Um filme que vai além de esteriótipos enraizados e apresenta um ponto de vista surpreendente, empático e reflexivo sobre a opressão racial
A produção lançada em dezembro de 2018 é uma adaptação do livro de mesmo nome, escrito por Angie Thomas, e conta a história de Starr Carter (Amanda Stenberg), uma adolescente negra que vive em dois mundos opostos: ao morar com sua família em um bairro considerado perigoso, devido a atividade de gangues, e estudar em uma escola em outro local mais privilegiado, o que faz com que a adolescente assuma comportamentos distintos para se adequar às “normas” sociais de cada ambiente. No começo do filme, a menina assume uma postura passiva, cheia de medo e guiada por instruções de sua família para não causar problemas, mas isso muda quando acontece algo horrível bem na sua frente e a motiva, aos poucos, a levantar sua voz para lutar contra o racismo.
O filme é cheio de momentos surpreendentes, que te aquecem o coração ou que partam o mesmo em pedacinhos, momentos chocantes, arrepiantes e que trazem questionamentos intensos a respeito do que podemos fazer para impedir que eventos de opressão continuem ocorrendo, machucando e assassinando negros. Ao trazer uma visão em primeira pessoa da Starr, torna tudo mais real, doloroso e angustiante na narrativa de sua vida social e familiar, o que torna a obra necessária para ser vista com um pensamento reflexivo.
Outro destaque da produção cinematográfica é o fato de ser uma das poucas que trata desse tema com foco legítimo em um personagem negro. Mesmo que Starr seja privilegiada em relação aos outros em algumas questões, a protagonista serve como uma lente clara para a compreensão da mensagem que o enredo deseja passar e agrega um grande valor narrativo à figura do oprimido, deixando com que tenha voz e conte sua própria história, sem interferência direta de uma figura opressora que ocupe seu lugar. Além de tudo, ainda conta com momentos fofos entre Starr e sua família, com demonstrações de lealdade, amizade, segurança e liberdade de ser.