Ambientada na década de 70, a série de drama musical da Netflix, The Get Down, criada por Baz Luhrmann e Stephen Adly Guirgis e lançada em agosto de 2016, conta a história de Ezekiel Figuero (Justice Smith) – um adolescente com grande talento para poesia – e seus amigos e familiares que vivem no Bronx, bairro pobre de Nova York. A série de uma única temporada é dividida em duas partes: na primeira, conhecemos os sonhos e a vida cotidiana dos personagens e vemos eles dando os ponta-pés iniciais para suas carreiras saírem do papel; na segunda, o foco vai para as dificuldades que eles enfrentam no caminho.
Zeke, (como é chamado o protagonista na maior parte do tempo) quando ainda muito novo, perdeu seus pais para violência do Bronx, esta que serve de plano de fundo para toda a trama da série, ao longo do enredo traz elementos históricos e fictícios que influenciam nas trajetórias dos personagens. Uma das cenas mais famosas da série, que já circulou muito pelas redes sociais, é justamente uma em que o jovem recita uma poesia contando sobre sua tragédia familiar. Assim, o garoto usa o papel para transpor tudo que se passa, seja as dificuldades da vida humilde, seja seus sentimentos por Mylene (Herizen F. Guardiola), sua grande paixão que também quer ser cantora.
O ritmo do enredo engata quando surge Shaolin Fantastic (Shameik Moore), um grafiteiro muito conhecido na cidade que chama a atenção, por conta de seus grafites misteriosos, de Dizzee (Jaden Smith), aspirante na arte da pichação, e dos irmãos Boo-Boo (Tremaine Brown Jr.) e Ra-Ra (Skylan Brooks) – todos amigos de Ezekiel. Quando o destino cruza o caminho de Shaolin com o dos garotos, suas vidas mudam para sempre. Juntos, eles fazem de becos e prédios abandonados de Nova York grandes palcos para o que viria a ser o hip-hop.
Além disso, de forma muito orgânica, a série introduz problemáticas contemporâneas, como racismo, desigualdade social, questões LGBT+, violência, tráfico e uso de drogas, entre outras. Em um dos diálogos da trama, por exemplo, Ra Ra fala sobre apropriação cultural sem precisar usar essas palavras. O jovem, que na série mostra um incrível talento para business, diz que enxerga o get down – que na época era um movimento marginalizado – como o próximo grande gênero musical americano e que é preciso aproveitar enquanto for possível, antes que artistas brancos tomem o movimento para si e excluam os negros.
Infelizmente, a série foi cancelada logo após a primeira temporada, devido os altos custos de sua produção, deixando a todos com um gostinho de quero mais. No entanto, não é para desanimar! A série mesmo que com poucos episódios (11 no total), carrega um tom crítico em um enredo cativante, com uma fotografia incrível e muita música, que promete emocionar e te envolver com desafios enfrentados pelos The Get Down Brothers.