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Audrey Hepburn com seu café e um croissant no filme "Bonequinha de Luxo" *** ****

O Cinema ditando a moda através dos tempos

A mais simples das escolhas, quando se trata de vestimenta, recebeu milhares de influências antes de chegar até você

Quando um filme ganha as telonas, junto com o sucesso vem uma série de produtos e comportamentos derivados daquele filme, os filmes de heróis que o digam, já que após assistirem os filmes, o fascínio pelo fantasioso é suprido por coleções e mais coleções de roupas licenciadas que se esgotam logo após ganhares as araras das lojas de fast-fashion. Os grandes estilistas, ainda cedo, viram na indústria cinematográfica um solo fértil para plantar a semente da moda na população, e logo começaram a assinar figurinos de filmes que acabaram se tornando um grande sucesso pro filme, e pras vendas de roupas.

Mas não é de hoje que o cinema vem lançando moda e ganhando o glamour das passarelas. Em 1932, um vestido branco de mangas bufantes e cintura marcada, criado pelo figurinista Gilbert Adrian e usado por Joan Crawford no longa A Redmida (1932), vendeu em apenas uma loja de departamentos dos EUA cerca de 500 mil peças. Uma atriz que também acabou se tornando uma modelo foi Audrey Hepburn, a atriz se tornou a queridinha do estilista francês Hubert De Givenchy, percursor da marca homônima, e eternizou o famoso “pretinho básico”. Sabrina (1954), Bonequinha de Luxo (1961) e entre outros filmes da atriz geraram um fenômeno cheio de araras lotadas de roupas inspiradas nas usadas por Audrey em seus filmes. A moda masculina também recebeu muita influência cinematográfica, os jovens queriam se vestir como Marlon Brando e James Dean, que sempre interpretavam jovens rebeldes e cheios de si, as peças em jeans, que antes era considerado um tecido de trabalho, se tornaram comuns no guarda-roupa dos jovens pelo mundo a fora.

Nos anos 80, os filmes juvenis de John Hughes, além de sucesso de bilheteria, também fizeram sucesso nas lojas de roupas, Molly Ringwald, que estrela alguns filmes do diretor, como Pretty in Pink (1986) e O Clube dos Cinco (1984) se tornou um ícone de estilo para alguns jovens dos anos 80. Saias mid, paletós com ombreiras, chapéus e broches estavam sempre presentes no closet de qualquer personagem que Molly interpretasse. FlashDance (1983) e Dirty Dancing (1987) também ditaram muita moda: os bodys e as polainas encheram as prateleiras de qualquer loja de roupas em qualquer lugar do mundo. Nos anos 90, a era grunge vem com tudo, e filmes como As Patricinhas de Beverlly Hills (1995), que acabou transformando a atriz Alicia Silverstone no ícone fashion da época, mini-saias, vestidos curtos, conjuntos, muito xadrez e sapatos de veludo. Outro filme que caiu nas graças do público foi Uma Linda Mulher (1991), todas sonhavam em renovar o guarda-roupa como a personagem vivida por Julia Roberts na história de amor. Jovens Bruxas (1996) também foi uma grande influência fashion para as adolescentes dos anos 90.

E as modelos não ficaram restritas às passarelas. Logo as grandes marcas começaram a brigar para vestir as grandes atrizes, o motivo? As grandes atrizes tem o alcance que modelo nenhuma tem desde os anos 90 na era das supermodelos. Colocadas em um pedestal quase apoteótico, as celebridades não influenciam só no modo de se vestir, se vestir se torna um estilo de vida que todos querem seguir quando veem aquela atriz que gostam com determinada peça ou acessório, o glamour das atrizes passa uma imagem que só de usar aquela peça uma pessoa “comum” se aproxima daquele estilo de vida. O Red Carpet do Oscar é um dos desfiles mais esperados do ano, a discussão de quem estava mais bem vestido no evento fomenta por dias a mídia e a internet.

Quando a icônica editora-chefe da Vogue norte-americana, Anna Wintour colocou a primeira celebridade em uma capa da edição se setembro (a edição mais importante do ano), o mundo do glamour se abriu cada vez mais para as atrizes que acabaram se tornando modelos no mundo da era digital. E falando em editora-chefe, um dos filmes que mais lançaram moda, e talvez até o mais importante desse nicho, é derivado de um livro escrito por Lauren Weisberguer, onde a autora se inspirou na própria experiência como assistente de Anna Wintour e escreveu a história de Andy. Estrelado por Anne Hathway, O Diabo Veste Prada (2006) é um dos filmes com figurino mais caro da história do cinema, Chanel, Prada, Yvés-Sainr Laurent, Jimi Cho foram algumas das grifes presentes no filme que retratou de forma glamurosa o mundo das revistas de moda.

O cinema já foi e até hoje é muito usado como meio de disseminação de ideais e pensamentos, já foi utilizado como forma de dominação por muitos governos autoritários ao redor do mundo, sua influência na vida das pessoa é inegável. Fomentar a indústria da moda usando o cinema foi uma das grandes descobertas das grifes de roupas, da alta costura. O caminho que a moda faz até chegar às araras das lojas de fast-fashion, tem como um dos principais meios de transporte a indústria cinematográfica. Querer se vestir como as atrizes não é bobeira, nem faz mal, bobeira é pensar que se veste sem ter nenhuma influência, quando, claramente, cada peça de roupa chega nas nossas mãos com mais influências do que se pode imaginar.

Referências:

PETERMANN, Sueli; DEL VECHIO, Roberta; BONA, Rafael José. A propagação da moda no cinema: Um olhar sobre as grifes em O Diabo Veste Prada (2008).

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