Naquela noite eu realizei o anseio da minha infância. Quando tudo acaba, só o que queremos é uma “última dança”, e rever o primeiro Homem-Aranha que era tudo o que eu queria ser na infância (só lamento pelos meus tios) foi a melhor dança da minha vida.
Se durante uma das minhas conversas com temas avulsos eu fosse perguntado quanto tempo já fiquei sem piscar, facilmente poderia dizer: “foram 2 horas e 28 minutos…os mais fáceis da minha vida”. A nostalgia e alegria de um reencontro representa tudo o que já sonhamos quando crianças, e tudo aquilo que ansiamos sem nem nos darmos conta, como se fosse um sentimento solto no… multiverso.
Apenas para prosseguirmos, qual criança nunca quis ser uma super-herói? Pois eu também, e posso me lembrar de quantas vezes meu coração pulou quando eu assistia Liga da Justiça e Super-Choque no almoço, e como mesmo com os episódios repetidos ainda assim fazia o almoço de cada dia mais apetitoso, e me lembro de como o Batman da trilogia do Christopher Nolan conquistou o meu coração, mas ainda assim já havia uma trilogia anterior, e como dizem: “quem é rei nunca perde a majestade”. Por isso venho trazer aqui, não para fazer uma crítica de roteiro, de atuação, ou até mesmo da história, mas sim deixar registrado a nostalgia, a felicidade e, em alguns momentos, quase um infarto que Homem-Aranha – Sem Volta Pra Casa marcou na minha vida.
Naquela noite eu realizei o anseio da minha infância. Quando tudo acaba, só o que queremos é uma “última dança”, e rever o primeiro Homem-Aranha que era tudo o que eu queria ser na infância (só lamento pelos meus tios) foi a melhor dança da minha vida.
E em cada aparição, destaca-se a saudade de quando a Marvel transformava qualquer sala de cinema em um estádio de futebol (dá uma pesquisada no blog escrito pelo Sandro que você vai entender melhor), onde os gritos que ecoavam pelas paredes pareciam uma comemoração de um belo gol da vitória aos 90 minutos. Não com a meritocracia do melhor “aranha”, mas com o “arrepio aranha” de ver que sonhos podem se realizar.
E como se fosse uma melodia sem fim, o Homem-Aranha do Andrew Garfield me faz novamente rir com suas piadas e o seu jeito mais aracnídeo, e ao mesmo tempo me leva a uma dança mais lenta, pois novamente somos levados a perda da Gwen. E por fim, como quem finalmente acertou o ritmo da música, vemos um verdadeiro Homem-Aranha vivido pelo Tom Holland, um Homem Aranha que apesar de todo o sofrimento continua em frente, e graças aos três somos levados a mergulharmos em cenas de ação fantásticas. Além da nostalgia de vermos os melhores vilões ganhando vida novamente e tendo suas redenções, e sendo preciso controlar o impulso de chamar pela minha mãe por causa da risada do Duende Verde tão incrivelmente vivido pelo Willem Dafoe.
E não existe experiência como assistir uma obra única e histórica com olhos amadurecidos e agora poder captar momentos e ensinamentos antes ignorados por nossos olhares infantis, e finalmente entender que a aventura não são apenas as lutas e o heroísmo, mas toda a história e seus dramas que os filmes carregam.
E para alguns talvez seja difícil entender o que digo, ou compartilhar o mesmo sentimento, afinal, para quem acompanha os filmes agora, para quem é dessa geração o filme continua sendo maravilhoso e incrível, e passível de críticas, porém para aqueles que iniciaram essa trajetória lá atrás o filme tem muito mais significado, pois ele vai além de todos os efeitos visuais e fidelidade que seja, é uma viagem através da nostalgia, da felicidade, de sonhos se tornando possível.
E quem sabe do que eu estou falando vai entender quando eu digo que já esperamos pela famosa frase: “com grandes poderes vem grandes responsabilidades”, que sempre antecede as mesmas mortes que geram mudanças na vida do Peter de todos os multiversos, mas que mesmo assim gera impacto, lágrimas e a dor da perda, como se esse sentimento também fosse nosso.
E de fato, esse filme é um passeio em um oceano de sentimentos, emoções e memórias de quando eu mesmo me pendurava na cortina da sala da minha casa enquanto via aos filmes, e ao final daquela sessão eu novamente me sentia o quarto Homem-Aranha perdido por esse vasto multiverso, sincronizado com cada personagem, e me lembro de ao sair da sala de cinema e tomado pelo mesmo impulso do Andrew Garfield dizer: “eu amo vocês, pessoal, obrigado por tudo e por tanto”.
Espero que você entenda o que eu tentei dizer aqui, e se você não entende, sinto muito por você, pois é um sentimento único, que talvez apenas os outros “aracnídeos” que possuem o “arrepio do peter” podem entender.
Veja Também:
O maior momento que vivi em uma sala de cinema
Crítica | Homem Aranha: Longe de Casa
Um texto para quem já amou alguém