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Crítica: Atômica

Charlize Theron capta toda a tensão do ano
de 1989 na trama sobre espiões

O ano é 1989, mais precisamente novembro de 1989. O socialismo soviético está em crise e a pressão externa e interna para a derrubada do Muro de Berlim é cada vez maior. Em Londres, a agente do MI6 Lorraine Broughton (Charlize Theron) recebe uma missão: ir até Berlim Oriental, encontrar um agente duplo traidor e recuperar uma lista que comprometia todos os agentes infiltrados no território. Seu contato é o outro agente inglês David Percival (James McAvoy), que após tanto tempo em Berlim, já não tinha um sentimento tão nacionalista pelo seu país.

Dirigido por David Leich, que apesar de novato, estreou muito bem com o longa De Volta Ao Jogo (2014), e não deixa a desejar com sua Atomic Blonde (título original). A estética fotográfica do filme vem com uma paleta cheia de tons frios azulados que remetem muito o clima político da época, mas em alguns momentos cores fortes surgem – com letreiros neon e tons de roxo e vermelho surge aos olhos do espectador uma Berlim em ascensão. A edição não fica pra trás, com lutas extremamente bem coreografadas. A imagem de heroísmo não se encaixa com Lorraine, a personagem bate, mas apanha e cai de uma forma bem mais humanizada que muitos filmes de ação. O mérito principal da edição vai pra uma cena de luta, em uma tomada só, que dura quase 15 minutos e começa com uma incrível cena em uma escadaria e consegue terminar com uma perseguição sob rodas ao som de “I ran(so far away)”, clássico dos anos 80.

A trilha sonora é outro ponto marcante do filme, com David Bowie, Queen, The Clash e George Michael, a experiência de imersão no ano de 1989 fica completa. A personagem de Charlize consegue concentrar tudo que é necessário para uma boa protagonista de ação. Com a máxima de que deve confiar em absolutamente ninguém, a personagem é construída de forma cativante e independente. Em alguns momentos, se nota diálogos um pouco paralelos à situação, como uma sutil mas reveladora conversa que Lorraine tem com a agente francesa Delphine(Sofia Boutella).

O filme foi inspirado na HQ The coldest city, de Anthony Johnston, e apesar de em alguns momentos o roteiro de mostrar levemente confuso, e só nesse ponto irei penalizar, o filme entrega bem mais do que prometeu. Atômica, se mostra um filme certeiro e termina de consagrar Charlize Theron como o novo nome feminino do gênero. Resta saber se a sul-africana irá investir mais em tamanho potencial para ação.

 

 

Nota do filme:

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