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Crítica | Abbott Elementary – 1° Temporada

O charme de criar uma série que abraça o amor e as dificuldades dos professores

Com a chegada da segunda temporada no Star+, é a hora de comentar sobre a primeira temporada de uma das melhores séries que eu esbarrei em 2022.

Abbott Elementary é uma série de comédia e drama que gira ao redor de uma escola, sobre os funcionários e os alunos. A criadora e também protagonista, Quinta Brunson, acaba dando vida para esse projeto, que vai abordar questões extremamente necessárias, com leveza e responsabilidades, desde dificuldades de alunos específicos (como vergonha na hora de travar lendo ou os famosos problemas com número, até coisas mais sérias como problemas familiares influenciando o desempenho escolar), a falta de apoio do governo e renda, o esforço dos professores para contornar todas questões do dia a dia com um salário curto, e até mesmo a vida pessoal de cada um deles, que acaba demonstrando que apesar de professores, eles são humanos no fim do dia.

Reprodução: Internet

Os episódios são curtos e dinâmicos, desenvolvendo os protagonistas e trazendo dramas específicos em cada um deles, seja como sua vida pessoal vai afetar o seu trabalho ou a impotência com certos desafios, até mesmo o medo de não conseguir ensinar tudo para essas crianças que já estão colocadas na base da pirâmide. O carisma entre o elenco é vibrante, fazendo que mesmo os personagens mais irritantes, se tornem cativantes nas suas singularidades, seja pela forma única de enxergar o mundo ou como eles tentam seu máximo para ajudar, mesmo quando o outro estava fazendo uma burrada que já tinha sido avisada.

Outra questão interessante é o choque de gerações, Janine (Quinta Brunson), Gregory (Tyler James Williams) e Jacob (Chris Perfetti) são professores mais novos, na faixa dos 25 anos, ainda com uma certa ingenuidade e aquele desejo de mudar o mundo, de abraçar tudo, de se desgastar ao máximo dando murro em ponta de faca e se frustrando com muita facilidade, pois ainda tem essa falta de vivência no sistema, e até mesmo tentam atualizar esse mundo, com toda esse visão da tecnologia e redes sociais, que mudou toda forma que nós crescemos, e apesar de ser bonito acompanhar as loucuras desses três, também acaba trazendo essa sensação de pena, pois toda situação é precária, já que não existe um apoio total. Enquanto isso, Melissa (Lisa Ann Walter) e Barbara (Sheryl Lee Ralph) já são professoras mais velhas, com uma carga muito maior, uma jornada de décadas de trabalho, lidando com essas situações todos os dias, conhecendo o sistema, com marcas de desânimo que são escondidas pelas crianças, mas que existem, já que elas sabem que era pra ser muito melhor, que o sistema deveria ter mudado, que a forma que o governo olha para educação é precarizada e falta investimento e carinho pelo projeto, assim, elas acabam sendo essas figuras de aconselhamento e até mesmo de trocas, elas ajudam e aparam os desejos, medos e dores dos professores mais novos, enquanto aprendem e até mesmo se alegram com esse desejo de mudança que eles carregam.

Reprodução: Internet.

É uma série cheia de profundidade nos detalhes, demonstrando como os Estados Unidos não investe no básico da educação pública, como essa escola, que os alunos são predominante negros, sofre com questões precárias, com falta de olhar, com o constante esquecimento pela sociedade, ainda mais quando temos vislumbres de outras escolas com mais investimentos e o cansaço que você acaba compartilhando com esses personagens tão queridos, que querem que todo o sistema seja alterado, que merecem salários melhores, que todas essas crianças tenham acesso a todas possibilidades que o mundo podem oferecer, apesar da situação única de cada uma delas.

É a melhor série que assisti em 2022, ela faz você sorrir e chorar na mesma medida, faz você encarar o cotidiano de pessoas que se encontram em situações sem saídas várias vezes e continuam tentando, mesmo que isso não seja trabalho deles, eles ainda suprem essa parte que o governo deveria suprir, eles continuam incentivando e lutando por esses alunos, enquanto eles lutam pelas suas próprias vidas, contra seus próprios erros e encontram/renovam seus caminhos.

Trailer:

Nota:

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