Quando mentes brilhantes em periferias esquecidas se juntam para contar histórias de sobrevivência.
Invisibilidade e processos de apagamento são pautas concretas, palpáveis e negligenciadas. Ao longo da história da humanidade a comunidade negra foi açoitada, excomungada, deslegitimada, esquecida e amedrontada. São séculos e séculos de apagamento cultural e estrutural e nesse dia vinte de novembro, onde celebramos a existência preta, pregando a importância da herança africana e a resistência de um movimento repleto de lutas, personalidades e causas, eu venho aqui apresentar um documentário extremamente real, instigante e afiado.
Narrativas Negras Não Contadas é uma junção de três curtas documentais, trazendo o protagonismo preto como moeda de celebração. Saímos da Vila da Primavera (São Paulo) até a cena do passinho do Brega Funk em Recife e terminamos na Favela da Rocinha, no Rio de Janeiro, somos apresentados a um mundo artístico e diverso, fomentado de possibilidades.
Os mini-documentários fazem parte de um projeto da Warner Bros. Discovery, onde dez projetos de curtas, sobre uma temática de resistência preta e negligenciada, foram apresentados e três escolhidos e produzidos. Visando dar voz, visibilidade e espaço para roteiristas pretos e subjugados, esse projeto instiga a produção de tópicos esquecidos e singulares.
Primavera só Floreia em Terra Fertil (2024), por Laís Ribeiro:
Apresentando a história do time de futebol de várzea da Vila Primavera, São Paulo, as personalidades introduzidas aqui discutem a importância e extensão do futebol como arma de lazer e desenvolvimento social. Mesmo tendo sido excomungados do que um dia foi o campo de treinamento, esses moradores perseveraram e lutaram pelos seus direitos de existirem.
Eles expõem o descaso por meio do Estado e do governo com a periferia, como o comércio e dinheiro sempre serão primordiais e comunidades marginalizadas sempre serão sonegadas.
Brega Funk, Ritmo e Sobrevivência (2024), por Will Souza:
Em um mundo onde culturas de lugares à margem da sociedade se tornam párias, o Brega Funk luta para sobreviver sendo constantemente desrespeitado e desalentado. Tentando ganhar seu próprio espaço, os jovens que nos são introduzidos nesse curta, persistem pela visibilidade do movimento e profissionalização da carreira.
Ocupando espaços e mobilizando corpos, o Bregalize (uma Cia de dança) funciona como um local de troca de saberes, onde o Brega Funk é desenvolvido e aprimorado, esses dançarinos procuram uma abertura profissionalizante por meio do gênero musical.
Favela Turística (2024), por Robson Dias:
Lidando com um tema controverso e repleto de camadas, esse curta conta perspectivas diferentes sobre o turismo na favela. Relatando o descaso e a polarização preconceituosa concebida por meio de práticas perpetuadas como essa, o documentário também mostra a visão de um turista e o lado de quem realiza esses passeios.
É importante que a cultura e o desenvolvimento social de uma comunidade sejam visibilizados e apresentados, não somente as vertentes perigosas e pejorativas.
Referência:
Curtas do programa Narrativas Negras Não Contadas chegam à Max nesta terça, 5
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