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Crítica: Midsommar – O Mal Não Espera a Noite

Um filme que causa muita expectativa, mas pouca emoção verdadeira no espectador

Midsommar é um filme do diretor Ari Aster (mesmo diretor de Hereditário), lançado em 2018, do gênero terror/suspense. É uma obra em que as palavras se perdem na busca de uma definição coerente da mensagem que todo o enredo bizarro busca passar ao longo de mais de duas horas, sendo a maioria das cenas compostas por pouca ou nenhuma emoção que desperte interesse ao público faminto pela adrenalina característica de filmes do gênero.

Talvez haja uma perspectiva conceitual não captada pela maioria do público, sites de críticas discorrem sobre a genialidade dos efeitos e da busca do terror no belo, como se a principal morte do enredo fosse propositalmente a de seu público por tédio  com os momentos que acompanham o ponto de vista da personagem principal, que se sente sufocada e agonizando desde o começo da história. O questionamento sobre isso é se então esse filme não serve para todos, se limitando a um grupo seleto de interpretadores intelectuais que conseguem ler as entrelinhas de um filme que promete terror e entrega um show de horrores para mentes sãs que buscam ficar aterrorizadas, mas saem traumatizadas de um jeito ruim.

A história gira em torno de Dani (Florence Pugh), uma jovem que se mostra instável psicologicamente desde os primeiros momentos do filme, e seu relacionamento sem sal, extremamente morno, com um namorado que mostra desinteresse em quase todas as cenas em que aparece juntamente com seu grupo de amigos, homens característicos que são sacrificados em filmes de terror e zero charme. Mas seria injusto falar que o enredo é focado num casal sem química, pois,obviamente, é muito mais independente do que qualquer uma dessas pessoas medíocres podem oferecer, mesmo que a perspectiva principal seja de Dani, é sobre os limites da mente humana e além deles. É um teste para a mente do espectador.

A obra é delirante, crua e bizarra ao ponto de fazer o público rir de absurdos inimagináveis. O tédio acompanha a jornada deste pela história como um companheiro fiel, enquanto supostamente o sentimento vivenciado deveria ser falta de ar, aquela escuridão que vive dentro do ser humano e lhe aperta os pulmões por estar restrita dentro de uma carcaça sem esperança, exatamente como a protagonista se sente. Quando o grupo de amigos chega ao vilarejo sueco, não existem palavras pra definir aquela vibe de culto e a luz super brilhante, possivelmente, um dos únicos momentos que o espectador se sente realmente dentro da proposta de frustração do filme. Por que tudo tão branco? Que inferno de luz é essa? Por que não escurece nesse lugar? São algumas perguntas que devem passar pela cabeça, além das runas bizarras daquela cultura que tem histórias super sexuais.

É compreensível o desejo da construção de uma quebra de paradoxo inesperada entre a luz e o mal, mas o filme deixa a desejar ao misturar muitos elementos e não passar clareza em suas intenções. Pode-se até dizer que a forma como Dani consegue libertar sua escuridão na luz, num final super estranho, é poética e mostra que mesmo aquele lugar super iluminado é cercado pela escuridão dos corpos. Se considerarmos o vilarejo sueco como um culto religioso, o que provavelmente é, podemos afirmar que trazem o conceito de um bem com sacrifícios, mas como são sacrifícios humanos…acho que logo se tornam maus, afinal deuses com sede de sangue (no sentido de assassinatos)  não podem ser um bom presságio, não é? O ser humano é moldado o tempo todo, alguns filósofos já até afirmaram que nossa natureza é cruel, aparentemente precisamos trancar nossa escuridão e Midsommar apresenta uma porta entreaberta em seu enredo.

Aproveitem e vejam o trailer:

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