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John Hughes e a representação da realidade adolescente

“E essas crianças em que você cospe enquanto elas tentam mudar seus mundos, são imunes aos seus conselhos, elas sabem muito bem pelo o que estão passando”

É com essa frase de David Bowie que começa O Clube dos Cinco, filme de 1985 dirigido por John Hughes e que conta a história de cinco adolescente passando um sábado inteiro na detenção. Os cinco são muito diferentes e a união forçada acaba os obrigando a uma espécie de interação que, mesmo ácida, mostra as facetas de cada um ali e o que eles escondem por trás da aparência.

Esse não é o únicos do filmes do diretor a tratar as mazelas da adolescências: Gatinhas e Gatões (1984), Garota de Rosa Shocking (1986) e Curtindo a Vida Adoidado (1986), além de serem muito populares. Todos têm em comum a vivências quase visceral do adolescente. Os filmes são dos anos 80, mas até hoje os adolescentes, mesmo que de gerações diferentes, passam por problemas muito parecidos – e esse foi o ponto em que John Hughes mais acertou.

Ele escolheu representar os adolescentes, não só como rebeldes sem causa, mas também como pessoas aflitas, em uma fase de mudanças e que acabam não sabendo lidar com os problemas que antes não eram importantes e foram ganhando um espaço cada vez maior, e chegara a um ponto sufocante. Ele mostra que os problemas são de verdade, mas também mostra que, apesar de diferentes, as formas de se expressar carregam um grande fardo durante a adolescência, sendo a principal delas a vestimenta. É algo muito característico querer se vestir de forma diferente como forma de se reafirmar, e os adolescentes do John Hughes representam muito bem essa parte.

Em Curtindo a Vida Adoidado, o personagem Cameron (Alan Ruck), vive em um lar onde os pais não estão felizes com o casamento, e descontam suas frustrações no filho, transformando Cameron em um jovem ansioso e sempre com medo. Ao fim do filme, Cameron lida com essas frustrações da maneira mais inusitada possível. Em Clube dos Cinco, assuntos como pressão na escola, suicídio e ansiedade são tratados de uma maneira tão simples, mas cuidadosa e clara, que quebra os padrões da época. Em Garota de Rosa Shocking, a personagem principal enfrenta problemas financeiros, é órfã por parte de mãe e ainda lida com o pai alcoólatra e deprimido.

John Hughes mostra ao mundo que mesmo com muitas banalidades, a vida dos adolescentes pode ser cheia de problemas e responsabilidades. Ele também mostra que mesmo sendo, muitas vezes, julgados como dependentes e incapazes, adolescentes trazem muito mais vivência consigo que grande parte dos adultos – e devem sim ter credibilidade.

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