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TOP 5 Álbuns visuais

Engana-se quem acha que o único resultado da mistura entre cinema e música, são os queridos musicais.

Videoclipes produzidos por artistas para divulgarem seu trabalho é algo comum na indústria musical, essa técnica é adotada principalmente para uma divulgação maior da música escolhida pela equipe para ser single, sendo inclusive enviadas comercialmente para as rádios. O álbum visual, que trataremos no Top 5 de hoje, trata-se basicamente de uma fusão entre o mundo cinematográfico e a música.

Nesse tipo de trabalho não necessariamente todas as músicas tem uma divulgação de mesmo peso. De certo modo, podemos enxergar como uma forma do artista entregar uma ampla opção de singles, e a partir disso, o seu público tem a liberdade de escolher suas favoritas. Assim, naturalmente, entra em destaque aquelas que a maioria toma como favoritas e mais propensas a ter sucesso.

Artistas de todo o mundo tem apostado cada vez mais na produção de álbuns visuais, incluindo artistas brasileiros, o que nos rende ótimos conteúdos para apreciar e analisar. Se você gosta não só de cinema, mas também de música, é uma boa opção de entretenimento. Anota nossas indicações e vai lá se divertir!

LEMONADE (Beyoncé, 2016)

Reprodução: Youtube

Um dos nomes mais conhecidos por produzir não apenas um, mas vários álbuns visuais, certamente é a cantora internacional Beyoncé. E não por acaso, é ela quem abre nosso Top 5. Dentre as muitas opções na discografia da cantora, trazemos hoje o sexto álbum de estúdio, Lemonade, lançado em 23 de abril de 2016 pelas gravadoras Parkwood e Columbia. 

O conteúdo visual do Lemonade tem aproximadamente uma hora de duração, sendo 12 peças unidas que não são uma narrativa clara, mas que contam uma história. Tanto o álbum quanto os vídeos que o acompanha, são caracterizados por letras fortes e significativas, além do simbolismo e profundidade perceptível quando se é entendido a história contada por Beyoncé. O início se dá em uma suposta traição do marido da cantora, o rapper Jay Z, e mostra a experiência da mesma diante da situação. Ao contrário do que muitos esperavam, não se trata apenas sobre odiar o traidor e descontar sua frustração nas letras, mas sobre todo o processo de viver uma traição em um relacionamento. Ouvimos e vemos o momento da descoberta até a decisão final da cantora, decisão essa que vem de uma jornada de autodescoberta e de um maior entendimento do contexto que Beyoncé nos conta através de onze atos, caracterizados pelo sentimento que é retratado em cada um desses. 

O ponto crucial da obra que vale ficar atento, é a análise de Beyoncé sobre as estruturas racistas e como isso afetou diretamente não apenas seu relacionamento, mas como é algo comum em lares de famílias pretas, o que a mesma chama de ‘’maldição’’. A videografia em si é repleta de referências da cultura negra e traz consigo a valorização das mesmas, além de grandes nomes como Serena Williams, Zendaya, Amandla Stenberg, The Weeknd, Kendrick Lamar e outros. Com uma fotografia impecável, duras críticas ao racismo e um grito de orgulho negro, Lemonade garantiu a Beyoncé o Grammy de Best Urban Contemporary Album. 

K12 (Melanie Martinez, 2019)

Reprodução: Youtube

No dia 6 de setembro de 2019, a cantora Melanie Martinez lançou seu álbum K12, acompanhado de um filme disponibilizado gratuitamente no youtube. Além da atuação, o projeto tem Melanie como diretora e escritora. Segundo a própria, ao falar sobre o álbum, a principal prioridade seria uma mistura de terror e drama.

Conhecida por abordar assuntos sérios e pesados através da temática infantil, mais uma vez a artista utilizou essa dinâmica para se expressar, dessa vez, fazendo uma crítica social. Neste álbum visual, a artista apostou em um filme com mais de uma hora de duração e com muitos diálogos entre um videoclipe e outro. 

Lançado pela Atlantic Records, K12 dá continuidade a história da personagem Cry Baby, alter ego da cantora que tem sua infância explorada no primeiro álbum de estúdio. Vemos nessa nova narrativa, as adversidades que a personagem enfrenta ao chegar com uma nova turma na escola interna, onde encara os novos problemas que, com a idade, passa a enxergar na sociedade.

