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Crítica|Kingsman: O Círculo Dourado

A continuação gera questionamentos: é tão boa que quase rivaliza com a qualidade fenomenal inegável do primeiro filme?

Aviso prévio: caso ainda não tenha visto o primeiro filme ou lido a crítica sobre o mesmo aqui no site, recomento que deem uma olhada nessas obras-primas. LEIA AQUI

A sequência de Kingsman: Serviço Secreto é responsável por cumprir seu papel de forma excelente ao trazer respostas a respeito de situações não encerradas no primeiro, como o que houve com a agência de espiões alfaiates e o desenvolvimento do romance entre agente secreto e princesa, sendo capaz de sair da sombra de seu antecessor para conquistar seu próprio espaço em uma nova narrativa emocionante. Por outro lado, a obra também foi vítima de grandes expectativas por parte dos fãs, o que causou certa decepção no público que esperava mais do que a sequência podia oferecer.

Inicialmente, o filme nos mostra como estão nossos amados espiões após os eventos ocorridos anteriormente, Eggsy (Gary Unwin) está mais maduro e muito devotado ao seu relacionamento com a princesa Tilde (Hanna Alström), seu inesperado par romântico no final do primeiro ato e uma decepção para aqueles que shippavam o mocinho com a Roxy (Sophie Cookson), enquanto mantém ativo os negócios da agência secreta mais estilosa de toda Inglaterra. Essa recapitulação de memórias de forma enfática no presente origina um sentimento de conforto nos fãs das obras, o que é alimentado durante todo o enredo por referências à aventura passada, mas inegavelmente sobre um grande abalo durante o momento de grande ataque e destruição da Instituição Kingsman e faz o público se perguntar: “E agora?“, num misto de emoções causadas pelo choque inicial.

Tal catástrofe é utilizada para introdução da organização estadunidense “prima” dos alfaiates espiões, a Statesman, que atua no ramo de bebidas alcóolicas e se mostra cheia de estereótipos clássicos, como cowboys arrogantes que falam engraçado. Apesar da clara apelação para o óbvio por parte do roteirista, a união entre aliados gera cenas descontraídas e leves para o telespectador, além de proporcionar a visão de Channing Tatum como Agente Tequila e um novo possível shipp entre Merlim(Mark Strong) e Ginger Alle(Halle Berry) para os viúvos de “Roxeggsy” no clima colegas de trabalho com muito em comum.

As agências trabalham juntas para deter a ambiciosa narcotraficante Poppy (Julianne Moore), que oferece uma figura carismática passivo agressiva em sua construção interpessoal voltada para a caracterização de uma dona de casa dos anos 50, enquanto a mesma envenena consumidores de seus produtos ao redor do mundo em busca da negociação dessas vidas com o presidente dos Estados Unidos sobre a legalização de seus produtos, alucinógenos. O círculo dourado é a marca escolhida pela mulher para identificar seus seguidores fiéis, o que é um pouco decepcionante levando em conta a grandiosidade esperada pelo título em relação a um detalhe tão pequeno e pouco explorado no enredo.

Porém, nem tudo se perde na persona da grande nêmesis da obra, afinal de contas, ela traz uma pitada de humor em seus maneirismos exóticos e não perde sua importância na legitimação de uma mulher sendo vilã, com revelação de uma personalidade inteligente e maquiavélica, ou seja, a traficante ocupa um lugar de poder diante de um roteiro recheado de homens armados e egocêntricos. Em vista das críticas ao primeiro filme sobre um humor sexista, Poppy não vem para apagar esse gosto amargo deixado pelo diretor de forma alguma, mas torna-se uma figura de poder feminino dentro de um mundo dominado por homens que salvam mocinhas inocentes e assume seu papel de antagonista charmosa.

Também existem muitas opiniões negativas a respeito da participação do Elton John, o que é um grande equívoco por parte dos telespectadores que não souberam aproveitar o brilho que o cantor proporcionou para inúmeras cenas de comédia e sua rebelião em cativeiro para salvar o mundo ao lado dos espiões. Elton merece mais.

Focando nas técnicas utilizadas em Kingsman: O Círculo Dourado é onde a crítica encontra os maiores empecilhos para apreciação total da obra, já que a novidade de tecnologias espiãs se torna obsoleta após seu antecessor e não surpreende tanto mais os espectador; além das cenas muito longas e cansativas responsáveis por atrapalhar a captação clara de mensagens e os cortes confusos apontados por diversos críticos. Outro fator a ser ressaltado é o de que o filme parece ter sido criado na urgência de uma franquia, ou seja, perdeu seu real significado para se igualar ao método hollywoodiano de filmes engessados.

Em suma, as críticas não acolheram tão bem a continuação Kingsman por considerarem que a mesma não passa de uma imitação mal feita do primeiro desde os recursos mais básicos até os mais elaborados, porém, não há como negar que a obra cinematográfica traz muito entretenimento para o público e é capaz de transmitir um sentimento de conforto ótimo para dias chuvosos, além de ser uma ótima recomendação para ver com os amigos. Por mais que, talvez, essa obra cinematográfica seja subestimada em termos críticos, ainda vale a pena ser vista e apreciada pelos fãs do gênero.

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