma roupa de metal que o impedia de sentar para descansar. Substituído então por Jack Haley, que fora pintado com pasta de alumínio e passou pelas mesmas dificuldades, além de uma infecção no olho.
O Leão Covarde pedia ajuda, só não eram empáticos com ele. O ator Bert Lahr, que representou a figura, usava uma fantasia que pesava 40kg, feita de pele real de leão (loucura isso), tinha que aguentar o peso, o cheiro desagradável e o extremo calor por baixo de tanto pelo, e o ambiente que já era extremamente quente. Além de tudo isso, devido à dificuldade de remover a maquiagem, ele precisava manter uma dieta líquida, à base de milk-shakes e sopas.
Dorothy Gale, uma garotinha de 11 anos, foi representada por uma adolescente de 16 anos e isso cooperava para os cineastas quererem que ela tivesse uma aparência mais jovem. Ela teve que emagrecer seis quilos, usar espartilhos apertados e seguir uma dieta restrita a café puro, sopa de galinha e queijo, além do costume de fumar quatro maços de cigarro diariamente para controlar o apetite. Além disso, ela necessitava de medicamentos que a mantivessem alerta durante o dia e calmantes para dormir à noite, devido às mais de 18 horas de filmagens. O ex-marido da atriz, no livro “Judy and I: My life with Judy Garland” relatou que ela era constantemente molestada por atores de mais de 40 anos. E no livro “Victor Fleming: An American Movie Master“, o autor relata que Judy foi agredida pelo diretor ao gravar uma cena, o que deixou todo o elenco apavorado. E, embora seja a estrela do filme, seu salário era inferior aos demais.
WICKED
O filme, que chegará aos cinemas dia 21 de novembro de 2024, é o prelúdio da famosa história de Dorothy e do Mágico de Oz, onde conhecemos a história não contada da Bruxa Boa e da Bruxa Má do Oeste. Preparados para conhecer um novo enredo na Terra de Oz?
“– Fico com o coração. Porque o cérebro não faz ninguém feliz, e a felicidade é a melhor coisa do mundo” – Homem de Lata.
Escrito por Milena Miranda, a qual preferiu seguir com o coração.
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