O álbum conta com 13 faixas que são distribuídas durante o longa metragem, nelas são abordadas, de forma direta ou indireta, questões como o bullying, a não aceitação do próprio corpo, exaustão mental e erotização de crianças e adolescentes. Mesmo com a temática infantil, Melanie consegue abordar ainda, assuntos cada vez mais urgentes, como autoritarismo, problemas na indústria musical, drogas, machismo, misoginia, transfobia, assédio e racismo. Mesmo com a fotografia em tons pastéis, é indiscutível que a mensagem a ser passada é bem mais profunda e séria, acima de qualquer coisa, a artista dá margem para discussões dos problemas no mundo.

SAVE ROCK AND ROLL (Fall Out Boy, 2014)

Reprodução: Youtube

A banda de pop punk, Fall Out Boy, entrou em hiatus em 2009, retornando cinco anos depois com o quinto álbum de estúdio, intitulado ‘’Save Rock and Roll’’. Lançado em 12 de abril pela gravadora Island Record, o álbum conta com onze faixas e um videoclipe para cada uma delas, que juntos formam o filme ‘’Save Rock and Roll – The Young Blood Chronicles’’.

Quase não há diálogos a não ser as músicas, o que não significa necessariamente que não há uma narrativa, pelo contrário, as músicas são reorganizadas na montagem do filme, justamente de forma que dê sentido e coesão. O álbum conta com participações especiais que estão inclusas no filme, são elas, Big Sean, Elton John, Foxes e Courtney Love. A história envolve os quatro músicos da banda que logo no primeiro videoclipe são sequestrados, a partir disso somos apresentados ao centro da história: o propósito de um grupo de mulheres de acabar com a música no mundo, e para isso, buscam todos os musicistas e instrumentos musicais do mundo para serem exterminados. Apesar da música tocada trazer certa descontração, algumas cenas podem incomodar por conter uma violência considerável,, então se for muito sensível ao conteúdo, assista com cuidado.

KISSES (Anitta, 2019)

Reprodução: Youtube

No cenário brasileiro, um dos álbuns visuais recentes lançado foi o Kisses, da cantora Anitta. O álbum conta com dez faixas e foi lançado em cinco de abril de 2019, pela Warner Music, sendo o quarto álbum de estúdio da brasileira. Diferente dos outros citados até aqui, os clipes não possuem qualquer relação entre si, não contam uma história ou possuem uma narrativa, e foi por muitos considerados apenas uma junção de canções prováveis a se tornarem hits. Ainda que seja, não há como negar que o projeto é um álbum visual, e que explora muito bem os elementos e as variaçõe entre as músicas. O álbum conta ainda com participações pra lá de variadas, mas certamente não aleatórias, de Snop Dogg á Caetano Veloso.

Observando a variação das faixas em três idiomas (inglês, português e espanhol), fica claro o intuito da cantora de se lançar na carreira internacional, fato que a mesma nunca escondeu do público. No Brasil, vemos uma tendência maior ao consumo de singles rápidos e comerciais, o que gera mais lucro aos artistas do que lançar um álbum inteiro. O lançamento de Kisses reforça a ideia desse desejo da cantora, já que em outros países, o álbum é o portfólio para se conhecer e entender o trabalho de um artista.

BLUESMAN (Baco Exu do Blues, 2018)

Reprodução: Youtube

Baco Exu do Blues é um cantor, compositor e rapper brasileiro que ficou conhecido em 2016 por criticar o cenário nacional do rap, reivindicando uma maior atenção para outros estados além de Rio de Janeiro e São Paulo. Com habilidade para abordar com metáforas temas como política, poder, amor, sexo e religião, não demorou a conseguir conquistar seu espaço.

Em 23 de novembro de 2018, o rapper lançou seu segundo álbum de estúdio, Bluesman, que conta com nove músicas. Além das faixas, um vídeo de pouco mais de oito minutos também foi disponibilizado no youtube, trazendo um discurso negro que mesmo com uma duração considerada curta, é capaz de fazer de forma eficiente, o espectador questionar as estruturas racistas da sociedade. Dirigido por Douglas Ratzlaff Bernardt, assim como álbum em si, o curta metragem traz de forma bela e poética a questão do racismo no Brasil, e com uma qualidade impecável. Não é difícil entender porque o projeto ganhou o Gran Prix (grande prêmio) do Cannes Lions – Festival Internacional de Criatividade, mostrando a eficiência e qualidade da música brasileira que por muitas vezes é desacreditada.

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