Natural de Raposo, Marcus Thulio viveu toda sua vida no pequeno distrito de Itaperuna, até decidir trocar as terras fluminenses pelas mineiras. O menino que queria ser biólogo quando pequeno, que se encantou e desencantou pelo direito na adolescência, que se formou técnico em administração e se apaixonou pelo marketing no processo, resolveu dar uma chance para um futuro no curso de Comunicação Social. Realizou sua vontade de sair de sua pequena cidade, para uma nem tão pequena assim. Viçosa nunca o assustou, a energia interiorana tornou a adaptação tranquila e simples.
Um menino criativo, Marcus, ao longo de sua vida, teve diversos hobbies passageiros como o de andar de skate, mas alguns permaneceram, como o violão que trouxe para Minas, o gosto por esportes que o fez jogar bola e entrar para a atlética da universidade, e as idas para a academia que com o tempo acabaram se tornando um costume. Mentes criativas requerem organização, tendo como uma de suas maiores qualidades, Thulio não deixa sua casa sem arrumar sua cama. Por mais que às vezes a sua vida e o quarto acabem bagunçados, sua certeza é de que o mais rápido possível tudo estará organizado novamente.
Com facilidade para fazer amizades, o fluminense, que na verdade é flamenguista, guarda com carinho memórias de sua infância no estado do Rio. Como a vez no ensino fundamental em que sua professora de português (que também era sua vizinha, vida de cidade pequena), levou a turma para um passeio. Durante o trajeto, ele e seus amigos subiram em uma pedra e ficaram brincando lá em cima, até o momento em que um dos meninos caiu diretamente na lama. A memória das risadas desse dia rapidamente são tomadas pela melancolia de um passado que não volta mais. O grupo de amigos que ria em cima da pedra já não é tão próximo assim, a vida adulta distanciou os meninos que agora são homens construindo seus futuros em rumos diferentes. Mas, uma coisa permanece, o carinho e apreço por essas amizades que fica perceptível em sua voz ao contar essa história e o qual faz questão de destacar. Para alguém que facilmente faz amigos, o mais importante são as pessoas.
Em Viçosa, Thulio encontrou amigos com os quais divide momentos rotineiros, seja na terça-feira jogando videogame no shopping, ou na casa dos amigos assistindo futebol. Momentos de rotina onde aos poucos a vida vai acontecendo e memórias importantes vão sendo criadas, e toda essa percepção acontece quando cercado pelos amigos, em um bar noturno, uma única música fica em sua cabeça. Ao som de Belchior, uma certeza tinha, presentemente Thulio pode se considerar um sujeito de sorte, porque apesar de muito moço, se sente tão salvo e forte.