Devia ser umas quatro e meia de uma tarde bem mais ou menos, quando eu acordei, assustado e confuso. A primeira coisa que reparei foi o meu pescoço – duro feito pedra -, meu corpo doía como se tivesse levado uma surra durante o sono, balanço a cabeça negativamente: ”ai, de novo não”. Isso já foi o suficiente para me derrubar, mas não me surpreende, não é a primeira vez que isso acontece, e claro, só podia ser a ansiedade, mais uma vez dando o ar da graça. Sento na beirada da cama, com a cabeça baixa e digo a mim mesmo, enquanto meus olhos marejam, ”fica calmo, fica calmo, fica calmo…”. Nem preciso dizer que esse mantra foi um claro exemplo de psicologia reversa, não fiquei calmo. Olho pra frente por alguns segundos, depois olho para o meu travesseiro e penso que se voltasse a dormir a ansiedade iria embora, mas me lembrei de que antes do sono, do qual ainda estava acordando, já estava ansioso, ou seja, dormir não resolveria o problema. Não lembro direito o que eu fiz em seguida, mas de repente já estava na cozinha fazendo café, com aquele olhar de peixe morto, sabe?! Enchi minha caneca verde até a boca: um café forte e com pouco açúcar. De volta a meu quarto, sento em frente ao computador e começo a escrever esse texto, e por isso, infelizmente, não vou conseguir dar um fechamento a essa história. A ansiedade? Ainda está aqui, provavelmente, o café vai deixá-la ainda mais forte, mas cá entre nós, se eu estou aqui escrevendo é graças a ela, porque se estivesse calmo, não tinha nem acordado.