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Crítica: Os Jovens Titãs em Ação! Nos cinemas

É uma DC que sabe rir de si mesma e mergulha
em um roteiro cheio de referências

 

Quadrinhos sendo passados como alguém folheando uma revistinha. Cenas e mais cenas de super heróis lutando. Parece até a abertura da Marvel, não é? Mas então aparece uma ave folheando um revistinha em quadrinhos e é possível perceber a piada implícita da DC com a empresa rival, que tem essa cena como abertura de todos os seus filmes do universo compartilhado. A partir daí o toque irônico povoa a Os Jovens Titãs em Ação! Nos cinemas, desde referências a filmes da Marvel e da Fox a piadas com os fracassos de seu próprio estúdio. Há menções às aparições de Stan Lee (um dos maiores criadores da Marvel), o Lanterna Verde que não deu certo e até mesmo ao bigode de Henry Cavill retirado digitalmente em Liga da Justiça. O grande triunfo aqui é a DC que ri de si mesma e de sua sequência de fracassos no universo cinematográfico quando comparada à rival. Mas não é apenas disso que se trata o filme.

Roteirizado por Aaron Hovarth e Michael Jelenic, Os Jovens Titãs em Ação! Nos cinemas traz críticas e uma nova visão sobre heróis. Os personagens são egocêntricos e atrapalhados, divertindo o público pela desconstrução da moral geralmente associada a eles. As críticas estão nas entrelinhas e é necessário ter uma carga de conhecimento prévia sobre filmes de heróis para entendê-las. O longa traz os filmes de Deadpool como um insulto ao gênero cômico pelas piadas ruins usadas apenas para agrado do público; pauta a demora para um filme protagozinado por uma heróina mulher, que veio a acontecer apenas com Mulher Maravilha em junho de 2017; e critica sequências e spin-offs, tanto da própria DC quanto da Marvel, feitas apenas pela ambição dos estúdios em continuar lucrando. Tudo isso relaciona com a atualidade da trama principal da animação: a realidade de filmes e séries de heróis em Hollywood e a massiva vaidade com tais projetos.

Em termos gerais, é um filme que conquista o público. Qualquer um que seja. Foi projetado para agradar tanto a crianças que estão indo apenas para ver uma animação quanto a jovens e adultos que já conheciam personagens de quadrinhos e seriados da televisão. As crianças se divertem com cenas curtas, ritmo cômico, musicais ocasionais e ação moderada e os adultos vêem a amplitude do filme nas piadas de duplo sentido, musicais como paródias e a sátira por trás da ação. Apesar da redundância ao repetir que os Jovens Titãs não são heróis de verdade (e isso pode cansar a maioria dos espectadores), a insistência de Robin em perguntar o que é preciso para se tornar um acaba criando um vínculo com o público.

Os traços da animação que lembram os Cartoon Cartoons do fim dos anos 90 dão uma sensação nostálgica àqueles que assistiam ao Cartoon Network na infância. A aposta certeira nas cores e texturas foi uma quebra no tom obscuro que os filmes do estúdio teve na última década, assim como os musicais bem colocados para quebrar o clima, principalmente quando estas também trazem referências – como a trilha de De Volta Para O Futuro e Ciclo Sem Fim, do Elton John, ao comparar a ascensão de Robin com o nascimento de Simba, de O Rei Leão. A escolha dos dubladores também foi um ponto extra para o longa. Manolo Rey, Eduardo Borgeth, Mariana Torres, Charles Emmanuel e Luisa Palomanes já trabalhavam há anos como Robin, Ciborgue, Ravena, Mutano e Estelar e isso possibilitou um conforto maior com os personagens, ao ponto de quase não ser possível separar o herói da voz. Em termos gerais, Os Jovens Titãs em Ação! Nos cinemas não é um filme inovador em termos cinematográficos, mas é um novo fôlego para a DC e um grande avanço para que ela defina o que quer diante de seu público cada vez mais exigente e decepcionado com desempenhos anteriores.

 

 

 

Nota do filme:

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