À nostalgia e além, um dos personagens mais queridos dos filmes animados conquista de vez o seu próprio espaço
Assim como os personagens dos universos cinematográficos de Star Wars e Marvel, que agora protagonizam seus próprios filmes e séries, por que os incríveis brinquedos da primeira franquia de animação por computador do mundo não deveriam se beneficiar com o apogeu das histórias expandidas no cinema? Afinal, estamos falando de uma franquia com bilheteria mundial de mais de U$3 bilhões, e diversas indicações ao Oscar. Toy Story, ao longo das suas quase três décadas de existência desde o primeiro lançamento, estreou personagens cativantes, histórias emocionantes e que geraram sucesso de público, crítica e prêmios.
Neste mar de sucessos, a Pixar lançou o spin-off Lightyear em 2022, que recusa apresentações para contar a história da grandiosa personalidade de Buzz Lighyear, heróico ajudante do xerife Woody na trama original. Claro, o primeiro obstáculo da empresa de animações seria construir uma linearidade para explicar uma história de origem de um brinquedo infantil, cuja resposta seria óbvia ao olhar dos espectadores.
Entretanto, isso não foi um problema. Com a Pixar, a criatividade adicional é um mandato. Embora eu tenha certeza de que o roteiro também seria muito divertido em uma fábrica de brinquedos, no caso de Lightyear, suas aventuras espaciais certamente forneceram um material muito melhor, criando um roteiro imerso no universo original. Sendo mais objetivo, Andy, o garoto no coração de Toy Story, originalmente ganhou seu Buzz depois de ver este filme, baseado em um patrulheiro espacial fictício. Aliás, é bem assim que Lighyear começa, com uma mensagem na tela:
“Em 1995, um garoto chamado Andy ganhou de presente um brinquedo do seu filme favorito. Este é o seu filme”.
E ali, já começamos a nos emocionar.
Buzz Lightyear – estrelando a voz de Chris Evans, que substitui Tim Allen nos filmes anteriores – é um humano fictício que é um patrulheiro de elite encarregado de proteger uma nave de exploradores espaciais. Depois de desviar a nave para confirmar possíveis formas de vida em um planeta hostil, os exploradores se perdem e ficam milhões de anos luz do planeta Terra. Buzz se sente responsável e preocupa-se em levar sua tripulação de volta em segurança. O problema é que a espaçonave é alimentada por cristais especiais que levam anos para serem recriados, e cada voo de teste consome anos adicionais em viagens no espaço-tempo (fãs de Interestelar, por que estes olhos brilhando?).
Enfrentando desafios intransponíveis, Buzz é forçado a aceitar que não pode fazer tudo sozinho, e relutantemente, aceita a ajuda de um bando de novos aspirantes a patrulheiros espaciais do assentamento espacial.
A dublagem do filme tem espaço para brilhar. Chris Evans adiciona o tom profundo de super-herói, pela sua veterana experiência, e soma pontos de humor e companheirismo inesperado ao lado de Keke Palmer, que dubla o papel coadjuvante. No entanto, um defeito na versão brasileira me chama atenção: “Disney, qual é a pira de ainda colocar celebridades nas dublagens?“. Correndo o risco de repetir a catástrofe de Enrolados (onde pôs Luciano Huck para dar voz ao protagonista), o estúdio desta vez convidou Marcos Mion para protagonizar a obra. Embora não chegue perto do azar anterior, a voz e jeito de falar de Mion é tão singular que diversas vezes não enxergávamos Buzz na tela.
Embora o ritmo do filme seja mais lento do que a ação ininterrupta dos antigos Toy Stories, e possa ter dificuldade para prender a atenção de crianças menores de 10 anos (forte característica das novas produções da Pixar, que definitivamente não apostam mais na mais recente geração), o novo material de heróis de Lightyear é uma ótima animação, com qualidade de retrocesso deliberado.
Assim como os recentes irmãos animados “Viva: A Vida é uma Festa“, “Soul“, “Luca” e “Red: Crescer é uma Fera“, o filme dá um show de lições sobre humildade, amizade e trabalho em equipe. Sem dúvidas, Lightyear foi uma ótima introdução da Pixar para abrir as portas de seus antigos sucessos a fim de expandir seus universos ‘ao infinito e além‘.
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