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Redação Analisa | Conclave (2024)

A política e as intrigas entre as paredes da Igreja

Não que eu seja fofoqueiro mas… Absolutamente todo filme que tem aquele ambiente de chá da tarde com bolos, biscoitos e muito futrico sempre me captaram com facilidade. E esse é o caso de Conclave (2024), dirigido pelo Edward Berger que também esteve na direção da nova versão de Nada de Novo no Front (2022), filme que foi tão premiado quanto Conclave planeja ser nessa temporada. Apesar de estar focando em categorias bem diferentes do seu antecessor.

A trama do longa se inicia com a câmera assumindo o posto de guarda costa do Cardeal Lawrence (Ralph Finnes), seguindo ele de pertinho pelas ruas do Vaticano, seu destino mais tarde sendo revelado como os aposentos de Vossa Eminência, o Papa. Seus passos são a primeira trilha sonora do filme, ansiosos e apressados, demostram já ali que ele caminha com a própria consciência pesando o corpo. Mas para onde vai um Cardeal tão nervoso?

Se as notícias são ruins a cabeça tende a se desequilibrar e a notícia que corre pelas ruas e corredores do Vaticano é uma só “O papa morreu!” e Lawrence está indo conferir se isso realmente aconteceu. Se a resposta para isso for sim, então está no hora de um novo conclave.

Reprodução: Conclave (2024)

Mas antes de passarmos para o filme em si, precisamos entender, bem, o que é um conclave? De forma resumida, é a eleição que ocorre para se eleger o novo Papa, após o anterior deixar o cargo. Nessa ocasião o colégio de cardeais se reúnem no Vaticano e são “sequestrados”, ou seja, afastam-se do mundo e não podem receber notícias externas até que o novo Papa seja eleito. Como toda boa eleição há muita intriga entre os candidatos e desavenças entre os eleitores, afinal, eles podem ser homens da igreja mas nem por isso são homens santos.

Os maiores competidores nessa disputa pelo posto de pontífice são o liberal Bellini (Stanley Tucci), que fala para todos que não quer o posto; o esconde jogo do Tremblay (John Lithgow), um alguém de muitas cartas na manga; Adeyemi (Lucian Msamati), que quer muito ser o primeiro Papa africano; e Tedesco (Sergio Castellito), um cardeal italiano dos mais tradicionais possíveis.

Reprodução: Conclave (2024)

Nesse jogo eleitoral que acontece entre as paredes da igreja, os desejos mais escusos dos homens que servem a Deus vêm a tona, sejam eles suas mentiras mais interiorizadas ou seus filhos mais bem escondidos. Ao invés de se deixarem guiar pelo Espírito Santo na hora de votar, os cardeais se deixarão levar por campanhas e palavras sobre o futuro?

Se analisarmos mais profundamente, percebemos uma claustrofobia na câmera do diretor que o tempo inteiro tem de se espremer pelo Vaticano ou se aproximar de Lawrence para mostrar os outros cardeais. Como se fosse uma ave de rapina que observa sua presa, procurando o melhor momento para terminar a breve vida do animal, esse pensamento fazendo par com o final do filme que se encerra com um bote fatal ao futuro da igreja católica e a consolidação do novo líder.

Reprodução: Conclave (2024)

O filme pode não ser o melhor na construção de uma teia de intrigas, focando em um conflito ou drama por vez e apresentando uma resolução rápida. Mas a atuação de Ralph Finnes como Lawrence sustenta todo o fio da trama, mostrando como é grande o peso de conduzir um conclave, uma responsabilidade que ele nunca esperou ter que assumir.

Isso ainda não impede dele estar crescendo com força nas categorias de roteiro nessa época de premiações, adaptado do livro de Robert Harris, o drama tem se consolidado como forte concorrente nessa temporada de 2025.

Confira o trailer do filme:

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