Técnica incrível e enredo bem amarrado nos transportam para a nostalgia da infância
Papai Noel se chama Norte e é um homem careca, tatuado, com duas espadas enormes e um estilo meio badass. O Coelhinho da Páscoa, que na verdade é um Coelhão alto, sério, ágil e lança bumerangues. A Fada dos Dentes é uma mestiça entre humana e pássaro – meiga, mas protetora. Sandman é um pouco gordinho, baixo e se comunica por símbolos de areia dourada. Definitivamente esse não são os personagens de lendas infantis como os conhecemos. A Origem dos Guardiões traz uma desmistificação dessas lendas que, no filme dirigido por Peter Ramsey, forma um grupo responsável por cuidas da infância.
Adaptado dos livros de William Joyce, A Origem dos Guardiões expande o universo dos Guardiões da Infância e mostra 300 anos depois da última aventura dos livros, inserindo Jack Frost como escolhido pelo Homem na Lua para ser o novo Guardião. O filme é uma renovação dos personagens infantis que todos já conhecem, caracterizando-os, nas palavras de Guillermo Del Toro, um dos produtores, para que “não tivessem as visões que lhes são dadas em determinadas culturas”. Jack com certeza não é muito conhecido dos brasileiros, por ser a entidade que traz consigo o inverno mais forte e a neve, mas conquista o coração do público. E, apesar de as vozes originais (de atores de peso como Chris Pine, Hugh Jackman, Alec Baldwin e Jude Law) serem parte da graça dos personagens, a dublagem brasileira acerta em não tentar chamar mais a atenção do que o próprio enredo.
A trama do longa é bem amarrada, girando em torno da relação entre crianças e guardiões – e a necessidade da crença neles para existir – e gerando momentos tristes e reflexivos, coerentes na narrativa – mesmo que seguidos de fáceis soluções para problemas apresentados. Um ponto negativo seria o vilão com história mal desenvolvida e motivações pouco convincentes, mas que nada atrapalha no enredo em geral. A qualidade técnica é incrível, levando o público para dentro da tela com um 3D que faz toda a diferença até nos mínimos detalhes (na neve de Jack Frost, na areia dos sonhos de Sandman, nos papéis picados que caem da oficina do Norte), sempre seguindo uma linguagem que se aproxima do vídeo game. A trilha sonora acompanha bem as mudanças de cena, com o bônus de não se sobrepor à sonoplastia das cenas de ação.
A Origem dos Guardiões é, em resumo, um lembrete para que a imaginação não seja esquecida quando crescemos e uma boa recomendação até para aqueles que não gostam muito de animações.
Nota do filme: