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Crítica: Valerian e a Cidade dos Mil Planetas

Mesmo com trama fraca, Luc Besson apresenta um espetáculo visual com maravilhosas cenas de ação

 

1975, acoplagem do Módulo de Comando e Serviço Apollo com a Soyuz 19. 2020, início de outras acoplagens à base. 2150, desembarque da primeira espécie alienígena. Diversas outras espécies desembarcam em Alpha, uma mais peculiar que a outra. Todas elas apertam a mão do comandante em questão, em um gesto de amizade e paz. Tudo isso ao som de Space Oddity, do David Bowie. Esse é o prólogo de Valerian e a Cidade dos Mil Planetas. Um bom jeito de começar um filme que promete ser um sucesso, não é? Bem, há quem discorde na parte do sucesso.

Esse prólogo bem construído, sem a necessidade de muitas explicações além dele próprio, introduz a adaptação dos quadrinhos Valérian et Laureline, produzidos de 1967 a 2010 e que deu origem ao space opera como o conhecemos hoje. Franquias famosas sobre aventuras espaciais se inspiraram em tais quadrinhos, incluindo Star Wars. Você fica para pular do sofá quando percebe a semelhança da nave Intruder com a Millenium Falcon e do Siriuss com Jabba the Hutt. Com um orçamento de 180 milhões de dólares, Luc Besson dirigiu o filme independente francês mais caro até então. E não há dúvidas que seus elementos visuais são excelentes. O jogo de cores – meio clean em algumas cenas e mais vibrantes em outras – encanta o expectador, assim como a boa construção das cenas de ação. A sequência no Grande Mercado, um centro comercial intergaláctico, é um exemplo disso. Quando Valerian (Dane DeHaan) quebra paredes de Alpha durante um perseguição, os recursos gráficos simulando videogames para mostrar diversas espécies na base foram usados de modo excepcional.

Mas não é apenas de CGI e captura de movimentos vive a ficção científica: o enredo precisa ser coerente. Valerian e a Cidade dos Mil Planetas peca nesse aspecto. A trama poderia ser aprofundada e seus personagens mais bem desenvolvidos. Na primeira metade do filme, você já conhece todos os pontos importantes da história, bem como o vilão e a missão dos heróis, e já consegue adivinhar o final – sem um plot twist digno de filmes do gênero. Há muitos mini-plots que poderiam ser descartados, assim como algumas falas colocadas com o único propósito de apresentar um romance sem química. O casal protagonista é ofuscado pela presença dos Pearls – seres harmoniosos que encantam e nos fazem lembrar dos Na’Vi de Avatar – e pela aparição de Rihanna – SIM, RIHANNA! São dez minutos de filme que poderiam ser facilmente retirados do corte final. Bubble (Rihanna) é uma personagem com potencial, mas seu pouco tempo de tela deixa sua história superficial e a cantora que a interpreta tira o foco dos personagens principais com uma atuação fraca e frases feitas. Cara Delevingne apresenta uma evidente evolução em relação a seu papel em Esquadrão Suicida, mas traz seus trejeitos para Laureline, e todo o heroísmo de sua personagem fica sufocado pelo seu esforço sem frutos. DeHaan até tenta trazer um Valerian galanteador como nos quadrinhos – meio à la Han Solo –, mas sem um roteiro que o apoie só consegue entregar um agente arrogante e aparentemente irresponsável.

Apesar de todos os seus defeitos, Valerian e a Cidade dos Mil Planetas recebe 3 pipocas e meia pelo Guia Cinecom, pois é uma história simples com temas atuais. Há quem diga que elementos técnicos e enredos complexos são o que mais importam para que um filme seja bem-sucedido, principalmente após filmes como Star Wars e Aliens se consagrarem no gênero. Luc Besson, porém, entrega um longa que fala sobre decisões difíceis, intrigas políticas, paz entre povos e o poder do perdão. É uma história de amor – e não apenas no sentido literal – meio clichê, mas tem um resultado positivo e atinge o seu propósito. É um filme para quem quer diversão pela diversão, com um gostinho de infância e contos de fadas.

 

 

Nota do filme:

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