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CineProfissão: Animador

Às vezes, um animador leva um dia inteiro para animar uma cena de seis segundos. Conheça mais sobre essa desafiadora profissão!

O Cinecom voltou aos gramados das quatro pilastras com muito entusiasmo e foi recebido com carinho e animação pelos estudantes. E o filme escolhido para estrelar esse momento foi “O Menino e o Mundo”, do diretor Alê Abreu, uma belíssima e tocante história sobre as memórias de um menino do campo após a partida de seu pai para a cidade em busca de trabalho. Enquanto os quadros são projetados diante de nossos olhos e nos encantam, talvez seja difícil, em um primeiro momento, ter a real dimensão do quão trabalhoso é dar vida e movimento a um filme de animação. Então fique aqui para conhecer um pouco mais sobre esse processo e a profissão do animador!

O principal objetivo do animador é sequenciar os quadros de forma a criar a sensação ilusória de movimento e fluidez para um determinado enredo e personagens, o que requer um olhar criativo e uma certa aptidão artística. Esse profissional deve fazer a leitura dos roteiros para entender as necessidades de cada animação. A partir disso, pode elaborar apresentações com desenho bruto para os clientes e desenvolver storyboards com os modelos, desenhos ou ilustrações criados por ele. Além disso, é responsável pela sincronia entre som e imagem, e pela junção das imagens com gráficos de fundo e efeitos especiais. Deve participar do processo de edição, dirigir o trabalho dos assistentes e colaborar com a equipe de produção.

O animador, antes de qualquer coisa, precisa dominar as habilidades narrativas. Afinal de contas, ele está ali para contar uma história a partir da animação. Também se faz necessário o domínio de softwares de CGI, para que possa criar as cenas e conferir movimentação aos modelos, e uma boa capacidade tanto para trabalhar em equipe quanto para se comunicar, tendo em vista que precisará estar em constante contato com outras partes da produção. Ademais, se faz necessário uma certa segurança para trabalhar com prazos e restrições orçamentárias.

O processo de animação ocorre em etapas. Na pré-produção ocorre uma reunião estratégica para definir o argumento a ser utilizado: qual tipo de história será contada, quais serão os elementos e as técnicas utilizadas, e o objetivo a ser cumprido. Também são planejados os cronogramas e a divisão de tarefas. A partir disso, será desenvolvido o storyboard, que incluirá os desdobramentos das cenas, as poses dos personagens e planejamento da movimentação das câmeras. São gravadas vozes guias para teste e preparados protótipos do filme para ajuste de detalhes, também são criadas artes conceituais para definir a paleta de cores e identificar as necessidades específicas da produção.

Em seguida, a produção dependerá da técnica escolhida pelos profissionais para realizar a animação. No caso das animações em 3D, por exemplo, ocorre a modelagem 3D de personagens, adereços e cenários, respeitando a escala e especificações técnicas, texturas e cores planejadas, além da montagem dos cenários de acordo com o storyboard e a configuração das luzes. Já no caso das animações stop-motion, o processo é lento e trabalhoso, quase artesanal e tudo deve ser minuciosamente planejado para que não hajam erros. Primeiro são gravadas as referências de movimento com humanos, no processo de pré-visualização e em seguida são construídos os cenários e os bonecos dos personagens, além dos mecanismos específicos que controlam diferentes aspectos da sua expressão. Para evitar muito trabalho, os animadores primeiro filmam todas as cenas de um determinado cenário, sendo, portanto, não-cronológica. Ao final, são aplicados a edição, os diálogos e a trilhas. A pós-produção é o momento de correção de detalhes: as cores e os sons são ajustados para dar a forma final ao projeto.

Minhocas (2014), do diretor Paolo Conti, foi o primeiro longa metragem brasileiro feito com a técnica de stop motion.
Reprodução: Internet

Para tornar-se um profissional da animação, não precisa necessariamente obter um diploma de ensino superior. Segundo o site Via Carreira, 54% dos profissionais que trabalham com animação não têm formação superior na área e a maioria possui diploma de nível técnico. O ensino superior, no entanto, apesar de escasso em instituições públicas, é muito valorizado pelas empresas. São oferecidos cursos na UFPEL e na UFSC. No caso das instituições privadas, temos o curso da FAAP, com classificação de nota máxima no MEC.

O mercado de trabalho para o animador é muito amplo e prevê atuação em diversas áreas diferentes. O profissional, para além do senso comum de trabalhar com animações para estúdios de cinema, pode também trabalhar com animação de jogos de videogame, na criação de vinhetas e aberturas de programas de televisão. Também encontra espaço em agências de publicidade para o desenvolvimento de comerciais e no setor educacional, como uma forma de melhorar as videoaulas. Dependendo do ambiente e da proposta do trabalho, as suas atividades, responsabilidades e formas de se animar podem variar. Na maioria das vezes, é autônomo e trabalha prestando serviços para empresas, podendo cobrar tanto pelo trabalho completo quanto pela quantidade de segundos.

A demanda pelo trabalho do animador é latente no Brasil e esse campo de atuação está cada vez mais promissor e efervescente. No entanto, as empresas ainda são pequenas e precisam de um financiamento maior de acordo com as características dessa indústria. O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social se tornou um dos maiores apoiadores da animação brasileira, contribuindo para a realização de 32 longas e 5 curtas. Com isso, revela-se que a produção brasileira caminha em direção ao sucesso tanto pelo crescimento quantitativo quanto qualitativo, tendo algumas de suas produtoras inseridas no mercado global e reconhecidas pela qualidade técnica, e algumas produções recebendo indicações em algumas das premiações internacionais mais importantes.

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