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Crítica: Irmandade

Irmandade é uma série fácil de assistir, mas de temática difícil

 

De Pedro Morelli, Irmandade, a série lançada em 2019 no site de streaming Netflix é um dos grandes ganhos nacionais do ano. A trama conta a história de Edson, vivido por Seu Jorge, líder de uma facção criminosa que está encarcerado, e de sua irmã Cristina, de Naruna Costa, que é advogada e não mantém mais contato com o irmão desde sua prisão. De lados opostos da história, Edson e Cristina têm seus destinos cruzados novamente, não da maneira clichê e óbvia que o plot poderia sugerir, mas com reviravoltas éticas, familiares e de vida.

O sistema carcerário brasileiro já foi abordado diversas vezes em tramas nacionais e é um pano de fundo recorrente em produções artísticas. Mas em Irmandade, as problemáticas envolvem muito mais do que apenas a cadeia. Dilemas de vida acompanham os personagens: Cristina, que esteve sempre do lado da justiça, é obrigada a fazer aquilo que nunca imaginou que faria; Edson, que aparentemente está ambientado com a vivência brutal da cadeia, agora passa a ter que conviver com as problemáticas exteriores.

A história pode ser um pouco cansativa para alguns – existe uma tentativa de passar a história da maneira mais fácil para o público e pode acabar enrolando em alguns pontos – mas isso não é necessariamente algo ruim dentro do quadro geral. Irmandade não se destina somente ao público acostumado com séries – sua premissa é se conectar com os públicos que geralmente não teriam acesso a ela. Inclusive a série foi a primeira a exibir gratuitamente seu primeiro episódio no serviço de streaming do Brasil. Irmandade é fácil porque o que narra é difícil, Edson está passando por uma realidade brutal brasileira, ele é parte do encarceramento em massa e das estatísticas de abuso e violência. Seu didatismo não é fruto de descuido, é um projeto bem construído.

As figuras femininas fortes da série são um ponto alto. Naruna está impecável como Cristina, chega a irritar por ser tão fiel a suas convicções, e Darlene (Hermila Guedes), que é esposa de Edson e seu braço direito na organização, também se destaca na trama. Geralmente em, séries como Irmandade, as mulheres são apagadas, deixadas de lado ou colocadas em uma posição de única e exclusivamente sofrimento. Elas passam por tempos ruins, mas suas forças não são deixadas de lado durante a trama.

Com oito episódios que variam um pouco no fluxo de informações, Irmandade é muito mais do que uma série sobre encarceramento, é uma série sobre óticas diferentes de ética e maneiras de ver a vida.

 

Nota da série:

 

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