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Crítica | Kingsman: Serviço Secreto

Longa é uma satírica e divertida homenagem aos filmes de espiões

 

Em uma incrível citação metalinguística, o personagem de Colin Firth diz a respeito de como os filmes de espionagem ficaram sérios demais. E é impossível resistir a essa trama cartunesca que mergulha em clichês sem medo de usá-los. A proposta de Matthew Vaughn – conhecido por Stardust (2007), Kick-Ass (2010) e X-Men: Primeira Classe (2011) – é algo divertido e descompromissado e Kingsman: Serviço Secreto só pode ser encarado como tal.

O roteiro, também escrito por Vaughn em parceria com Jane Goldman, é uma adaptação dos quadrinhos de mesmo nome de Mark Millar e Dave Gibbons sobre uma agência britânica de espionagem. Quando um dos agentes é morto em missão, é aberta um treinamento seletivo para sua substituição. É então que Harry Hart (Colin Firth) escolhe Gary “Eggsy” Unwin (Taron Egerton) – um garoto rebelde e pobre de Londres, filho de um antigo candidato da Kingsman – para essa seleção.

Em uma incrível sacada do cineasta, o exagero e a extravagância se tornam a harmonia do longa. O segredo para que essa ousadia não se tornasse um fiasco foi o equilíbrio entre opostos e a própria ideia de quebrar clichês e sustentar outros. A desconstrução das imagens de Colin Firth e Samuel L. Jackson; a alternância entre feminismo e estereótipos machistas; violência e entretenimento; defesa da nobreza e elegância enquanto condena o dinheiro como vantagem social. Ainda assim, ao tratar de drama, o filme cai em uma armadilha. Ao deixar de lado o ritmo frenético da ação e comédia, o roteiro falha em entregar uma carga dramática de qualidade.

No entanto, pontos positivos é o que não falta. A ousadia ao mostrar a morte de um personagem importante de forma brusca e sem rodeios e o desvio de insinuações amorosas mostra como Kingsman não teve hesitação, por mais que contemplasse todos os clichês de um filme do gênero. As coreografias de luta são incríveis, assim como os movimentos de câmera, que fazem a experiência ainda mais delirante – o plano sequência editado da inquietante cena da igreja foi genial, assim como alternância de duas tramas em paralelo. O elenco selecionado por si só já cria expectativas sobre o longa, não decepcionando em nenhum aspecto. Taron, como ator estreante, se mostrou carismático e com muito competente para liderar a produção.

A dicotomia da elegância e escárnio é o que torna Kingsman um bom entretenimento para quem o assiste com certa despretensão bem-humorada. Ele é tudo o que um blockbuster deveria ser: uma mistura acertada de ação, humor inteligente, sarcasmo e metalinguagem.

 

 

Nota do filme:

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