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Crítica: The Boys 1° temporada

Figurando entre as melhores séries dos últimos anos está uma sátira aos mundo dos super heróis

Muitas séries trouxeram adaptações dos quadrinhos de super heróis, algumas ficaram muito conhecidas pela maioria, como: Demolidor, Jessica Jones, The Flash, entre outros. Junto com isso também teve o boom dos filmes de super heróis no cinema, com muitos longas se tornando pódios de bilheteria mundial. Seguindo esse tema será abordado a primeira temporada de The Boys, projeto original da Amazon, lançada em 26 de Julho de 2019.

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Garth Ennis, um dos maiores nomes das HQs adultos, criou uma trama girando em torno Hughie Campbell (Jack Quaid) um jovem que perde sua namorada em um acidente brutal com A-train (Jessie Usher), um herói velocista. Vendo que a justiça não se aplica aos superpoderosos, Hugh acaba buscando vingança com a ajuda de Billy Bucher (Karl Urban).   

A cena do acidente de cara já lhe causa o impacto por ser Gore, servindo pra te mostrar que a série é brutal, algo bem diferente do que a maioria já viu no gênero. The Boys aborda um mundo onde o super heróis são as maiores celebridades da sociedade, tendo a Vought, uma empresa de assessoria a eles, cuidando de toda a indústria de entretenimento gerada por eles; brinquedos, filmes, quadrinhos, show, etc. Em contrapartida ao louvor que recebem das pessoas que os exaltam como “super seres” – exemplos a se seguir – eles na verdade são pessoas egocêntricas, extremamente sujos, entregues a vícios e regalias. Essa é a sátira trazida por Garth Ennis em sua obra.

Além de mostrar o lado sujo dos humanos, independente deles serem super heróis ou não, a série traz inúmeros debates. O primeiro já citado é a “cultura das celebridades”, o de como os famosos fazem tudo pela sua figura pública, independente daquilo ser seu verdadeiro retrato ou não, o que importa é a sociedade consumir sua imagem. Algo extremamente comum na era de redes sociais dos dias de hoje, onde o engajamento; o público alvo; o que está em moda; ditam a forma das celebridades se portarem.

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A política também é alvo das criticas trazidas na série, no enredo a empresa Vought quer apoio político para a aprovação dos super heróis como uma força militar dando maior liberdade de atuação a eles, e consequentemente maior capital a companhia. Aqui os bastidores da política como chantagens e assassinatos se mostram presentes.

Ainda no âmbito da política vemos uma situação muito similar as eleições brasileiras e americanas. É mostrado alguns Supers aliados a um movimento religioso e conservador, utilizando dessa massa que mistura suas crenças com políticas de Estado para ganhar o apoio com relação a aprovação deles como forças militares. Mesmo muitos desses heróis tendo práticas extremamente contra o pregado pela igreja, caindo também na questão de hipocrisia por parte dos conservadores da atualidade. Poucas séries tem a coragem de trazer uma crítica tão forte a religião como The Boys teve.

Um ponto muito crucial da série também é a humanização de seus personagens, na temática de super herói isso é algo que deixa a desejar em muitas produções, eles tendem a ser desenvolvidos muito superficialmente e muito “perfeitos” até. Entretanto, os arcos dos personagens da série são muito bem trabalhados, com destaque até para os vilões, que são extremamente humanizados. Em uma entrevista ao Omelete o criador da série Eric Kripke foi questionado sobre a humanização do Capitão Pátria (‘Homelander”) que é o principal super herói do mundo de The Boys e também o pior “vilão”:

“Ninguém levanta e fala ‘vou fazer maldades hoje’. Não é assim que psicologia funciona. Todo mundo se vê como herói da sua própria história, não importa quão horrível sejam suas ações”, explicou.

“Eu gosto de analisar ‘o que o fez desse jeito, porque ele se sente assim, e porque ele acha que o que está fazendo é o certo”, explicou Kripke, antes de enfatizar que não concorda com as ações de seu vilão: “Eu não quero que o público concorde ou queira agir como Homelander. O que eu quero é que eles entendam. Tanto para os vilões quanto para os do lado do bem”. – Entrevista de Kripke para o Omelete.

Não só no aspecto de roteiro que a série se destaca. A atuação do elenco é muito boa em geral, com destaque para os protagonistas do embate Billy Bucher (Karl Urban) e Homelander (Antony Starr), que interpretam muito bem a particularidade de cada um -as mudanças de humor de Billy e a personalidade egocêntrica de Homelander -.

Se você espera ver mais uma série clichê de super heróis você vai se surpreender com a sátira ao mundo dos quadrinhos que é The Boys. A violência se faz muito presente, tanto em questão de temática como visualmente; tendo violência sexual e gore presente. Porém, isso é feito de forma que não fique gratuito, pelo menos na grande maioria das vezes.

Por todos esses aspectos positivos não é à toa que The Boys ficou entre as melhores séries de 2019. E agora sua segunda temporada acabou de ser lançada e já apresenta boa recepção da crítica.

A série está disponível no Prime Video.

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