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Crítica: Orgulho e Esperança

Um drama histórico que mostra uma aliança importante entre dois grupos improváveis

 

Em 1984, Magaret Tatcher fechou vinte minas em todo o Reino Unido. Com isso, cerca 20 mil mineiros ficariam desempregados e levantaram a categoria a uma greve geral. Eles têm como aliados um grupo de gays e lésbicas, cansados de serem ignorados pela mídia e pelo governo. Dentro desse episódio, o filme foca em Joe Copper (George MacKay), um jovem de 20 anos que adere à luta do grupo londrino ativista Lésbicas e Gays Apoiam os Mineiros (LGSM, em tradução literal). O grupo arrecada dinheiro para enviar aos mineradores e vários sindicatos recusam o apoio, por  conservadorismo e preconceito,  mas um grupo de uma cidade galesa aceita a visita deles, mesmo que por um engano da chamada telefônica. Sensibilizado com o discurso do líder do LGSM, o representante dos mineradores decide convencer os colegas a trabalharem juntos.

Essa é a premissa de Orgulho e Esperança, dirigido por Matthew Warchus e com roteiro de Stephen Beresford. Ele foi exibido no Festival de Cannes de 2014 e vencedor do prêmio Queer Palm, atribuído ao melhor filme LGBT. Ele também teve indicação ao Globo de Ouro por Melhor Filme Musical ou Comédia e ao BAFTA de Melhor Filme Britânico, Melhor Atriz Coadjuvante para Imelda Staunton, ganhando o prêmio de Melhor Filme Britânico de Estreia.

A história não engloba só a alianças o grupo de gays e os mineradores grevistas, mas também apresenta os personagens de modo mais individual e íntimo, suas jornadas em paralelo ao ativismo. Não apenas dramas pessoais e desconexos, mas que acrescentam ao enredo geral. O modo como os dois grupos marginalizados se unem é comovente e inspirador, com a trama cheia de cores e ritmo. Tudo é tratado com bom humor, enquanto o longa passa pelas duas lutas, sem que uma prevaleça sobre a outra, e todos os personagens têm suas partes importantes na trama. Nenhum personagem está ali apenas como secundário.

E os clichê apresentados não deixam de ser verdadeiros – as mulheres que se encantam com os gays, aquele que ainda não se assumiu, o que está se descobrindo, o HIV se espalhando, os homofóbicos religiosos e aqueles que são intolerantes até conhecer e entender. Seu tom descontraído e cativante, com uma trilha sonora que relembra os sucessos da década de 1980, deixam os clichês do gênero mais suaves e a escolha de uma fórmula já ultrapassada mais aceitável – dão um peso à trama sem deixá-los no foco principal.

Não é só mais um filme gay. É um filme sobre a política daquela época e a importância que teve para a luta pelos direitos da comunidade LGBT a união com uma das categorias mais importantes da Inglaterra. Ele não tem grandes inovações em seu enredo linear, mas não que seja necessário – não é essa a sua proposta. Ele se sustenta por si só e em sua necessidade no momento em que foi lançado e ainda hoje.

 

Nota do filme:

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