É quinta-feira e estou no meu departamento quando surge a notícia, mais um colega com Covid. Agora são três, e mais a padeira, o meu psicólogo, o marido da empregada. São muitos. Inclusive meu marido, que está prostrado na cama, aguardando o resultado do teste.
A covid aparece novamente nas conversas do dia a dia, será que deveria ter sumido? Os autotestes somem da farmácia, será que funcionam? Nem a prisão do ex-ministro pastor retira da minha testa as rugas de preocupação.
Às vezes me pergunto se sobrou na face da terra algum outro ser que coloque tanto álcool na mão quanto eu. Eu duvido. Sou imunossuprimida, uma vozinha lá no fundo me avisa disso a cada vez que penso na covid. Felipe, covid positivo, covid, positivo. Estas palavras ficaram ressoando na minha cabeça o dia inteiro. Mas o que fazer? Parar de viver? Isolamento absoluto? Sinto aquela sensação que temos quando criança de torcida para que o tempo passe logo.
Tomara que desponte sexta-feira de uma vez. Negativo, positivo, covidado também? São 17h e no WhatsApp vem a notícia de mais um, a palestra da próxima semana está cancelada, motivo covid. Às 17h30 outro docente pede para avisar os alunos de seus fortes sintomas gripais. É nesta hora que decido escrever este texto. Afinal, se escrever não é a arma mais potente contra os meus fantasmas, pelo menos é a mais bonita.