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NotAWitch: Por que estamos acostumados a tratar pessoas deficientes como vilãs?

Em 2021 ainda retratamos corpos com deficiências como vilões

O filme Convenção das Bruxas de 1990 foi e ainda é um sucesso. Sob a direção de Nicolas Roeg, a produção é uma das poucas a alcançar 100% de aprovação da crítica no Rotten, site especializado em avaliações do público e de peritos no assunto. Além disso, na época de seu lançamento, Convenção das Bruxas faturou mais de US$10,360,553 nos EUA e $15.3 milhões no resto do mundo. 

Graças a esse sucesso, o filme recebeu um reboot em 2020. Estrelando Anne Hathaway como a Grande Bruxa – papel que na versão original foi interpretado por Anjelica Huston -. O filme gerou uma série de controvérsias e não conseguiu repetir o grande feito do original ao contar a história deliciosa de um garotinho que evita que bruxas em uma convenção transformem todas as crianças do mundo em ratos. 

E não foi só por causa do didatismo exagerado e a falta de consistência no tom dos personagens que gerou desconforto. O filme causou comoção nas redes sociais por causa da caracterização de Anne Hathaway. Se Anjelica Huston nos anos noventa tinha a pele enrugada, o nariz curvado, orelhas pontudas e queixo dividido, a personagem de 2020 aparece careca, com um sorriso típico do Coringa e apenas três dedos em cada mão. 

Essa caracterização gerou polêmica porque muitas pessoas com deficiência, que apresentam a mesma configuração óssea que a personagem não ficaram satisfeitas com a composição capacitista que a nova versão da Grande Bruxa ganhou. A hashtag Not A Witch (em tradução literal ‘não uma bruxa’), surgiu por parte de militantes da causa de pessoas com deficiência. 

Convenção das Bruxas é apenas um exemplo em como não estamos acostumados a tratar as diferenças físicas. O que existe é o ato de demonizá-las, colocando-as sob estereótipos danosos que reforçam a ideia preconceituosa de que pessoas com deficiência estão passando por algum karma, ou que não vivem felizes em seus próprios corpos. 

Sabemos que existe uma lacuna de representação que coloca essas pessoas como assustadoras, malvadas, vilães, bruxas e monstros principalmente porque PCDs são impossibilitadas de acessar os espaços de produções de narrativas. Quantos diretores com deficiência você conhece? E atrizes? E produtores? 

Enquanto mentalidades cheias de capacitismo ainda estiverem com as câmeras nas mãos cenas como as de Convenção das Bruxas irão se repetir.

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