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Crítica: Na mira do atirador

Filme traz um proposta diferente que serve tanto como motivo dos seus erros como dos seus acertos

The wall (seu título em inglês) é uma produção que foge dos blockbusters de guerra. Visando uma produção mais “íntima” e uma trama mais simples, Doug Liman – diretor de “No limite do amanhã” e de Sr. & Sra. Smith – entrega um filme dividido entre acertos e erros.

Aviso de Spoilers

Filme angustiante, 'Na Mira do Atirador' retrata absurdo da guerra - 24/08/2017 - Ilustrada - Folha de S.Paulo

Isaac (Aaron Taylor-Johnson, o Mercúrio de “Os Vingadores”) e Matthew (John Cena, lutador de WWE) são dois soldados do exército dos Estados Unidos no Iraque, no final da guerra. Eles são enviados a uma missão para investigar e resgatar conterrâneos em uma emboscado no deserto. Chegando lá eles notam estarem todos mortos por um atirador de elite.

Desse ponto se tem um primeiro ato rápido e frenético, com Matthew sendo gravemente ferido e Isaac se escondendo atrás de um muro, esse o qual dá nome de The Wall ao longa e se torna praticamente um personagem. A trama toda está montada, os três personagens estão na cena; Isaac, Matthew e o atirador iraquiano. A partir daí que acontece todo o desenrolar do filme.

Entramos em um segundo ato mais arrastado e entregue a um suspense psicológico. Isaac está ferido, com poucas provisões e qualquer movimento sem a cobertura do muro o deixa vulnerável ao atirador. Quando ele consegue comunicação por rádio descobre que a voz é a do seu perseguidor que é fluente em inglês. O mesmo se mantém trocando entre a tortura – de ameaçar acerta-lo ou ao seu amigo caído- e entre uma tentativa de diálogo sobre as similaridades dos soldados de ambos os lados e aos motivos da guerra. Isso abre uma nova face ao roteiro, porém não é bem explorada. Religião ou os interesses por trás da guerra faz parte do debate entre os dois, mas aqui Doug não consegue estabelecer uma crítica incisiva não deixando claro que lado ele quer abordar. Argumentos são facilmente rebatidos tanto pelo iraquiano quanto pelo americano. Além do mais o atirador se mostra cruel e frio, mentindo em certas ocasiões, o que não cria credibilidade quanto a história de vida dele. Outro problema é a abordagem dos interesses estadunidenses, porque em determinado momento parece que ele joga a culpa para cima de Isaac. Isso é uma problemática, já que ele o típico soldado; um menino do interior que se sente atraído pelo recrutamento e passa pelo inferno da guerra. Ele não é o culpado pela intervenção de seu país, ele está mais para um peão nisso tudo.

O terceiro ato fica relegado a resolver o impasse da situação; Isaac tem que eliminar o atirador antes que os reforços cheguem e se tornem mais vítimas. Aparentemente em meio aos tiros e a poeira do deserto ele consegue acertar o tiro. Terminando com eles sendo resgatados, mas no momento que o helicóptero passa pelo local onde o atirador estava ele é alvejado e cai. E com esse plot twist um tanto abrupto o filme se encerra.

Baseado em um enredo de uma cena apenas, com uma hora e meia e três personagens Doug Liman foi um tanto ousado. Sendo sua direção o ponto forte do filme com enquadramentos que passam o drama psicológico presente. A atuação, principalmente de Aaron Taylor-Johnson, consegue entregar expressividade ao personagem. Tudo isso corrobora para o acerto do filme como um bom suspense.

Já no quesito pontos fracos, tem a questão do roteiro ser muito simples não permitindo grandes inovações, ele foca bastante no suspense de “caçador e presa” entre os dois atiradores. Mas o problema maior está no segundo ato: ele é arrastado demais; os diálogos sobre a política e o social no cenário da guerra poderiam acrescentar uma camada muito boa, porém não cumprem com o potencial; o antagonista é colocado de forma simplista, como frio e calculista apenas; e de quarto e ultimo ponto temos a tentativa de criar uma culpa de erros do passado no protagonista, essa o qual não gera nenhuma emoção nos expectadores e passa em branco.

Apesar de ter bastante erros como coloquei o filme consegue acertar na proposta de um suspense psicológico na guerra, isso carrega o longa e não o torna um filme ruim. Doug Liman se propôs a ousar de uma forma simples e entregou um produto que foge das grandiosidades de efeitos especiais da maioria dos filmes de guerra. O famoso simples e bom.

“Na mira do atirador” está disponível no catálogo da Amazon Prime.

Nota da crítica

 

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